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terça-feira, 5 de agosto de 2014

Um papo com a galera jovem




Já não sou tão jovem embora ainda não esteja velho. Com meus 38 anos, poderia muito bem ser pai de um filho adolescente. Ou, quem sabe, ter já um netinho para carregar no colo, na hipótese de ter "começado cedo". Mas também poderia estar até hoje vivendo como um "canguru" na casa da mamãe e dependendo essencialmente do apoio financeiro familiar.

Ora, se hoje eu fosse pai de um jovem de 17 anos, próximo a ingressar numa universidade, não nego que procuraria ajudá-lo com todas as minhas possibilidades quanto aos estudos afim de que o rapaz fosse bem sucedido naquilo que viesse a escolher. Se ele me pedisse para sugerir qual curso fazer, responderia que deveria se dedicar ao que de fato esteja vocacionado. Porém, não deixaria de indicar a carreira de médico como sendo talvez a mais satisfatória do ponto de vista financeiro.

Sinceramente, acho difícil, senão impossível, um médico ficar sem trabalho no Brasil. Do Oiapoque ao Chuí, toda cidade necessita de alguém para tratar de seus doentes havendo, na atualidade, uma relação de apenas dois profissionais para cada grupo de mil habitantes no país todo. E, dependendo do lugar, ainda mais sendo um município interiorano das regiões Norte, Nordeste ou Centro-Oeste, a carência chega a ser muito maior.

E se esse meu filho imaginário resolvesse fazer Direito igual ao pai? Bem, neste caso, após passar pelo choque da notícia, eu o aconselharia a não cair na asneira de advogar. Diria para o rapaz iniciar a sua preparação para concursos desde o primeiro período da faculdade, quer seja resolvendo questões de provas anteriores ou mesmo tentando a aprovação para algo de nível técnico enquanto permanecesse nos bancos da universidade. E aí, quando finalmente estivesse formado, sugeriria que pensasse em coisas melhores como os cargos de analista, defensor público, promotoria, magistratura, procurador de estado, delegado ou tabelião.

Outro conselho profissional que daria ao meu filho para depois de diplomado, independente do curso por ele escolhido, seria cursar uma pós-graduação. Pois, como se sabe, o "canudo" hoje em dia muito mal garante um estágio nas empresas, o que, por outro lado, não deixa de ser uma oportunidade. Ainda mais se o jovem profissional entra numa firma boa com perspectivas de crescimento. Entretanto, se a pessoa não continuar estudando, existe o fundado risco de ela nunca deixar de ser explorada nos anos seguintes como mais uma mão-de-obra qualificada contratada. Seu talento pode ser reconhecido ali, mas não fora da companhia de modo que, se o empregado resolve pedir demissão, ou vier a ser dispensado, com muita dificuldade vai arrumar coisa melhor em outra empresa. Já com uma pós ou um mestrado nas mãos, as chances de sucesso se ampliam.

Além do curso universitário, faria o garoto aprender uma profissão de base desde a adolescência pois acho que o trabalho antes da maioridade pode contribuir decisivamente para o jovem enfrentar melhor os desafios do amanhã assim como costuma ajudar o serviço militar. Como um pai não conhece o dia de amanhã, jamais tendo como prever se o filho será bem sucedido nas suas escolhas, ou ainda se a situação do país continuará favorável como foi nos últimos dez anos, vale a pena a pessoa saber algo sobre cozinha, panificação, construção civil, pintura, costura, corte de cabelo, mecânica, condução de veículos, compra e venda de imóveis, trabalho em escritório, ou qualquer outra atividade útil para suprir necessidades.

Finalmente, buscaria transmitir ao jovem conselhos diversos para a vida ligados à ética, espiritualidade, relacionamentos afetivos, uso disciplinado do dinheiro e política. Diria pro rapaz procurar uma boa moça para casar e que fosse capaz de somar com ele em quase todos os aspectos. Recomendaria que não se privassem de ter vida sexual regular no tempo de duração do namoro e tomando as precauções necessárias quanto à gravidez, mas esperassem para "juntar as escovas de dentes" no momento em que estivessem profissionalmente estáveis. Pois enquanto estamos estudando na faculdade, bem como nos firmando no trabalho, é bom não se sobrecarregar com aquelas preocupações ligadas à casa, família, despesas do lar, prestações ou com qualquer compromisso que desvie a atenção dos livros.

Muito mais eu poderia escrever aqui sobre que conselhos dar a quem seja vinte anos mais moço que eu, inclusive quanto a fazer uma poupança, contribuir para a previdência (porque os anos passam), ler devocionalmente a Bíblia, falar a verdade, honrar compromissos, respeitar incondicionalmente o outro, não deixar a religião em excesso atrapalhar, lembrar-se da prática da justiça social, etc. Só que, se eu resolver falar de tudo, o artigo acaba ficando indigesto. Logo, deixo todas essas questões em aberto para um eventual debate de trocas de ideias que possa ocorrer.

Obrigado a todos pela visita ao blogue!


OBS: A ilustração acima trata-se do quadro Juventude e tempo, uma obra do artista inglês John William Godward (1861-1922), feita no início do século XX. Foi extraído do acervo virtual da Wikipédia, conforme consta em de http://it.wikipedia.org/wiki/Giovinezza#mediaviewer/File:Youth_and_Time_1901.jpg

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