Páginas

domingo, 26 de junho de 2016

Não podemos esquecer das festas caipiras!




No começo da tarde deste domingo (26/06), ao caminhar pelas ruas quase vazias de Muriqui, senti falta de algo que, nos meus saudosos tempos de infância, ocorria com maior frequência. Eram as festas juninas (ou festas caipiras) que, nesta época, bombavam em todo o país, tanto em escolas como nas comunidades, onde os próprios moradores, em colaboração com o Poder Público, tratavam de enfeitar os logradouros das cidades com bandeirinhas para tudo quanto era lado.

É certo que muita coisa mudou no Brasil do começo dos anos 80 para cá. A violência aumentou nas áreas urbanas, a religião católica já não é mais a predominante em muitos lugares (apesar de ser ainda a mais numerosa das igrejas cristãs em quase toda a cidade), a taxa de natalidade caiu a ponto de nos tornarmos um país velho, passou a haver um rigor mais severo quanto à soltura de balões e, no momento, vivemos uma crise econômica de apertar todo mundo. Só que, mesmo assim, Mangaratiba e outros municípios do Sudeste brasileiro estão perdendo uma ótima chance de atrair turistas agora no auge do inverno (ler o artigo Oportunidades com a baixa temporada, publicado em 14/02 do corrente ano no blogue Propostas para uma Mangaratiba melhor).

Apesar dos investimentos da Prefeitura local no chamado "Circuito do Forro", previsto para acontecer cá em Muriqui, entre os dias 15 a 17 de julho (clique AQUI para conhecer o cronograma), é necessário que toda a comunidade se envolva com o evento, independentemente das divergências políticas. Aliás, todas as atividades relacionadas ao São João, sejam elas contempladas ou não com recursos oficiais, precisam constar no calendário turístico-cultural de cada Município! Por exemplo, se um clube, uma associação de moradores, ou uma paróquia, resolve promover algo aberto ao público, caberia ao órgão competente divulgar por motivo de evidente interesse público no incentivo ao turismo.

Fora isso, a própria sociedade precisa ter um pouco mais de ânimo e se organizar melhor para as comemorações dessa época. Logo, poderiam as prefeituras enfeitar as praças e os logradouros mais estratégicos das cidades, mantendo os ornamentos até o mês de agosto, enquanto os moradores cuidariam de suas respectivas ruas, como alguns ainda fazem na época natalícia. Pois, se pensarmos bem, o que custa alguém tirar uns trocadinhos do bolso e arrumar um tempinho extra para cortar as bandeirinhas chamando seus vizinhos para ajudar? Será que nos tornaremos pessoas incultas se ficarmos umas horinhas a menos conectados nas escravizantes redes sociais da internet?!

Outro detalhe importante a ser colocado é que hoje as festas juninas encontram-se bem secularizadas de modo que nem todos os eventos podem ser considerados como religiosos. Com isso, nada impede que uma igreja evangélica, por exemplo, tenha a sua festa caipira com barraquinhas, comidas típicas e programações para o público infantil, sem que precise haver uma veneração dos santos católicos (ler o artigo O que penso sobre as festas juninas, publicado por mim dia 02/07/2014 no blogue da Confraria dos Pensadores Fora da Gaiola). 

Finalmente, não acho que o envelhecimento da nossa população deva ser motivo para nos empobrecermos culturalmente a ponto da sociedade praticamente abandonar as festas caipiras. Conforme consta na foto acima, eis que, há quase dois anos atrás, o grupo de Convivência da Terceira Idade de Muriqui organizou o  "Arraiá do Zé Paçoca", com muita animação, dança, música e comidas típicas desta época, tendo como principal objetivo levar a comunidade para compartilhar um raro momento saudável de descontração. Ou seja, foram nossos "velhinhos" que deram o bom exemplo.

Assim, deixo aqui a minha sugestão para que possamos aquecer as tardes e noites deste inverno de 2016, mantendo viva uma tradição cultural que nos foi legada há séculos pelos portugueses. Algo que precisamos nos esforçar só um pouquinho para preservarmos, deixando registrado na memória de nossos filhos, netos e bisnetos o que, no passado, vivemos com bastante sabor.


OBS: Artigo originalmente postado no blogue Propostas para uma Mangaratiba melhor, sendo que a foto acima eu a extraí de uma notícia publicada no site da Prefeitura Municipal de Mangaratiba sobre o mencionado evento que foi organizado pelo grupo de Convivência da Terceira Idade no dia 26/07/2014, conforme consta em http://www.mangaratiba.rj.gov.br/portal/destaques/festa-caipira-em-muriqui.html

Um comentário:

  1. Gostei. Quando criança fazia bandeirinha e mesmo depois dancei quadrilha na minha rua. Eram bons tempos. Naquela época, as pessoas brincavam juntas.

    ResponderExcluir