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domingo, 11 de fevereiro de 2018

A questão dos assédios no Carnaval



Um tema que tem sido muito debatido nessa época festiva diz respeito aos assédios dos quais muitas mulheres se queixam, havendo hoje um forte movimento feminista a respeito. Tão importante quanto os governos alertarem à população sobre a necessidade das pessoas fazerem sexo seguro e de moderação no consumo de álcool, é conscientizar os foliões acerca da liberdade sexual alheia.

Inegável é que, durante o Carnaval, tornam-se frequentes tanto os registros de violência doméstica, envolvendo brigas conjugais, quanto os relacionados aos assédios. Durante os quatro dias de Carnaval de 2017, as denúncias de violência sexual contra as mulheres subiram quase 90% em todo o país!

Além das mulheres, sofrem também os LGBTs já que nem sempre há um total respeito pelas minorias sexuais. E, em matéria de homofobia, diga-se de passagem, que o Brasil é um dos campeões desse ranking vergonhoso, sendo um dos países que mais agride gays, o que acaba se manifestando numa maior proporção durante os tenebrosos dias de Carnaval.

Certamente que esses acontecimentos lamentáveis têm a sua origem na cultura machista ainda dominante na educação familiar de muitos rapazes que, por sua vez, é truculenta, intolerante e preconceituosa. Por mais que a mídia e alguns professores tentem passar novos conceitos, os pais pouco ensinam os filhos a respeitar a vontade da mulher e a conviverem com quem é diferente deles.

Neste sentido, há que se ampliar campanhas como Não é não que a TV tem facilitado a sua divulgação, as quais propõem uma reprovação da sociedade diante de condutas onde o homem começa a incomodar a mulher tentando, por exemplo, forçar um beijo, segurá-la ou passar a mão em seu corpo, o que já configura assédio. Pois, a partir daí, torna-se cabível a Polícia e as pessoas próximas intervirem em defesa da vítima a fim de que o agente cesse de imediato a sua atitude inconveniente e abusiva.

Vale lembrar que, recentemente, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) também se manifestou acerca do tema. Na semana passada, o órgão lançou uma campanha sobre direitos e deveres do folião nas redes sociais com a hashtag #carnavalmaisjusto em que cada dia será dedicado a um tema: do assédio sexual à importância do uso de camisinha e os cuidados com a criança. E, em primeira postagem, o CNJ faz um alerta especial às mulheres com esta orientação: 

"É sempre bom lembrar que depois do 'NÃO' é tudo assédio! E não se esqueça: em qualquer situação de violência contra a mulher, disque 180".


Apesar das condutas de assédio, em diversos casos, caracterizarem crime, considero muito mais importante que se invista na conscientização da sociedade em geral. Daí fazermos com que o agressor consiga repensar as suas atitudes e valores terá efeitos muito mais eficazes do que uma atuação estatal repressiva. Esta precisa existir, porém nunca separada de uma abordagem pedagógica e que também dê um apoio correto à vítima, sem culpá-la de qualquer ato provocador.

Que tenhamos um Carnaval mais justo em 2018!

OBS: Imagens acima atribuídas á Agência CNJ, conforme extraído das redes sociais de internet em https://www.facebook.com/cnj.oficial/ 

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