Páginas

quinta-feira, 31 de março de 2016

Uma mulher de esquerda que resolveu pensar...




A entrevista de Luciana Genro, publicada dia 29/03 pela Folha de São Paulo (clique AQUI para ler na íntegra) tem despertado as mais irracionais críticas entre os esquerdopatas contra a sua pessoa. A quarta colocada nas eleições presidenciais de 2014, defensora de novas eleições, disse no rádio que:

"Os líderes do PT estão tentando convencer -e alguns setores foram convencidos- de que há uma ameaça à democracia, ao estado democrático de direito. Quando na realidade não é isso (...) Não estamos em uma situação de golpe que vai restringir as liberdades individuais, que vá censurar, que vá prender, que vá torturar. Há uma tentativa do governo se fortalecer apelando para esse espírito democrático das pessoas e esse medo" - (o destaque em negrito é meu)

Confesso que, ultimamente, estava difícil achar alguém disposto a pensar na esquerda brasileira. Um bando de pessoas que até então eu considerava como "intelectuais" passou a se limitar em dizer que "não vai ter golpe", defendendo um governo corrupto que, em diversos momentos, jogou contra os interesses dos trabalhadores, tendo lotado os ministérios de políticos fisiológicos e ainda usa desta estratégia para se segurar em Brasília por mais algumas semanas a fim de tentar conter o impeachment na Câmara. Obviamente comprando apoio com cargos.

Como eu havia colocado no artigo Como o PSOL e a REDE poderiam se posicionar?, do dia 28/03 (vale a pena repetir), um partido que surgiu para se opor aos erros cometidos pela gestão de Lula e fez uma forte oposição às diversas medidas tomadas pelos governos petistas, agora perde a chance de se referenciar como uma nova alternativa de esquerda no país por deixar de ir às ruas clamar por mudanças. E, ao defender o mandato da presidenta, os "socialistas da liberdade" acabam dando uma desnecessária sobrevida ao petismo/lulismo na política brasileira.

No entanto, a Luciana está salvando o PSOL ou, ao menos se salvando das trapalhadas do seu atual partido, caso eles não a entendam e resolvam expulsá-la de lá só porque se dispôs a pensar com sua própria cabeça indo contra a maioria. E, se bem analisarmos a situação do país, esse é o momento certo para as esquerdas não governistas enterrarem de vez o populismo lulista, o qual até hoje tanto tem travado o surgimento de novas alternativas a exemplo do partido da Luciana e da REDE de Marina Silva.

O fato é que a corrupção do PT não passa de um caso de polícia. Os caras assaltaram a PETROBRÁS, jogaram a nossa economia no chão e agora querem dizer que estão sendo vítimas de um "golpe" da direita. E, quanto ao pedido de impeachment, ontem os juristas Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal deram um show de bola na Câmara dos Deputados em termos de conhecimento e de argumentação. Abordaram a questão com a devida propriedade pois demonstraram com clareza os pontos de identificação da denúncia por eles apresentada com os problemas enfrentados pelas camadas menos favorecidas da sociedade que foram vitimadas pelas consequências das "pedaladas fiscais" cometidas por Dilma.

Voltando ao que Luciana colocou em sua entrevista, também gostei de sua visão mais racional sobre o juiz Sérgio Moro. Para ela, o magistrado "não é um fascista como alguns líderes do PT dizem", dando a entender que tudo não passa de uma estratégia dos políticos corruptos para abafarem a Lava Jato. Ou seja, não tem essa de que as legítimas investigações sejam um "golpe do Judiciário" ou mesmo da Polícia Federal.

