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segunda-feira, 30 de junho de 2014

A coisa tá muito feia no Oriente Médio...




Enquanto a bola rola nos estádios brasileiros, a violência corre solta no Iraque e na Síria sem que a TV aberta dê a devida cobertura. Entre as tantas notícias fúteis de Copa do Mundo, dominando quase todos os blocos dos telejornais, até parece que vivemos num outro planeta onde reina a paz e a festividade.

No entanto, o Oriente Médio tornou-se um verdadeiro inferno nesses últimos anos em que dezenas de milhares de pessoas já morreram e problemas antigos ressurgiram na região. Estima-se que hoje 9,3 milhões de sírios sofram necessidade de assistência humanitária urgente, com 4,25 milhões de deslocados internamente e 2,8 milhões de refugiados em países vizinhos. Pode-se afirmar que a expressiva maioria seriam mulheres e crianças, sendo que a infraestrutura básica do país encontra-se destroçada com escolas reduzidas a escombros ou ocupadas pelas forças armadas, tendo hospitais invadidos e bairros residenciais destruídos. Alimentos, água e eletricidade foram cortados para infligir sofrimento a populações civis. Não há mais respeito lá pelos direitos humanos com pessoas sendo torturadas e executadas nos centros de detenção, mulheres sexualmente abusadas, além das crianças obrigadas a servir nas forças de combate.
     
No país vizinho, o Iraque, assiste-se a um conflito armado igualmente devastador com o surgimento de grupos extremistas como o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, também referido pelas siglas EIIL, ou, em inglês ISIS. Trata-se de uma milícia jihadista formada em outubro de 2004 por insurgentes iraquianos. Seus combatentes radicais atacam não somente as comunidades sunitas que não se submetem a seu controle, mas também minorias como os xiitas, alauítas, cristãos, armênios, drusos e curdos, todos considerados apóstatas ou infiéis que devem ser abatidos. Desde janeiro do corrente ano, a organização declarou que o território que controlava passaria a ser um Califado Islâmico independente. Neste mês, mais de mil pessoas - três quartos delas civis, foram mortas em 17 dias, em que os jihadistas lançaram uma vasta ofensiva no Iraque, segundo números divulgados dia 24 pela ONU.

Acredito que não há outra via de solução para ambos os conflitos senão a diplomacia. A desastrosa intervenção dos Estados Unidos no Iraque, em 2003, fez com que o país se tornasse um barril de pólvora de modo que uma ação militar da ONU pioraria ainda mais as coisas. Logo, talvez o que se deva buscar seria uma saída pacífica com a formação de novos Estados juntamente com o respeito às minorias étnicas e religiosas, tendo em vista o direito fundamental da auto-determinação dos povos. E em meio a isso, oremos apoiando as ações das entidades de assistência humanitária que têm atuado nesses países. Inclusive no socorro a cristãos.


OBS: A ilustração acima refere-se a uma manifestação na Síria conforme extraído de uma notícia da Agência Brasil em http://www.ebc.com.br/noticias/internacional/2013/04/terroristas-da-al-qaeda-no-iraque-e-na-siria-anunciam-fusao

domingo, 29 de junho de 2014

A eternidade do amor




Numa de minhas crises, acordei de madrugada desacreditando no amor. Levantava dúvidas perturbadoras em meu íntimo sobre essa palavra tão utilizada na literatura, na Bíblia e nas religiões. Questionava tanto as nossas possíveis ideias equivocadas acerca do que seria realmente amar o próximo como em relação à própria eleição do vocábulo no sentido de representar toda a positividade do Universo.

Deixando então a cama, o colchão e o travesseiro, fui para o sofá da sala e resolvi consultar diretamente o trecho bíblico que aborda o assunto (o Hino do Amor da primeira epístola paulina aos coríntios), o qual tanto incomodava-me com seus valores de perfeição. Perguntei ao texto sagrado qual a definição que mostra o significado do amor por meio de atitudes práticas e encontrei a seguinte resposta:

"O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." (1ªCo 13:4-7; ARA)

É claro que o lado carnal de minha mente, ainda em seu estado angustioso de saturação, não se conformou facilmente com o que encontrei ali. Resistências surgiram como o fato de não estarmos compreendendo nos dias de hoje as coisas escritas muitos séculos atrás no original bíblico conforme o contexto da época (dos destinatários do apóstolo), bem como as massacrantes manipulações introduzidas na Igreja no decorrer dos séculos afim de se submeter servilmente as escolhas das pessoas e até mesmo um suposto equívoco do escritor. Afinal, se o amor "tudo suporta", como que Paulo teria mandado os coríntios "entregarem a Satanás para destruição da carne" um membro da congregação que havia desviado em sua conduta sexual transando com a madrasta (1ªCo 5:1-5)?

