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terça-feira, 4 de junho de 2013

Que tal termos uma grande rota turística percorrendo toda a Serra do Mar?




A Serra do Mar é uma extensa cadeia de montanhas do relevo do país que tem cerca de 1.500 quilômetros e vai de Santa Catarina até o estado do Rio de Janeiro, acompanhando um considerável trecho do nosso litoral (daí a explicação do seu nome). Possui cenários belíssimos e picos que ultrapassam a marca dos dois mil metros de altitude estando o seu ponto culminante entre os municípios fluminenses de Teresópolis e Nova Friburgo - o maior dos Três Picos de Salinas com 2.316 metros.

Boa parte da Mata Atlântica preservada encontra-se na Serra do Mar, juntamente com inúmeras nascentes de águas cristalinas, além dos últimos representantes da fauna e da flora desse tão agredido ecossistema hoje reduzido a menos de 10% da sua cobertura original. Isto porque as terras mais altas e de difícil acesso não foram tão degradadas pela ocupação humana no decorrer da História como ocorreu com as planícies. Aliás, não é por menos que nela existam várias unidades de conservação da natureza federais, estaduais e municipais, dentre as quais temos os parques, as reservas, as áreas de proteção ambiental e as propriedades privadas comprometidas com a preservação do meio natural que são as RPPNs. E, segundo a Constituição brasileira, essas montanhas cheias de verde são reconhecidas como "patrimônio nacional" (art. 225, § 4º).

Ao mesmo tempo em que a Serra do Mar desperta o interesse ecológico, ela atrai também um público desejoso de melhor conhecê-la. E aí entra o ecoturismo como um poderoso instrumento de desenvolvimento sustentável preconizado pela Agenda 21, o que inclui a prática de atividades de lazer, de esporte e de educação ambiental em áreas naturais, além do simples ato de contemplar as belezas criadas por Deus - o turismo de observação. Esta é a modalidade turística que produz o mínimo de impacto possível e contribui para a conscientização das pessoas, sendo, no caso das caminhadas, acessível para todas as idades independentemente da condição econômica do participante.

Neste sentido, quero apresentar aqui a minha sugestão para que seja criada uma rota oficial atravessando a Serra do Mar de norte a sul, dando acesso às principais unidades de conservação nela situadas. Sem precisar fazer escaladas ou levar consigo qualquer instrumento de orientação, o caminhante teria a oportunidade de transitar seguramente por uma via bem monitorada, sinalizada e que receberia periódica manutenção. Encontraria frequentemente pelo roteiro locais próprios para hospedar-se, acampar, fazer suas refeições, comprar mantimentos, tomar banho e se abastecer com água corrente potável.

Embora uma rota assim importe em alguns riscos porque, na hipótese de abandono, viraria uma via de acesso para caçadores, palmiteiros e bandidos, em minha proposta ela seria constantemente monitorada e fiscalizada através de agentes públicos. Para arrecadar recursos financeiros que ajudem na sua manutenção, eis que seriam criados postos de pedágio com preços bem módicos a cada trinta quilômetros, tipo um real por pessoa, juntamente a cobrança anual pela permissão de atividade dos estabelecimentos empresariais. E, devido à importância que teria, o recebimento de verbas públicas se tornaria plenamente justificável.

Sabe-se que, atualmente, o turismo movimenta no mundo trilhões de dólares. Calcula-se que mais de 180 milhões de pessoas vivam direta ou indiretamente dessa admirável indústria sem chaminés, valendo ressaltar que o segmento do ecoturismo tem crescido muito nos últimos anos. Contudo, o Brasil, com todo o seu potencial natural, mantém-se adormecido em berço esplêndido por não saber ainda explorar adequadamente os valiosos recursos que tem. Enquanto a Espanha fatura uma grana bem alta dos peregrinos que para lá viajam afim de percorrerem a pé os Caminhos de Santiago de Compostela, patrimônio mundial tombado pela UNESCO, não temos nenhuma grande rota que proporcione ao visitante ter contato com o que há de melhor nesta terra: a exuberante natureza.

Considerando a aproximação dos grandes eventos, este seria o momento mais oportuno para o Brasil abraçar um projeto assim. E a criação do roteiro, o qual sugiro chamarmos de Caminhos do Curupira, não seria algo tão moroso ou de alto custo (Dilma não gastaria nem um centésimo da reforma do Maracanã) porque buscaríamos aproveitar as estradas, as trilhas e as servidões já existentes dentro e fora dos parques ecológicos. Caberia assim ao Poder Público fazer o mapeamento, dar definição ao trajeto, construir uma estrutura mínima, disponibilizar funcionários, mobilizar os municípios envolvidos e divulgar na mídia. Rapidamente receberíamos visitantes vindos dos quatro cantos do planeta afim de descobrirem as maravilhas dessa encantadora terra. A hora é essa!


OBS: Imagem extraída de uma página oficial do governo do Estado de São Paulo.

2 comentários:

  1. Rodrigão, por que você não manda a proposta para o governo?

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    1. Olá, Guiomar!

      Bom dia!

      No mesmo dia em que publiquei esta postagem, comecei a enviar mensagens para o governo federal. Utilizei o formulário "fale com a presidenta", mandei e-mails para o CONAMA, para o gabinete da ministra de meio ambiente e para o presidente da EMBRATUR, visto não ter conseguido obter o endereço eletrônico do Ministério do Turismo cuja página não abriu. Ainda assim, tenho dúvidas se vão analisar satisfatoriamente a minha proposta de modo que eu precisava ter alguém com maiores "conhecimentos" lá no Planalto. Isto porque esses canais de comunicação acabam tratando bem massificada e burrocraticamente as manifestações dos cidadãos brasileiros.

      Mas agradeço por sua mensagem. O que você propôs é o que eu mais quero neste momento. Quero ter a oportunidade de apresentar melhor ao governo a minha ideia.

      Abraços.

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