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sábado, 14 de março de 2015

O avivamento que o Brasil precisa




Tenho acompanhado pelos jornais os vergonhosos acontecimentos sobre as denúncias de corrupção na política e a insatisfação da sociedade brasileira com os seus representantes eleitos em todas as três esferas estatais (União, estados e municípios). Fala-se por aí até no impeachment da presidente, na volta dos militares e também em diversas manifestações de rua, as quais não deixam de ser reações legítimas garantidas pela Constituição considerando que se trata de um direito de todos reunirem pacificamente nos locais públicos.

No entanto, fico a pensar no papel da Igreja neste cenário visto que poderíamos ser a resposta para essa geração em busca de um rumo certo para seguir. E aí, lendo uma interessante entrevista do ativista cristão norte-americano John Perkins, publicada na edição n.º 353 da Revista Ultimato, pude refletir sobre o quanto temos falhado em nossa evangelização. Pois como bem respondeu o ilustre entrevistado,

"Não lemos a Bíblia em busca da justiça - por isso é fácil tolerarmos a injustiça. Lemos a Bíblia à procura de nossas próprias bênçãos (...) Vejo que a injustiça no mundo é consequência da ganância econômica, por isso enxergo a justiça basicamente como uma questão econômica e de governança. Quando não partimos da igualdade de todas as pessoas, não percebemos essa ganância e os seus efeitos; (...) Estou envolvido em desenvolvimento comunitário como um modo de diminuir a distância da desigualdade e também da hostilidade cultural e racial" - Págs. 46 e 47 

Quantas coisas as inúmeras congregações eclesiásticas espalhadas pelo país não poderiam realizar no sentido de organizar as comunidades onde se encontram através de projetos de inclusão social e de geração de renda?!

Pensemos, pois, num bairro da periferia de uma grande cidade vitimado constantemente pela violência policial e pelo tráfico de drogas com jovens se prostituindo, pais de família desempregados, pessoas morando em áreas de risco, falta de oportunidades, etc. Ora, será que a Igreja, além de orar, não pode mobilizar essa comunidade para que tentem transformar a realidade deles?! E que tal os pastores das congregações ali existentes não se unirem em torno de um projeto comum e convocar protestos pacíficos com a finalidade de cobrar providências das autoridades?!

Infelizmente não é isso que se costuma ver nos dias de hoje. O que mais vejo por aí são líderes religiosos cultivando a alienação e a obscuridade de pensamento, promovendo uma adoração emburrecida nos "cultos", apoiando candidatos corruptos nas eleições (quando eles mesmos não fazem do púlpito um palanque para si próprios), estimulando a ganância pela tal da "teologia da prosperidade" e iludindo o povo com falsas campanhas de bênçãos, as quais baseiam-se em pedidos de ofertas milionários como espécies de "exercício da fé". Para piorarem mais as coisas, os caras ainda instigam conflitos de relacionamento e de identidade entre os moradores do lugar através de uma segregação moral-religiosa altamente prejudicial ao diálogo.

Diante desse quadro complicado, um avivamento que busque renovação nas comunidades em prol da justiça social torna-se uma necessidade. E nós como seguidores de Jesus não podemos permanecer omissos diante de tanto sofrimento causado pela desigualdade e pelas condutas nocivas dos governantes. Pois é hora da Igreja de Cristo se mexer neste país, colocar seus joelhos no chão e agir, integrando os bons valores da cidadania com os da espiritualidade inclusiva. Em outras palavras, seria promover diferença na sociedade. Isto é o que a nação aguarda que façamos.

Um ótimo domingo para todos!


OBS: Ilustração acima extraída de http://www.sinsep-pi.org.br/Cenario-politico-mostra-que-servidores-vao-precisar-de-mais-unidade-e-luta-por-reconhecimento-e-Estado-forte5592.html

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