Foram dúvidas bem desagradáveis e tentadoras, embora muitas das vezes elas se mostrem necessárias para podermos desconstruir e reconstruir nossos conceitos. E, se o Senhor permite que passamos por tais crises, não descarto que haja nisso um propósito de crescimento pessoal de maneira que precisamos dar um enfrentamento com sinceridade de coração ao momento. Nem ignorando o problema, fingindo que a incompreensão não existe, e nem tão pouco aproveitando-se do sentimento de incerteza para justificar eventuais decisões pelos caminhos errantes do egoísmo, da cobiça ou da avareza.

De fato, podemos nos enganar ingenuamente sobre o que vem a ser corretas atitudes amorosas (Paulo não poderia concordar que um sujeito profanador permanecesse tirando seus proveitos na Igreja e ainda afastando outras pessoas da santidade). Porém, não há como negar o amor como um princípio básico nas relações humanas construtivas, sem o que nada subsiste. Pois se trata de algo de excelência e que durará para sempre, mais do que os nossos corpos perecíveis e toda a extinguível manifestação da vida biológica no planeta.

Assim, os versos seguintes ao que citei acima trouxeram-me luz e conforto quando decidi ouvir mais atentamente a Palavra:

"O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará; porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos. Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado" (1ªCo 13:8-10)

Ora, o que é a função temporária e terrena das coisas senão um instrumento para que a nossa ação no atual momento existencial direcione-se em busca daquilo que é eterno? Pois se o amor muitas vezes consome os nossos corpos e mentes, expondo-nos a marcas e cicatrizes, o mesmo não ocorre com a alma espiritual. Por mais que nos custe fazer o bem a um de nossos semelhantes, a atitude correta nunca seria em vão. Exceto para quem pensa que tudo acaba aqui ou faz as coisas na aparência buscando o interesse pessoal.

A leitura do capítulo 13 da 1ª  Epístola aos Coríntios pode não ter me respondido completamente quais devem ser todas as condutas amorosas. E, na certa, isso seria coisa que livro nenhum no mundo poderá fazer tendo em vista as diversas circunstâncias de cada caso que se apresenta conforme suas peculiaridades. Porém, toda a motivação para não desistirmos de amar o próximo permanece estável como sendo superior e melhor do que tudo no mundo.

Que Deus possa encher os nossos corações com o seu terno amor e não desistamos jamais do nosso próximo!


OBS: A ilustração acima trata-se de uma obra de Rembrandt (1606 - 1669) retratando o apóstolo Paulo. Extraí a imagem do acervo virtual da Wikipédia em http://pl.wikipedia.org/wiki/Hymn_o_Mi%C5%82o%C5%9Bci#mediaviewer/Plik:Rembrandt_-_Apostle_Paul_-_WGA19120.jpg

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Basta 0,1% do harém do rei!



"Ora, além da filha de Faraó, amou Salomão muitas mulheres estrangeiras (...) Tinha setecentas mulheres, princesas e trezentas concubinas; e suas mulheres lhe perverteram o coração." (1Rs 11:1,3; ARA)

Certamente que a passagem bíblica sobre as mil mulheres do rei Salomão ainda mexe com o imaginário de muitos homens e mulheres do nosso tempo atual. Apesar de vivermos há mais de vinte séculos numa sociedade monogâmica (pelo menos aqui no Ocidente), considero raro o brasileiro que nunca fantasiou em possuir um harém. Nem que seja com apenas algumas esposas, namoradas ou "amantes".

Entretanto, quando reflito sobre a vida do antigo monarca de Israel, duvido que Salomão tenha amado verdadeiramente mais de uma mulher. Se de fato o Shir Hashirim (Cântico dos Cânticos) foi escrito por ele, segundo consta no inicial título da obra, fica difícil acreditar que, enquanto esteve envolvido com a sulamita, seu coração tenha pertencido a outra. E, com base numa leitura não literal do capítulo 10 de 1Reis, há quem entenda ter sido a rainha de Sabá o grande amor da vida do governante.

De modo algum pretendo enquadrar os personagens das Escrituras Sagradas nos padrões morais de hoje ou em conformidade com as doutrinas pregadas nas igrejas. Porém, quando reflito sobre o grande absurdo do patriarcalismo que foi a poligamia, o que me vem à cabeça são relacionamentos desprovidos do sincero amor. Pois são situações motivadas por algum tipo de utilitarismo em que, no caso de Salomão, teria sido a necessidade de estabelecer alianças políticas e econômicas com os povos vizinhos, visando favorecer o próspero comércio que administrava na região do antigo Oriente Próximo. Foram, na verdade, setecentos casamentos contraídos por mero interesse.

Mas o que dizer das trezentas concubinas que nem chegaram a ter o status de esposa dentro do vasto harém do rei? Serviriam elas apenas para atender o seu voraz apetite sexual e/ou a vaidade pessoal?

Ainda assim, todas teriam sido uniões interesseiras em que a mulher foi transformada num objeto de prazer ou de exibição do marido. Seu valor seria pelo que ela tem a oferecer, quer seja a beleza, a juventude, a sensualidade, a geração de filhos, algum dom artístico, a inteligência, o dinheiro, etc.

