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segunda-feira, 14 de março de 2016

A maior manifestação cívica do Brasil de todos os tempos!




Pode-se dizer que a data de 13 de março de 2016 tornou-se histórica para o nosso País tendo em vista o expressivo número de pessoas que foram às ruas ontem protestar em centenas de cidades mais aquelas que demonstraram apoio sem sair de casa por meio das redes sociais.

A alta adesão, além de afastar a ideia de que o Brasil esteja dividido (se foi assim nas eleições de 2014, não mais), comprova também que a nossa população exige mudanças significativas, quer seja quanto ao governo Dilma ou em relação à corrupção na política em geral. Apoiando a brilhante atuação do juiz Sérgio Moro, juntamente com as valorosas instituições do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, os manifestantes souberam expor o descontentamento social existente contra tantos escândalos de corrupção continuamente noticiados nos jornais.

"O povo não aguenta mais!", disse uma mulher ontem entrevistada pela TV. Aliás, foi esse o recado das ruas que agora tornou-se mais claro e objetivo do que em março de 2015. Pois, se no ano passado, ainda havia uma mistura de pautas, com gente chegando a defender coisas esdrúxulas jamais autorizadas pelo nosso Ordenamento Jurídico, tipo "intervenção militar constitucional", ideias extremistas não tiveram destaque no último domingo.

Entretanto, a grande indecisão hoje versa sobre qual o rumo a ser tomado em que as opiniões basicamente dividem-se em: (i) impeachment da presidente; (ii) cassação do mandato pela Justiça Eleitoral; e (iii) maior pressão pela renúncia. Muitos querem que o Congresso afaste Dilma, mas pairam dúvidas sobre a idoneidade do vice Michel Temer, bem como dos respectivos presidentes de cada uma das nossas duas casas legislativas.

Como já coloquei em mensagens recentemente publicadas neste blogue, a melhor opção política para o Brasil seria o TSE cassar os votos da chapa Dilma/Temer, obrigando a realização de novas eleições presidenciais ainda em 2016. Só que, para isto, a Justiça Eleitoral precisaria antecipar a sua sessão de julgamento já que não podemos aguardar até o segundo semestre pela decisão dos seus ministros.

Para muitos defensores do governo,  as manifestações desse domingão teriam sido um ato feito por "coxinhas de direita" querendo o poder político e apoiados por uma classe média que sonha com a volta de um Brasil aristocrático dos tempos da escravidão. Chegaram a divulgar amplamente no Facebook a foto de uma babá empurrando o carrinho de bebê de um casal que tinha saído às ruas contra a corrupção. Mas o fato é que os protestos de ontem vão muito além do anti-PT, do fora Dilma ou do pedido de prisão do ex-presidente Lula. Pois, se pararmos para pensar, sobrou até para o senador tucano Aécio Neves que, na companhia do seu colega de partido, o governador Geraldo Alckmin, foi chamado de "oportunista" pelos manifestantes em São Paulo.

Assim, esteja a oposição incentivando o descontentamento das massas, ela não pode se esquecer jamais de que o movimento é capaz de se voltar contra ela também nos estados e municípios que administra como se viu em junho de 2013. Pois, em meio a essas incertezas, verifica-se um esgotamento dos grupos políticos tradicionais com a oportunização de lideranças radicais a exemplo do crescimento republicano Donald Trump nos Estados Unidos que teria na figura de Jair Bolsonaro um correspondente. E isso é o que não se espera...

Mais do que nunca, nossas autoridades precisam dar ouvidos ao recado vindo das ruas. E, se falta bom senso à mandatária por recusar-se a renunciar, que nesta semana os nossos deputados levem adiante o caso de Eduardo Cunha pelo Conselho de Ética da Câmara e o TSE não permaneça tão moroso no julgamento da chapa Dilma/Temer a fim de que sejam determinadas novas eleições presidenciais logo para outubro juntamente com as municipais.

É o que nós brasileiros de bem esperamos!




