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sábado, 23 de agosto de 2014

O Rio pode revolucionar os transportes públicos!




Hoje resolvi escrever um pouco sobre a mobilidade no meu estado do Rio de Janeiro com foco nos meios de locomoção de massa. Sou morador do interior fluminense e, pelo que tenho acompanhado, os incentivos na área de transportes têm ficado bem aquém das necessidades coletivas, apesar da lenta ampliação do Metrô nos últimos vinte anos e das recentes linhas do BRT com faixas exclusivas para os ônibus. Lamentavelmente, a grande herança recebida do período imperial, isto é, as ferrovias, andam esquecidas pelos governantes e deixando de conduzir mais passageiros, quer seja na região metropolitana ou nos demais municípios de planície.

Conforme tenho experimentado em meu cotidiano, o trem ainda é a melhor opção que disponho para chegar ao Centro da capital estadual mesmo tendo que tomar dois ônibus intermunicipais de Muriqui até à estação de Santa Cruz, Zona Oeste da Cidade Maravilhosa. Pois devido aos constantes congestionamentos nos cinquenta quilômetros de Avenida Brasil (e outros engarrafamentos piores caso eu vá pela Barra da Tijuca) é mais recomendável encarar cerca de oitenta a cem minutos viajando pela SuperVia rumo à Central do Brasil do que arriscar a perder várias horas de dia preso no trânsito.

Ora, se o transporte ferroviário voltasse a ser estendido ao menos até o município vizinho de Itaguaí, hoje uma cidade em acelerado crescimento econômico-populacional, os moradores de minha região seriam significativamente beneficiados. Isto porque, além do usuário poupar tempo e dinheiro com a passagem, ele ganharia mais qualidade de vida, sem nos esquecermos de que o meio ambiente ficaria menos castigado com a danosa poluição atmosférica.

Mas será que uma inovação dessas interessaria às empresas de ônibus como a Expresso Mangaratiba que opera diversas linhas em Santa Cruz, Campo Grande, Itaguaí, Nova Iguaçu, Caxias e no próprio município da Costa Verde que leva o seu nome?

E até que ponto os políticos eleitos com o voto do cidadão não estão comprometidos até o pescoço com esses tubarões do transporte rodoviário?

Pois bem. Esse é um ano eleitoral e muito lamento o fato do Rio não oferecer hoje candidaturas representativas ao Palácio da Guanabara que estejam verdadeiramente aliançadas com a solução do problema da falta de mobilidade, seja ela urbana e intermunicipal. O mesmo posso igualmente afirmar em relação à maioria dos principais postulantes a uma varga na Assembleia Legislativa, homens que ambicionam o poder mais pela defesa de interesses corporativos (senão mafiosos) deixando de lutar em favor da massacrada população carente.

Ocorre, meus leitores, que o Rio não é nenhum estado pobre pois o que esta unidade federativa arrecada de royalties do petróleo é muita grana. Trata-se de tanto dinheiro que, se considerarmos apenas o total desta receita durante o século XXI, já poderíamos nos consultar nos melhores hospitais, dirigir em excelentes estradas, ter as crianças estudando em estabelecimentos de ensino de primeiro mundo, usufruirmos de saneamento básico completo e andarmos num confortável transporte público de qualidade. Aliás, além de investimentos no Metrô, na SuperVia e nas Barcas (novas linhas aquaviárias para São Gonçalo e Duque de Caxias), daria para ser projetado um maravilhoso trem-bala entre Niterói e Campos dos Goytacazes capaz de atender a estratégicos municípios do litoral norte como Cabo Frio, Rio das Ostras e Macaé.

Talvez alguém diga que eu esteja delirando ao propor um trem de alta velocidade no estado, mas digo que essa seria uma ideia bem realista tendo em vista a continuidade do crescimento acelerado do norte-fluminense nos próximos anos até formar uma reconhecida metrópole. Logo, há que se planejar desde já o futuro, a exemplo do que fizeram os brilhantes engenheiros da época do Império, afim de buscarmos soluções duradouras, modernas e financeiramente sustentáveis. Algo que, se compararmos com o caro projeto do governo federal em ligar o Rio a São Paulo pelos trilhos (até hoje no papel), custaria menos em razão do relevo plano entre Niterói e Campos e também por causa da estrutura em parte já existente.

Um dos benefícios que um empreendimento assim poderia proporcionar seria o desenvolvimento do turismo no Rio de Janeiro. Pois, com apenas algumas dezenas de minutos, por exemplo, o passageiro viajaria de Niterói a Cabo Frio, tomaria seu banho de mar, almoçaria num restaurante e retornaria no mesmo dia. Inclusive o próprio trem iria se tornar uma atração para o visitante em que o passeio permitiria o desfrute das belas paisagens litorâneas juntamente com os serviços da mais alta tecnologia e a possibilidade de ser conduzido das barcas até a estação ferroviária com a ajuda de modernos aeromóveis (haveria uma linha partindo da Praça Arariboia) mais catamarãs partindo da Ilha do Governador para Niterói.

Enfim, sonhar é preciso e, se aprendermos a escolher conscientemente os governantes, as coisas desejadas poderão tomar corpo. Para tanto basta não repetirmos erros apoiando políticos tipo Garotinho, Pezão ou Crivella, os quais estão há anos no poder e nunca mudaram o Rio. E aí cabe ao cidadão decidir em outubro se quer coisas úteis e necessárias para o coletivo ou se prefere continuar sendo enganado com piscinões, obras de asfaltamento de má qualidade, estádios de futebol caríssimos, etc.

Em nossas mãos está o poder do voto e torço que, neste ano de 2014, o Rio forme uma verdadeira frente popular que revolucione não só os transportes como também a saúde, a educação, o saneamento básico, a segurança pública, a habitação e a preservação do meio ambiente. Viva o Rio!


OBS: Ilustração acima extraída da Agência Brasil de Notícias com atribuição de autoria a Tânia Rêgo, conforme consta em http://www.ebc.com.br/noticias/brasil/2013/09/supervia-estuda-melhoria-de-atendimento-a-passageiros-no-rio

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