Penso que é na relação monogâmica que homem e mulher formam uma dupla evolutiva capaz de promover o crescimento espiritual de ambos. Através da vida a dois, os cônjuges aprendem a dialogar com grande intimidade, praticando o árduo exercício da compreensão. As lutas, as privações, as dificuldades, as alegrias e as conquistas do cotidiano vão formando entre eles um sólido companheirismo. Algo que amadurece com o decorrer do tempo e se torna tão saboroso quanto o vinho velho.

O homem e a mulher que não vivencia fielmente essa caminhada acaba se tornado uma pessoa incompleta, sujeito a ter uma velhice solitária, mesmo se preservar um casamento de fachada. Pois as traições conjugais são capazes de azedar o matrimônio e causar prejuízos à família que muitas vezes são danos irreparáveis. E ainda que haja fortes emoções em jogo, como a aventura de se sentir jovem novamente relacionando-se aos quarenta com uma mulher de vinte, tudo será passageiro do ponto de vista existencial. No fim dos anos, restam somente os fundamentos das coisas boas e sólidas que edificamos sobre terreno rochoso.

A Bíblia não conta todos os detalhes da história de Salomão e a tradição judaica sugere que o rei se arrependeu de seus erros na velhice, ocasião em que poderia ter escrito Provérbios e Eclesiastes. E, se assim foi, vale seguir o conselho da experiência sobre o homem alegrar-se com a mulher da sua mocidade (Pv 5:18-20).

Conclui-se que devemos buscar a felicidade dentro de um relacionamento exclusivo com o cônjuge. Vale a pena agir fielmente como fez José, quando tentado pela esposa do patrão, e fugirmos das ciladas que tentam nos prender com cordas, pois elas trazem consigo a insensatez, a perdição, a desorientação e a morte em todos os sentidos.

Que sejamos sábios e capazes de honrar aquilo que é plano de Deus para o ser humano, em que ocorre uma santa união de almas:

"Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne" (Gn 2:24)

Viva o casamento!


OBS: A ilustração acima trata-se de uma obra do desenhista inglês Thomas Rowlandson (1756 - 1827). Foi extraída do acervo virtual da Wikipédia.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

O bom exemplo do Japão




Os japoneses podem nem se classificar para a próxima fase do Mundial, mas eles têm muito a ensinar para a torcida pentacampeã de futebol.

Conforme noticiou amplamente a imprensa, os torcedores nipônicos foram flagrados com sacos de lixo recolhendo os resíduos dos próprios produtos que consumiram na Arena Pernambuco. Após o jogo de estréia com a Costa do Marfim, em que o Japão perdeu de virada por 2 x 1, cada um fez questão de limpar a área aonde sentaram para assistir a partida, dando um belo exemplo de educação e de civilidade. E tal ato se repetiu dias depois no empate com a Grécia.

Acontece que esse é um hábito que os japoneses já praticam desde criança no país onde vivem, deixando o ambiente da sala de aula sempre limpo nas escolas em que estudam. E, quando vão aos estádios e a outros locais de uso coletivo, fazem o mesmo.

Ora, houve brasileiro que se sentiu surpreso com as atitudes dos japoneses já que muitos aqui não se esforçam nem um pouco por recolher o próprio lixo. Eu mesmo, quando caminho pela praia de Muriqui, balneário onde moro no litoral sul fluminense, fico perplexo ao ver tantos resíduos descartados na areia, vindo a poluir danosamente também os mares (o plástico tem sido causa da morte de muitas tartarugas aquáticas). E, quando viajo de trem, indo de Santa Cruz para a Central, na cidade do Rio de Janeiro, reparo como os vagões ficam imundos com as embalagens de diversos produtos comestíveis deixadas nos assentos ou pelo chão. Até nas modernas composições adquiridas pela concessionária SuperVia há passageiros que não respeitam o espaço!

O pior de tudo, meus amigos, é existir gente que tenha vergonha de recolher seu lixo. Não duvido que, em pleno século XXI, muitos brasileiros ainda pensem que, se pagam impostos, o governo tem mais que por varredores à disposição do povo...

Mas será que não chegou a hora de começarmos a nos esforçar, mudando de mentalidade e saindo do comodismo?!

Que possamos aprender com esses turistas que vieram de longe, os quais aplaudo de pé. E, ainda que a Colômbia seja a favorita na partida desta terça-feira (24/06), sendo mais provável a classificação da Costa do Marfim, considero o Japão vitorioso pela louvável atitude que seus torcedores tiveram na Copa. Deixaram para nós um belo exemplo sobre o que é ser um país vitorioso de primeiro mundo, em que há valores muito mais importantes do que simplesmente acumular títulos no futebol.

Parabéns aos japoneses!