Dando uma boa alfinetada em Lula, ela considerou o ex-presidente um "indefensável" justificando que:

"Não só pelo fato de que possa estar diretamente envolvido em corrupção, mas porque ele está diretamente comprometido com os interesses das empreiteiras... Ele [Lula] traiu os interesses do povo quando se aliou com esses megaempresários que saquearam os cofres públicos superfaturando obras e enriquecendo também políticos ligados ao PT, ao PP, ao PMDB, a todos esses partidos" - destaquei

É quase impossível que, nesta década, o PSOL consiga chegar na Presidência da República ou pelo menos vá para o segundo turno em 2018. E não vão avançar muito se continuarem defendendo o mandato tampão de Dilma e aí, por causa dos radicalismo de seus pares, que já lhe contestaram (ler AQUI sobre a resposta), acho que Luciana pode acabar caindo na REDE da Marina, indo para um partido onde, quem sabe, terá mais chances de, primeiramente, virar prefeita de Porto Alegre ou quiçá governar o Rio Grande do Sul. 

Vamos aguardar! Discordo de muitos pontos de vista dela sobre a área econômica, mas agora me sinto confiante quanto à sua evolução. Para o momento, contento-me com suas sábias colocações e espero que "direita" e "esquerda" possam se unir mais contra a corrupção e gritarem nas ruas: "Fora PT e leve a Dilma com você"!


OBS: A foto acima foi extraída de uma página da EBC tratando-se de uma imagem de arquivo sobre a convenção do PSOL conforme consta em http://www.ebc.com.br/sites/_portalebc2014/files/atoms_image/920202-convencao_psol_abr6775.jpg

8 comentários:

  1. Assim como Luciana, Marina e outras grandes lideranças nacionais, também sou defensor de novas eleições por considerar uma alternativa bem melhor do que o processo impeachment porque daria ao povo o direito de decidir tudo agora.

    Contudo, se fosse deputado federal e tivesse que dar meu voto sobre o impedimento da presidente, seria a favor mesmo não querendo ver o PMDB do Michel Temer governando o país e considerando boa parte dos parlamentares em Brasília um bando de picaretas. Sei o quanto essa corja está cheia de "pecado" para lançar a primeira pedra. Porém, a denúncia apresentada pelos juristas Miguel Reale Júnior e Hélio Bicudo, assinada também pela dra. Janaína Paschoal, tem fundamentos que me convencem da procedência do pedido.

    Só espero que antes da votação do impeachment, o TSE resolva cassar os votos da chapa Dilma/Temer, o que levaria o país a ter novas eleições ainda neste ano. É o que salvaria o Brasil trazendo paz social mesmo que tenhamos pela frente o difícil desafio de estabilizar a economia.

    É como penso livremente por mais que vários companheiros meus de militância política critiquem por que não defendo uma prisão do Lula ou o impeachment já atacando o jogo sujo do vice do PMDB. Mas prefiro pagar o preço dessa liberdade de pensamento.

    ResponderExcluir
  2. Também sou favorável a novas eleições, desde que haja condições técnicas de AUDITAGEM:
    www.vocefiscal.org
    ASOV-Aposentado Solte o Verbo!

    ResponderExcluir
  3. XV Simpósio Brasileiro em Segurança da Informação e de Sistemas Computacionais
    09 A 12 DE NOVEMBRO | FLORIANÓPOLIS/SC
    Mensagem da Coordenação do WTE

    A segunda edição do Workshop de Tecnologia Eleitoral (WTE), como evento satélite do XIV Simpósio Brasileiro de Segurança da Informação e de Sistemas Computacionais (SBSeg 2015), tem como objetivo principal fomentar a pesquisa em tecnologia eleitoral, na tentativa de reaproximar a academia das questões ligadas ao voto eletrônico. Mesmo realizando eleições puramente eletrônicas desde 1996 (e integralmente desde 2000), a participação do meio acadêmico ainda tem sido pouco expressiva. Do ponto de vista de segurança e transparência, o problema se torna crítico após sucessivas manifestações da comunidade científica brasileira na direção de apontar problemas intrínsecos no modelo de votação eletrônica utilizado no Brasil. Desta forma, fornecer um fórum para discussão técnica, apresentação de artigos e contato com trabalhos de excelência internacional pode contribuir para o treinamento de estudantes, pesquisadores e profissionais na área.

