Páginas

segunda-feira, 28 de março de 2016

Como o PSOL e a REDE poderiam se posicionar?




Na edição do dia 22 de seu informativo, o cientista político e ex-prefeito da cidade do Rio de Janeiro, dr. César Maia, fez algumas críticas quanto aos posicionamentos do PSOL e da REDE da Marina Silva em seu artigo, expondo as seguintes considerações:

"(...) O PSOL já decidiu votar contra o impeachment de Dilma. Seu candidato a prefeito do Rio, deputado Freixo, foi à manifestação de sexta-feira e falou ao Globo que havia um quadro de “golpe de estado sendo dado pelo judiciário que era até mais corrupto que o legislativo e o executivo”. 
       
A REDE de Marina quer derrubar Dilma, mas desde que haja uma nova eleição. Deputado Molon, candidato a prefeito do Rio, declarou que vota contra o impeachment. Coordenadores da REDE dizem que só aceitam o impeachment de Dilma se houver nova eleição. Mas o Congresso, decidindo o impeachment de Dilma, empossa Michel Temer. Ou seja, sendo assim, a REDE de Marina e Molon está contra o impeachment pelo Congresso (...)" 

(reprodução dos itens dois e três do artigo IMPEACHMENT DE DILMA: REDE, PSOL, MOLON E FREIXO SÃO CONTRA! COM PT, QUEREM DE VOLTA A PEC-37! do informativo Ex-Blog do César Maia; clique AQUI para ler o texto na íntegra)

De acordo com o autor, as decisões do PSOL e da REDE, ao votarem contra o impeachment, "vão correr pelas redes e afetar suas pretensões eleitorais", podendo afetar o desempenho de Molon e de Freixo nas majoritárias este ano do Município do Rio de Janeiro, além da candidatura de Marina Silva em 2018.

A meu ver, o PSOL tem se equivocado ao fazer o coro com o PT de que o impeachment seja "golpe". Um partido que surgiu para se opor aos erros cometidos pela gestão de Lula e fez uma forte oposição às diversas medidas tomadas pelos governos petistas, agora perde a chance de se referenciar como uma nova alternativa de esquerda no país por deixar de ir às ruas clamar por mudanças. E, ao defender o mandato da presidenta, os "socialistas da liberdade" acabam dando uma desnecessária sobrevida ao petismo/lulismo na política brasileira.

Mas quanto à REDE, a ideia de apoiar novas eleições (o que dependeria do julgamento procedente da ação movida pelo PSDB perante o TSE) certamente é a melhor tese para o país. Só que seria equivocado posicionar-se desde logo contra o impeachment já que a denúncia apresentada pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Jr. são constitucionalmente legítimas em nada violando a democracia brasileira.

Penso que ambos os partidos poderiam considerar que, apesar da viabilidade e dos fundamentos do pedido de impeachment, há uma melhor solução que seria a Justiça Eleitoral anular os votos da chapa Dilma/Temer e determinar que ainda em 2016 seja realizada uma nova disputa eleitoral. Pois, neste caso, o desgaste político seria bem menor e todos os pré-candidatos poderiam disputar a cadeira número um do país, inclusive o Lula. Com isso, o povo se tornaria o verdadeiro juiz dos últimos acontecimentos, podendo condenar nas urnas o inegável estelionato eleitoral cometido pelo PT quando a presidenta prometeu umas coisas e, antes mesmo de chegar 2015, fez outras.

Por outro lado, verifico que tanto o PSOL como a REDE estão corretos ao pedirem reiteradamente a saída de Eduardo Cunha da Presidência da Câmara. Nisto, andam apostando bem ao anteverem desde agora as contradições do triunfalismo pró-impeachment já que muita gente da oposição está se sujando com as investigações da Lava Jato. Aliás, se recordarmos um pouco da nossa recente História pós-regime militar, lembraremos que um dos homens que conduziu o impeachment de Fernando Collor, o então deputado gaúcho Ibsen Pinheiro, teve em 1994 o seu mandato cassado pela CPI que investigou as irregularidades no Orçamento da União (o escândalo dos Anões do Orçamento), sendo condenado a ficar afastado da vida pública por oito anos.

Considero que dentre as principais lideranças nacionais, Cristovam Buarque vem se apresentando como um dos caras mais sensatos, visto que o senador defende uma "saída negociada" para o impasse que se criou em torno da legitimidade ou não do mandato da presidente Dilma Rousseff. Para ele, o ideal seria "que não nos debrucemos a favor ou contra o impeachment apenas, mas também como superar este momento", ressaltando que o Congresso não está discutindo como será o nosso day after independente de quem estará na Presidência da República.

Nesta semana em que o PMDB deve confirmar de vez o seu desembarque do (des)governo Dilma, tornando a vida do impeachment quase inevitável, ainda assim nunca podemos perder a cautela. Em todos os momentos, o político de bom senso precisa defender o que é justo, exigir que as medidas corretas se apliquem a todos e ter olhos de um estadista procurando analisar como as coisas vão se desenhar além da linha do horizonte. E, nessa hora difícil, os grupos mais progressistas poderiam estar liderando um amplo debate nacional evitando ao máximo a polarização a fim de que possa surgir uma eclética terceira via no país.

Nenhum comentário:

Postar um comentário