OBS: A foto acima foi divulgada em vários jornais do país, mostrando os japoneses recolhem o próprio lixo após jogo de sua seleção, mesmo depois da derrota de 2 x 1 para a Costa do Marfim.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Quer dizer que somos latinos cheiradores de pó?!




Umas das notícias sobre a Copa que muito me chamou a atenção esta semana teria sido sobre o infeliz trabalho de humor "negro" que a atriz holandesa Nicolette van Dam, também representante da UNICEF, publicou na internet com os rostos de Falcão García e James Rodríguez, ambos da vitoriosa seleção colombiana. Na montagem, os jogadores retratados de joelhos no gramado se debruçavam sobre uma linha do spray usado pelos árbitros para organizar a formação das barreiras durante a cobrança de faltas, parecendo uma alusão ao uso da cocaína. Abaixo da imagem, é possível ler a frase colombiaans muurtje ("muro colombiano", em tradução livre do holandês).

Com razão a publicação feita no Twitter gerou críticas por parte da imprensa colombiana a ponto de várias pessoas manifestarem seus descontentamentos numa página do jornal El Universal do país vizinho. Muitos internautas chegaram a pedir que a Unicef dispensasse Nicolette do posto de embaixadora da entidade por causa da piada ofensiva. Hoje, porém, ao acompanhar o Bom Dia Brasil, soube que a atriz já havia entregue seu cargo e que a postagem foi também apagada por ela no site. "A senhora Van Dam renunciou ao cargo de embaixadora da boa vontade da Unicef e lamenta a mensagem que reenviou ontem", informou a organização ligada à ONU nas redes sociais.

No entanto, apesar das "honestas e sinceras desculpas" da atriz, a qual não deve ter imaginado que sua piada pegaria tão mal, fiquei refletindo sobre a maneira equivocada como muitos europeus e norte-americanos devem nos enxergar. Pois, certamente, que a polêmica fotomontagem não teria sido elaborada e depois publicada em redes sociais, caso não encontrasse alguma receptividade perante o público holandês. E, se olham para a Colômbia como sendo o país do pó, devem ter do Brasil as falsas impressões de que somos o lar da corrupção, dos assaltos, da prostituição infantil e da desordem total. Como se em cada esquina do Rio houvesse um ladrão armado para roubar o primeiro turista quando fosse atravessar a rua!

Por outro lado, a imagem feita por Nicolette denunciou certa incoerência ao sugerir que os jogadores estariam cheirando cocaína. Pois, além de Falcão ser "paradoxalmente, embaixador da boa vontade das Nações Unidas na luta contra as drogas", conforme respondeu prontamente o governo colombiano, evidentemente que não haveria tantos plantadores da coca no país vizinho sem os grandes mercados consumidores da Europa e dos EUA. Aliás, é com o dinheiro de muitos holandeses viciados que o tráfico internacional tem sido financiado, inclusive as ações terroristas dos guerrilheiros das Farcs, causando violência em inúmeras cidades da Colômbia.

Afim de que este meu texto não seja preconceituoso com os holandeses e europeus, faço as devidas ressalvas de que lá também existem pessoas esclarecidas acerca da realidade brasileira e da América Latina. Felizmente nem todo o público é ignorante, mas inegável é que uma boa parte das pessoas ainda nos vê de um modo míope ou estrábico, incapazes de reconhecer as mudanças positivas que têm ocorrido no lado de cá do Atlântico nesses últimos anos. Inclusive o fato da Colômbia estar conseguindo combater a violência em várias das suas cidades, investindo em reformas sociais e na dignidade do ser humano, tratando-se de um país com grandes belezas naturais, uma rica história, bem como um  enorme potencial de desenvolvimento econômico.

Neste Mundial, tenho torcido não só pela seleção brasileira como quero ver as demais equipes latino-americanas brilharem. Fiquei contente com as vitórias heroicas do Chile sobre a Espanha e do Uruguai em cima da Inglaterra. Hoje mesmo vou estar apoiando a Costa Rica, país onde meu avô materno mora, no jogo com a Itália. Até o México eu quero que se classifique em segundo lugar no grupo do Brasil com a nossa seleção em primeiro, obviamente. Porém, o que mais tem me motivado nessas partidas é quando assisto os torcedores de várias nacionalidades da América do Sul cantando os hinos de seus países à capela. Isto porque tal comportamento vem mostrando o quanto a nossa gente anda desejosa de uma grande reviravolta, tanto na política, quanto na economia e na sociedade. Pois estão lutando por algo que impulsione o continente para um desenvolvimento inclusivo e de fato independente dos interesses estrangeiros.

Um ótimo final de semana a todos e viva a América Latina!


OBS: Ilustração acima extraída através da página do G1 na internet, conforme consta em http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/06/atriz-renuncia-cargo-na-unicef-apos-piada-contra-jogadores-colombianos.html

terça-feira, 10 de junho de 2014

A família do paciente




Geralmente costuma-se comentar muito mais sobre as dores de quem sofre por alguma doença do que a respeito de seus parentes mais próximos. Poucos são realmente capazes de lembrar do drama dos pais, irmãos, filhos, cônjuge, tios, sobrinhos e amigos do indivíduo enfermo, sendo que, conforme a gravidade da moléstia que a pessoa tem, toda a família adoece junto.