OBS: Imagens acima referentes ao protesto de 13/03 na Praia de Copacabana, no Rio, as quais foram extraídas de uma página de notícias do portal da EBC, conforme consta em http://www.ebc.com.br/noticias/2016/03/confira-imagens-das-manifestacoes-de-13/03-pelo-brasil

5 comentários:

  1. Deu na Folha: 'Ladrão. Você também é ladrão. Você sabe que também é ladrão', disse um rapaz, enquanto Aécio lhe apertava a mão.
    Aécio recuou, conversou com Alckmin e decidiu ir embora, em meio a aplausos e gritos de 'fora'.
    Em nota, o PSDB disse estar 'satisfeito' com a recepção dos manifestantes na avenida Paulista e afirmou que não estavam previstos discursos de Alckmin, Aécio, Aloysio Nunes e dos demais políticos do partido."

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    1. Bom dia, Lacerda.

      Foi lamentável a atitude radical e impensada desses manifestantes que trataram tão mal o senador que viera de Minas para juntar-se aos paulistas na luta contra a corrupção.

      Ainda assim, qualquer partido deve ficar satisfeito com o resultado e saber compreender o sentimento de indignação que a população brasileira acumula hoje tendo em vista tantos escândalos frequentemente noticiados e uma vida ainda bem insatisfatória no que diz respeito aos direitos sociais, sobretudo saúde, transportes, educação e segurança.

      Mas se a classe política brasileira tiver ainda um pingo de bom senso, trabalhará unida para que não cheguemos a um quadro de anomia e aí reside a maestria nos posicionamentos públicos porque nem tudo quanto pensamos precisa ser colocado pra geral já que existem más interpretações dos receptores da informação e dos adversários eleitorais.

      Dentre os tucanos principais, o que mais admiro e considero preparado para a Presidência seria o Serra. E acho que, se o PSDB voltar será uma bênção para o Brasil devido à alternância de poder e o resgate dos partidos tradicionais da nossa política.

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  2. Informações do Datafolha que o César Maia divulgou na edição de hoje do seu informativo:

    DATAFOLHA E O PERFIL DOS MANIFESTANTES DOMINGO (13) EM SÃO PAULO!

    40% tem 51 anos ou mais / 33% tem entre 36 e 50 anos / 19% entre 26 e 31 anos / 5% entre 21 e 25 anos / 4% entre 12 e 20 anos. Ons. Nas Diretas Já 40% tinham 18 anos ou mais.

    PSDB era o partido preferido na manifestação de 2015 por 37%. Agora 21%. Queda de 16 pontos.

    Renda até 3 salários mínimos 14% / entre 3 e 5 salários mínimos 17% / 5 a 10 salários mínimos 26% / 10 a 20 salários mínimos 24% / Mais de 20 salários mínimos 13%.

    94% não participam de nenhum grupo que promoveu o ato.

    17% acham que Dilma não será afastada.

    57% homens e 43% mulheres.

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  3. Apesar dos metros a direita Rodrigo, eu sou a favor da cassação da chapa e só não fui pras ruas no domingo pois discordo veementemente da ideia do impeachment.
    Acho que o impeachment - colocando Michel temer na presidência e Eduardo cunha como vice - seria mais danoso politicamente do que a manutenção da Dilma (não sei, páreo duro) Mas apoio a cassação.
    "Tira todo mundo e faz de novo" rs, esse é mesmo o melhor jeito.
    Porém pelo que andei lendo essa opção nem anda sendo cogitada mais, devido a burocracia para tal ato.
    Acho que estamos no mesmo passo.
    Só observando... De forma muito apreensiva.
    O que você acha sobre a instauração do parlamentarismo no Brasil?
    já adianto que pra mim será um fiasco...
    Att;
    http://sacudindoopinioes.blogspot.com.br/

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    1. Boa noite, Anita.

      Primeiramente obrigado por sua leitura e comentários.

      Analisando a situação presente, creio ser o Parlamentarismo uma maneira de se tirar todo mundo e fazer de novo, não acha? Pois, no sistema parlamentar de governo, a responsabilidade do governante pode ser apurada com maior amplitude, podendo ser considerado apenas o fator opinião pública desfavorável para a queda do primeiro ministro. Há no Parlamentarismo mecanismos possíveis como o voto de desconfiança ou a moção de censura, obrigando a demissão de todo um ministério insatisfatório e mantendo a estabilidade do Estado.

      Enfim, corresponderia ao que desejamos.

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