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domingo, 9 de novembro de 2014

Pelos morros e praias do Rio




Nesses quase 27 meses que estou morando em Muriqui, pude conhecer um bocado de lugares novos aqui no litoral sul-fluminense através de minhas caminhadas na região. Ainda que sem a mesma intensidade nos passeios como costumava fazer aos vinte e poucos anos na cidade serrana de Nova Friburgo, eis que já andei visitando interessantes lugares em Mangaratiba e também nos municípios mais próximos como Angra dos Reis (principalmente Ilha Grande), Rio Claro, Itaguaí e ainda na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Durante o final de semana anterior (primeiro deste mês), fui a pé de Muriqui até Macundu, área rural de Rio Claro, pouco depois da Serra do Piloto. Passei a manhã toda caminhando, seguindo por uma linda trilha, duas estradas de chão e uma rodovia asfaltada até chegar lá antes do começo da tarde do dia 01º/11, quando então tomei um refrescante banho num pocinho situado pouco acima do povoado. Porém, no início do passeio, peguei o atalho que vai da nossa cachoeira do Véu das Noivas até à localidade de Rubião por dentro da Mata Atlântica, sendo a geografia de Mangaratiba muito mais bonita que a do município vizinho.

Já neste último sábado (08/11), finalmente pude concretizar minha visita aos mais escondidos recantos do litoral do Rio que há tempos sonhava conhecer. Pois, nos sete e oito meses em que vivi pela última vez na Cidade Maravilhosa, entre dezembro/2011 e agosto/2012, cheguei a ir com Núbia no Abricó, conforme relatado no artigo Visitando as selvagens praias cariocas, de 08/05/12. Ontem, porém, andei de Barra de Guaratiba até o Recreio dos Bandeirantes, onde almocei na comunidade do Terreirão, e, enfim, retornei embarcando no BRT até Santa Cruz.

Umas das motivações que tive para fazer esse último passeio foi por causa do sistema de sinalização da "Trilha Transcarioca" já que tenho sugerido à Prefeitura de minha cidade executar algo semelhante por cá (ler o texto Que tal se tivéssemos aqui a Trilha Transmangaratibense?, publicado em 13/10/14 no blogue Propostas para uma Mangaratiba melhor). Contudo, decepcionei-me com o vandalismo de alguns frequentadores do local que, além de terem arrancado várias placas, também picharam pedras e árvores, deixando ainda de trazer de volta o lixo indevidamente descartado na natureza. Um absurdo!

Na opinião do dono de um bar em Barra de Guaratiba, situado logo no começo do roteiro, tem faltado mais presença do governo. Segundo ele, deveria haver um guarda que anotasse o nome e os dados da pessoa que resolvesse ingressar na trilha, fiscalizando também os pertences do frequentador. Aí, quando voltasse, o excursionista teria que dar conta dos resíduos sólidos levados em sua bagagem ao ser novamente inspecionado.

Concordei plenamente com ele pois, além dos motivos expostos, observei uma necessidade de segurança da própria pessoa caso alguém venha a se acidentar ou ficar perdido. Afinal, a área está sendo utilizada em larga escala como um verdadeiro parque de lazer e precisa receber os cuidados adequados por parte do Poder Público. Logo, não pode a Prefeitura do Rio continuar se omitindo quanto a isso.

Apesar das condições da trilha não estarem satisfatórias, principalmente por causa das erosões do solo e dos riscos de escorregamento em determinados trechos, achei o passeio sensacional devido à notável beleza do cenário. Por alguns instantes, tem-se a sensação de estar fora do Rio de Janeiro, como numa das praias desertas de Paraty ou da Ilha Grande. Na região da Pedra da Tartaruga, então, nem se fala. Foi show de bola! E ali encontrei um simpático grupo de praticantes do rapel, tendo buscado informações com eles sobre o restante do trajeto até Grumari trocando outras figurinhas sobre ecoturismo.

Não fui até os últimos recantos selvagens da trilha que acompanha a costa porque, quando alcancei a Praia do Meio, segui logo rumo a Grumari e para o meu lamento precisei continuar a caminhada por uma pista asfaltada. Nesse pedaço esquecido do Rio, não passa ônibus e os automóveis tomam conta do ambiente apesar de algumas placas hipocritamente dizerem que o ciclista tem prioridade no trânsito. E, mesmo sendo uma via muito estreita, a guarda municipal carioca parecia fazer vista grossa quanto aos carros indevidamente estacionados perto da Prainha, não dando ao pedestre o direito de trafegar com a devida tranquilidade.

Foi justamente ali na Prainha que parei para conhecer um parque ambiental administrado pela Prefeitura que leva o nome do local. Sua estrutura até que estava razoável, mas o atendimento deixou a desejar. Não havia absolutamente ninguém para recepcionar o público no centro de visitantes no horário entre meio dia e uma da tarde, quando cheguei. Além disso, os banheiros estavam trancados e não encontrei nenhum bebedor com água potável para matar a minha cede, tendo que pagar R$ 4,00 por uma mineral sem gás num quiosque em frente à portaria. Somente vi funcionar os chuveirões externos para os banhistas limparem o corpo do sal do mar.

De acordo com um guarda do parque, quem costuma ficar no centro de visitantes seria o gestor da unidade cuja ocupação se divide entre várias atividades, inclusive com a fiscalização dos frequentadores da praia. Porém, já que o responsável pelo local fica absorvido com os compromissos, caberia à Prefeitura do Rio disponibilizar mais funcionários para interagir pessoalmente com o público e promover ações de educação ambiental. Pois o contato é, inegavelmente, um dos objetivos de qualquer parque ecológico.

Apesar da deficiente administração da cidade do Rio de Janeiro, estando nós a menos de dois anos dos jogos olímpicos, achei que valeu a pena ter feito o passeio. Principalmente na Pedra da Tartaruga e na Praia do Perigoso (foto), sendo que pretendo retornar outras vezes a esses recantos da Barra de Guaratiba, sem precisar prosseguir até à movimentada Grumari. Numa próxima oportunidade, desejo visitar praias Funda e do Inferno, mais escondidas. E espero que, até lá, essa bela região da Cidade Maravilhosa esteja mais bem cuidada.


OBS: Imagem acima extraída de uma página do WikiRio, tratando-se da Praia do Perigoso vista de cima da Pedra da Tartaruga, conforme podemos conferir em http://www.wikirio.com.br/Roteiro_pelas_praias_selvagens_da_cidade_do_Rio_de_Janeiro

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