Quanto a isso, a Bíblia não é omissa ao relatar os diversos milagres de Jesus. Há nos evangelhos ricas mensagens sobre pais que imploraram ajuda ao Mestre para os complicados problemas de seus filhos e, com fé, alcançaram a bênção da qual os entes queridos deles tanto necessitavam. Podemos citar os casos da ressurreição da filha de Jairo sobre o que escrevi na postagem anterior, da cura da sogra de Pedro, do filho (e/ou servo) do centurião romano, da filha da mulher cananeia, do pai cujo menino repentinamente se convulsionava, bem como da morte de Lázaro de Betânia, irmão de Marta e de Maria.

Verdade é que o familiar que realmente ama sente-se de alguma maneira preso ao doente. Devido a essa forte ligação, ele passa por inúmeras lutas em sua caminhada a ponto de sofrer até mais do que o próprio paciente. E, não raras vezes, tal parente suporta terríveis humilhações na sociedade, não é satisfatoriamente reconhecido, escuta as mais infundadas críticas de quem não vive na sua pele, deixa de progredir na carreira profissional, surpreende-se com atitudes de ingratidão por quem está sendo ajudado, e, frequentemente, nem chega a dispor de tempo para cuidar direito de si. Em se tratando de alguém com distúrbios psiquiátricos, uso imoderado de álcool ou de dependência química, aí é que as mentes julgadoras e incompreensivas em nossa volta não poupam palavras afim disparar acusações de todos os tipos, inclusive direcionadas ao cuidador.

Fico também imaginando como deve ser duro estar ao lado de um paciente terminal ou que padece de uma doença incurável e degenerativa. Alguém que, por exemplo, tenha um câncer avançado possuindo apenas poucos meses de vida em que os mais próximos sentem-se impotentes diante da situação. Então, sem poderem humanamente evitar os acontecimentos, não lhes resta outra coisa a fazer senão tentar melhorar o nível de convivência familiar e elevar a qualidade de vida do parente. Algo que pode ser praticado por meio de proveitosas conversas sem máscaras, pelo exercício da fé, com orações sinceras, e cultivando alegrias ao invés de improdutivas tristezas.

Em todos os milagres que mencionei acima, os personagens das narrativas bíblicas trouxeram Jesus para os seus relacionamentos familiares. Nenhum deles ficou inconsolavelmente sofrendo sozinho e decidiram procurar o Mestre porque sabiam da possibilidade de contar sempre com sua compaixão nas horas mais difíceis. E, nas buscas empreendidas, alcançaram um resultado descrito como feliz.

Ora, é nesse contínuo caminhar onde compreendemos a essência de um milagre. Pois mesmo tudo acontecendo naturalmente, Deus opera algo surpreendente nos nossos relacionamentos familiares e na vida do enfermo, conforme a abertura de cada coração. Basta que sejamos receptíveis à ação de seu Espírito!

Assim, pode-se afirmar que, quando buscamos verdadeiramente a Jesus, o Mestre vem nos curar da paralisia de amar, limpa os nossos olhos para entendermos as coisas espirituais, abre os ouvidos afim de que escutemos melhor o nosso próximo em sua aflição e, finalmente, gera a sua vida no interior da gente. Aí um problema pode vir a se tornar uma oportunidade incrível de crescimento e de superação em nossa existência de modo que aprendemos a substituir o momento perecível da matéria pela eternidade do espírito para a qual somos chamados.

Mais do que nunca precisamos andar mais atentos com os conflitos dos familiares dos pacientes, recordando que eles devem ser também destinatários do nosso apoio. Sempre que uma pessoa vier nos pedir um aconselhamento pastoral ou oração em favor de alguém de sua casa, lembremos de perguntar sobre como ela tem passado e deixemos que fale desabafando por um tempo porque a conversa certamente lhe fará bem.

Que possamos dar força uns aos outros sabendo que toda a luta travada jamais será em vão! Afinal, além do aprendizado em cada situação da vida, nunca nos esqueçamos de que tudo se resolverá em Deus, sendo certo que temos ao nosso lado um grande Mestre e Pastor  Jesus Cristo, nosso Senhor.


OBS: A ilustração acima trata-se da obra Jesus e a mulher cananeia (1496-1504), sendo parte do políptico de Isabel de Castela, feita por Juan de Flandes (1460 — 1519), e que, atualmente, encontra-se no Palácio Real de Madrid. Extraí a figura do acervo virtual da Wikipédia, conforme se encontra em http://pt.wikipedia.org/wiki/Jesus_exorcizando_a_filha_da_canaanita#mediaviewer/Ficheiro:Juan_de_Flandes.Altarpiece03.jpg

domingo, 8 de junho de 2014

Expulse de sua vida os pensamentos negativos!