    Para esta edição, decidiu-se por manter o formato de evento curto com organização simples, com programa formado pela apresentação de artigos científicos, apresentações de trabalhos em curso por membros do Comitê de Programa e uma palestra convidada ministrada por pesquisador internacional. Foram recebidas e revisadas 2 submissões em caráter anônimo, sendo aceita para publicação apenas a submissão melhor avaliada. A palestra internacional, ministrada por Iván Ariel Barrera Oro, trata da análise de segurança do sistema de votação eletrônica utilizado na Argentina.

    A coordenação do evento agradece em especial ao Comitê de Programa, formado pelos professores Mario Gazziro (UFABC), Ruy J. Guerra B. de Queiroz (UFPE) e Roberto Samarone Araújo (UFPA); que auxiliou na avaliação dos artigos submetidos e contribuiu com a composição do programa com palestras sobre seus trabalhos em curso. Espera-se que o workshop venha desempenhar papel importante do ponto de vista científico, na forma de apresentação de trabalhos acadêmicos; mas também contribua para um amadurecimento na discussão em torno de tecnologia eleitoral utilizada no país, estabelecendo bases mais sólidas para sua avaliação.

    Diego F. Aranha, UNICAMP
    Jeroen van de Graaf, UFMG
    Coordenadores do WTE

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Celso.

      Penso que ser contra a votação eletrônica só se justifica se, de fato, a Justiça Eleitoral age de maneira conspiratória mudando os resultados. E isto acho bem difícil, além de ser algo rampeiro. Porém, se a fraude existe, ela é bem inteligente, não acha?

      Por outro lado, entendo que a contagem manual dos votos requer mais controle do que na via eletrônica. Você pode desconhecer tudo o que se passa no programa do TSE, mas fica muito mais desgastante controlar a apuração de algo que nem é assinado - a cédula. E quantos daqueles papeizinhos não podem ser acrescentados numa urna ou substituídos por outros fora das vistas de quem fiscaliza?

      Sei que também na votação eletrônica há mesários que votam pelos idosos que não comparecem já que pra estes é facultativo. Porém, alguém precisa fraudar a assinatura do velhinho e torcer para não auditarem.

      Mas vamos em frente! Sem abrir mão da tecnologia, devemos pensar em maneiras de se aprimorar o controle sem que o voto deixe de ser secreto no Brasil, uma das garantias contra a pratica do cabresto eleitoral.

      Excluir
  4. Luciana está vendo o óbvio: que Temer é uma temeridade, e tem tudo para se dar mal. Ela vislumbra o TSE cassando a chapa PT-PMDB em um segundo round. (rsrs)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Por Falar em segundo round no TSE, acessem o link abaixo:

      http://fernandorodrigues.blogosfera.uol.com.br/2016/03/31/processo-contra-chapa-dilma-temer-na-justica-eleitoral-vai-avancar/

      Excluir
    2. Ela não é boba, Levi. O partido de Luciana pode ter dado uma terrível mancada histórica, mas a mulher está vendo lá na frente como as coisas deverão se arrumar.

      Fico feliz com a notícia de o Gilmar está botando o processo na Justiça Eleitoral pra andar. É a melhor alternativa para que haja uma pacificação, ainda que não garanta um cenário favorável porque a economia precisará ser estabilizada com quem assumir esse país no lugar da Dilma.

      Por outro lado, estou achando que essa anulação da chapa funcionaria mais como uma espécie de plano B contra a cfrise política, caso o país se torne um caos depois do impeachment. Eu, porém, gostaria que tivéssemos novas eleições o quanto antes.

      Excluir
    3. Verdade é que, se numa campanha política, as doações ilegais influenciaram o resultado, os votos da chapa devem ser invalidados e serem determinadas novas eleições. E, mesmo que o vice não tenha participado dos esquemas (ou se omitido), ele foi beneficiado. Logo, ambos devem cair.

      Dificilmente cassariam apenas a presidente deixando o vice assumir. Como coloquei, deverão usar essa ação como uma espécie de plano B mesmo.

      Excluir