Na manhã deste domingo, quando eu estava a ler a Bíblia com minha esposa, prestei a atenção num interessante detalhe ocorrido durante o milagre de Jesus sobre a ressurreição da filha de Jairo. Uma passagem que, no livro de Marcos, encontra-se relatada nos versos de 21 a 24 e 35 a 43 do capítulo 5, sendo também exposta em Mateus 9:18,23-23-26 e em Lucas 8:40-42,49-56. Porém, a parte que me interessou mais aparece melhor registrada no 2º Evangelho, conforme reproduzo a seguir com os devidos destaques em negrito:

"Falava ele ainda, quando chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga, a quem disseram: Tua filha já morreu; por que ainda incomodas o Mestre? Mas Jesus, sem acudir a tais palavras, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, crê somente. Contudo, não permitiu que ninguém o acompanhasse, senão Pedro e os irmãos Tiago e João. Chegando à casa do chefe da sinagoga, viu Jesus o alvoroço, os que choravam e os que pranteavam muito. Ao entrar lhes disse: Por que estais em alvoroço e chorais? A criança não está morta, mas dorme. E riam-se dele. Tendo ele, porém, mandado sair a todos, tomou o pai e a mãe da criança e os que vieram com ele e entrou onde ela estava. Tomando-a pela mão, disse Talitá cumi!, que quer dizer: Menina, eu te mando, levanta-te." (Mc 5:35-41; ARA)

Embora a postura de Jesus na casa da família, quando expulsou de lá as pessoas, possa nos parecer algo um tanto indelicado, eis que o Mestre teve a atitude correta diante daquela situação de irreverência e de incredulidade dos que ali estavam. Pois vejo nele uma preocupação em relação à fé dos pais da menina afim de que o comportamento dos outros não desviasse o casal do alvo inicialmente proposto que era buscar o restabelecimento da saúde da criança.

Certamente que Jesus não estava interessado em fazer nenhum espetáculo de cura como infelizmente alguns pregadores da atualidade tentam exibir na mídia determinados eventos tidos como "milagrosos" nos seus cultos religiosos. Nosso Senhor não somente procurava o anonimato nas obras que realizava como também estava consciente dos objetivos de sua missão. Logo, não lhe interessava provar nada para aquela gente pranteadora que chegou a ridicularizar suas palavras, duvidando.

Refletindo sobre esse episódio bíblico, pensei no quanto é importante aprendermos a nos proteger de ideias contrárias à fé. Muitas vezes não temos como deixar de conviver com pessoas que, até inconscientemente, dizem coisas negativas, mas podemos rejeitar o acolhimento de tais palavras nos nossos corações. Ao invés de desenvolvermos ideias de pranto e de derrota, temos aí a oportunidade de focar na solução, trazendo a companhia de Jesus para dentro de nossa morada interior.

E não foi isso o que Jairo e sua esposa fizeram? Pois, embora tivessem o bom pastor ao seu lado, o chefe da família, também presidente de uma congregação sinagogal na Galileia, foi firme na sua decisão de buscar a ajuda do Mestre. Ele jamais retrocedeu em qualquer momento, mesmo ouvindo as mais duras palavras de desânimo: "Tua filha já morreu; por que ainda incomodas o Mestre?". Mas o pai da criança (e acredito que sua mulher igualmente) preferiu dar ouvidos a outra mensagem muito mais encorajadora e construtiva: "Não temas, crê somente".

Meus amados leitores, que possamos ter atitudes de fé semelhantes a de Jairo e de sua esposa! Que rejeitemos pensamentos negativos e aprendamos a lidar sabiamente com aquelas pessoas em nossa volta que tentam semear frustrações. Compreendendo-as, porém sem darmos ocasião para que suas palavras derrotistas entrem no coração da gente.

Uma ótima semana a todos!


OBS: A ilustração acima refere-se ao quadro Ressurreição da filha de Jairo, pintado em 1546 pelo renascentista italiano Paolo Caliari, mais conhecido como Paolo Veronese (1528 – 1588). Extraí a imagem do acervo virtual da Wikipédia, conforme se encontra em http://en.wikipedia.org/wiki/Raising_of_Jairus%27_daughter#mediaviewer/File:Paolo_Veronese_cat01c.jpg

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Apesar de toda a gastança, quero torcer muito nessa Copa!



Faltando sete dias para a bola rolar, ainda se ouve falar de pessoas convocando protestos contra a realização do Mundial. Embora com menos força do que em junho/julho de 2013, alguns grupos políticos andam a propagar as mesmas palavras de ordem ditas nas ruas: "Não vai ter Copa!"

Não vai ter Copa?! Como é que é?

A essa altura do campeonato em que os estádios já ficaram todos prontos, os turistas estrangeiros fizeram suas reservas nos hotéis, as equipes classificadas desembarcam uma a uma no país, trabalhadores foram contratados para a prestação de inúmeros serviços e os empresários investiram nos seus negócios para lucrarem durante os jogos, seria uma insanidade se o Brasil, repentinamente, cancelasse o evento. O nome de nossa nação ficaria abaixo da crítica, caso Dilma resolvesse mudar de ideia.

Equivoca-se quem pensa que, em 2014, as coisas vão se repetir exatamente como no ano passado com milhões de pessoas saindo às ruas em manifestações políticas pelo país inteiro. Pois, tendo em vista a nossa maior proximidade com o período eleitoral e os reincidentes episódios de vandalismo, suponho que, desta vez, o brasileiro demonstrará sua indignação de maneira mais silenciosa. E, se houver algum barulho, acredito que será mais com os gols do Neymar do que com qualquer outra coisa.

Por mais que seja legítimo um cidadão organizar passeatas, não acho conveniente realizá-las durante a Copa. E, menos ainda, se for nas proximidades dos estádios! Pois esse é um momento para as pessoas poderem se divertir e o Brasil projetar no exterior uma imagem positiva afim de alavancar o seu potencial de turismo - uma atividade verdadeiramente capaz de desenvolver a economia nacional e atrair um número maior de visitantes internacionais durante os próximos anos.

Assim, penso que devemos tirar o melhor proveito desse Mundial que nos custou tão caro. Torcer contra a seleção e desejar que o Brasil perca logo na primeira fase, vejo como uma repetição daquele velho discurso do "quanto pior melhor". Algo nada construtivo.

Sem tirarmos o olho da política, como coloquei no meu artigo anterior, torna-se adequado torcer e festejar na Copa, recebendo bem o turista que comparecerá aos nossos estádios. Devemos respeitar o direito de quem quer apreciar o bom esporte e darmos uma força aos nossos jogadores. Então, uma vez passado esse período, com ou sem o hexa, começaríamos a lavagem da roupa suja cobrando a responsabilidade das nossas autoridades pela gastança excessiva, pelo mal uso do dinheiro público e pelos prováveis desvios de verbas.

Que venha mais um campeonato! E que, além do futebol, sejamos também vitoriosos em educação, saúde, transportes, habitação, segurança pública, direitos humanos e respeito ao meio ambiente.

Viva o Brasil!

terça-feira, 3 de junho de 2014

Um olho na Copa e outro na política




Tendo assistido ontem ao Jornal Nacional, pude acompanhar que, neste mês de junho, o noticiário da TV brasileira está quase totalmente focado nos acontecimentos sobre o Mundial. Praticamente não se comenta outra coisa senão sobre os treinos da seleção na Granja Comary, a história do futebol, a vida de cada jogador, a chegada das equipes estrangeiras e os últimos amistosos.

Nada contra que se fale da Copa. Afinal, trata-se de uma festa que só ocorre de quatro em quatro anos. Porém, a minha preocupação é que o noticiário esportivo acabe distraindo demais a atenção da nossa sociedade e não haja mais espaço para o acompanhamento das manobras políticas que continuam se desenvolvendo no Congresso Nacional bem como nas articulações dos partidos neste período pré-eleitoral.

Verdade seja dita que a política não vai parar nos dias do Mundial. Enquanto o povo estiver torcendo, soltando fogos, matando aulas ou serviços, fazendo Carnaval e bebemorando as esperadas vitórias da seleção, os nossos políticos continuarão agindo. E, nessas horas, precisamos ficar bem alertas com os golpes que os canalhas podem aprontar para cima do eleitor aprovando leis e projetos anti-populares. Algo que também costuma rolar no final do ano, quando a cabeça das pessoas encontra-se voltada para as festas de Natal, Réveillon e férias familiares.

Ora, não foi no apagar das luzes, mais precisamente em dezembro de 2002, que o Congresso aprovou a cobrança da contribuição para o custeio dos serviços de iluminação pública (CIP), acrescentando na Constituição da República o vergonhoso artigo 149-A pela Emenda de n.º 39?!

Quanto às eleições presidenciais, é provável que a situação esteja investindo pesado para congelar toda e qualquer tendência negativa que influencie na popularidade da presidenta. Só que, embora as notícias sobre a Copa do Mundo tenham se tornado o mote principal de propaganda (tanto por motivo de publicidade oficial quanto pela produção de fatos cobertos pela mídia espontânea igualmente interessada no evento ao lado dos patrocinadores), há que se reconhecer aí uma certa fragilidade política do governo. Pois hoje a cúpula do PT, junto com seus aliados do PMDB, tem demonstrado muita preocupação com o desgaste acumulado de Dilma que foi abalada recentemente pelos escândalos envolvendo a maior estatal do país - a PETROBRÁS. Tanto é que a base aliada promoveu diversas manobras afim de obstruir a constituição de uma CPMI.

Acredito que o sucesso da seleção brasileira na Copa não trará efeitos decisivos sobre as eleições. Pois, também em 2002, fomos pentacampeões e ainda assim o candidato governista José Serra perdeu para Lula. Logo, penso que não haja mais aquela velha relação capaz de garantir um alienante conformismo popular, mas tão somente uma distração passageira. Um período bem momentâneo e que, como abordei nos parágrafos iniciais, não deixa de ser perigoso para as conquistas sociais.


OBS: A ilustração acima trata-se de uma imagem que parece ser de domínio público, tendo sido já replicada em inúmeras páginas da internet. Deixo de atribuir autoria por desconhecer quem seria seu autor.

domingo, 1 de junho de 2014

Os preços da comida nos aeroportos, rodoviárias e pontos de parada de ônibus




Deu no Jornal Nacional deste último sábado (31/05/2014) que o valor da alimentação seria "o item com pior avaliação na pesquisa trimestral da Secretaria de Aviação Civil no país", com uma nota de 2,16 para o máximo de 5 pontos. De acordo com a reportagem, uma empada e um suco de laranja podem sair por R$ 14,75. Em Confins, Região Metropolitana de Belo Horizonte, um pão de queijo custa R$ 4,00 enquanto que um cafezinho expresso é servido a R$ 4,25.

Tendo refletido a respeito, observei que não só os clientes dos aeroportos sofrem com a abusividade dos preços mas também os passageiros de ônibus. Tanto nos terminais rodoviários quanto nas paradas que as empresas de ônibus fazem em determinados locais nas estradas, os estabelecimentos cobram pelos produtos valores bem acima da média no comércio das cidades. E pude constatar isso pessoalmente em abril do ano passado, quando passei pelo Tietê junto com minha esposa Núbia numa viagem ao interior paulista (ler postagem Viajar está cada vez mais caro!, de 25/04/2013).

Nas entrevistas feitas pelo jornalista da TV Globo, houve consumidor que se queixou da falta de concorrência. Porém, para a Associação Nacional de Concessionárias de Aeroportos Brasileiros, a ANCAB, esses seriam os fatores que estariam encarecendo os alimentos: (i) o preço alto dos alugueis; (ii) o custo com funcionários bilíngues; (iii) o horário de funcionamento de 24 horas das lanchonetes.

Mas até que ponto todas essas variáveis estariam determinando os altos preços praticados pelos comerciantes?!

Sobre os gastos com o aluguel do espaço eu até aceito a explicação. Já em relação à mão-de-obra e ao período integral de funcionamento, discordo. Pois, se o empresário fica aberto o dia inteiro é porque a atividade dá lucro em todos os horários de modo que existe realmente uma espécie de "reserva de mercado" como certa vez comentou o ministro Moreira Franco ao criticar os preços da comida e dos estacionamentos nos aeroportos.

Se pensarmos bem, o Código de Defesa do Consumidor já considera como prática abusiva o fornecedor exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva (art. 39, inciso V da Lei Federal n.º 8.078/90). E, no caso dos aeroportos, rodoviárias e paradas de ônibus, sendo a alimentação algo básico para o ser humano, não pode o passageiro ser obrigado a pagar o preço que os empresários querem pelo simples fato de que, na espera do embarque, a pessoa não tem para onde correr. Pois isso é puro condicionamento. Até mesmo porque muitos viajam também pela necessidade de se deslocarem para fins laborais, tratamento de saúde, estudos ou visita a parentes. Além disso, mesmo o turista também deve ser respeitado.

A matéria fala na criação das "lanchonetes populares" pela Infraero, o que, a meu ver, pode ajudar a combater o problema, mas é certo que isso não vai necessariamente resolver a situação de todos os aeroportos. Principalmente dos que têm sido privatizados pela presidenta Dilma já que, em tais casos, as empresas receberam do governo federal autonomia para organizar o modelo de negócio. Logo, as soluções que talvez caibam seria o Procon, o Ministério Público, ou mesmo uma associação de defesa do consumidor, buscar as medidas adequadas afim de que os preços dos alimentos sejam reduzidos até um limite aceitável capaz de manter a margem de lucro das empresas sem prejudicar o passageiro.

Outra possibilidade seria o próprio legislador criar normativamente o direito do passageiro de se alimentar com qualidade e sem ser explorado quando estiver viajando. Algo que o Congresso pode fazer de maneira genérica, o que incluiria tanto os espaços públicos como os privatizados. Logo, ao invés de tantas perfumarias, por que não haver mais restaurantes, lanchonetes, farmácias e pontos de acesso à internet concorrendo entre si? Afinal, aeroporto não é shopping center. E, menos ainda, pode-se comparar a um templo de consumo os terminais rodoviários por onde transitam pessoas de condições bem mais humildes do que a nova classe média que hoje anda de avião.


OBS: Foto acima extraída da Agência Brasil de Notícias com atribuição de autoria à Tânia Rêgo, conforme consta em http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-02/aeroportos-comida-e-estacionamento-caros-s%C3%A3o-principais-queixas-de-usu%C3%A1rios