Páginas

segunda-feira, 17 de março de 2014

As águas de março não fecharam o verão carioca...




Teme-se que 2014 possa ser um dos anos mais quentes da história brasileira por causa da carência de chuvas. Enquanto ontem caiu granizo em São Paulo durante a partida de futebol ocorrida no Morumbi, eis que o último final de semana de verão no litoral fluminense foi bem quente e ensolarado. A praia até que esteve razoavelmente bem movimentada cá em Muriqui onde pude vender uma quantidade satisfatória de sorvetes mesmo com a concorrência de um bando de vendedores piratas que invadiram a localidade vindo de outros municípios.

Verdade é que, após o término Carnaval, ainda não choveu o suficiente no Sudeste brasileiro para aliviar a falta d'água, a qual tornou-se severa em diversas cidades. A própria capital paulista, apesar de ter chovido mais do que na Cidade Maravilhosa, continua com o seu abastecimento precário. E, se falarmos nas perdas da agricultura, os prejuízos do homem do campo são incalculáveis. Uma conta que, infelizmente, acaba sendo empurrada também para o consumidor final com a alta dos preços dos alimentos nos supermercados. Com isto, as frutas e legumes, além de ficarem mais caros, estão com uma aparência bem feia.

É triste testemunharmos tudo isso, mas o fato é que o ser humano tem sido a causa de todo esse caos climático no planeta. Com todos os alertas dos cientistas, continuamos lançando uma quantidade absurda de CO² na atmosfera e desmatando o pouco que restou da cobertura florestal dos ecossistemas nativos. E, nestes dois aspectos, o Brasil já não tem mais como livrar-se de sua responsabilidade porque já somos considerados um dos principais países poluidores e ainda usamos muito mal a energia disponibilizada pela natureza. Haja vista o abandono dos poucos parques eólicos construídos tardiamente pelo território nacional e até agora não ligados à distribuição do sistema elétrico.

Mas enquanto algumas regiões sofrem com a inesperada falta de chuvas, outras padecem com o excesso de enchentes como se vê em Rondônia com a cheia do rio Madeira. Algo que também se tornou histórico por atingir a marca de 19,12 metros acima de seu nível normal, o que equivale a uma altura de um prédio com mais de seis andares. E, ao visitar o estado afetado neste sábado (15/03), a presidenta Dilma assim comentou, rebatendo as críticas dos ambientalistas de que as hidrelétricas Santo Antônio e Jirau contribuíram para o evento:

"Eu olhei o Rio Madeira, estive no Nordeste, que está na pior seca. Nós temos tido fenômenos naturais bem sérios no Brasil. É possível conviver com o fenômeno. Vamos discutir sim. Rio de planície tem pouco desnível. Não é possível olhar para essas duas usinas e achar que elas são responsáveis pela quantidade de água do Rio Madeira"

Ora, será que a Justiça Federal não se baseou em pareceres técnicos devidamente fundamentados ao determinar que as hidrelétricas refaçam o estudo ambiental sobre os impactos das barragens às famílias ribeirinhas? Afinal, é mais do que justo que decisão liminar judicial obrigue as hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, ambas no rio Madeira, fiquem obrigadas a prestar socorro imediato, com necessidades básicas - como moradia, alimentação, transporte, educação e saúde - às famílias afetadas pela cheia histórica, o que deve ser feito enquanto durar a situação de emergência e até que haja uma decisão definitiva sobre compensação, indenização ou realojamento dessas pessoas.

Embora as duas hidrelétricas possam não ser a única causa imediata da enchente em Rondônia, o certo é que, com todas as alterações climáticas no planeta (muitas delas já causadas por nós brasileiros), seria bem previsível que essa cheia um dia viesse a acontecer por lá potencializada pelas barragens no rio. Pois com toda essa instabilidade provocada no meio ambiente é de se aguardar que outras variações extremas tornem a acontecer e cada vez com maior intensidade. Daí ter sido uma insanidade a construção desses mega empreendimentos na Amazônia, custando bilhões aos cofres da nação, e prejudicando a floresta junto com seus moradores enquanto outras formas limpas de energia continuam mal aproveitadas.

Já nos anos 2000, o belicista presidente norte-americano George W. Bush dizia que, mesmo se o mundo parasse com as emissões de CO², os efeitos acumulados nesses anos todos não seriam revertidos de imediato. Segundo esse argumento por ele exposto, o mundo ainda teria que esperar mais de cem anos sofrendo as catástrofes climáticas futuras. Só que, se de fato as consequências são irremediáveis a curto prazo, melhor é darmos logo um basta antes que a recomposição do equilíbrio ambiental passe a ser de dois séculos ao invés de um e, com isso, a continuidade das futuras gerações fique seriamente comprometida. Diga-se que em relação a isso, os líderes mundiais e as grandes empresas são os maiores responsáveis. Inclusive S. Exa., a Sra. Dilma Rousseff, presidente do Brasil há praticamente quatro anos e sucessora do desenvolvimentismo insustentável iniciado pelos governos passados.


OBS: Foto acima da praia de Copacabana, cidade do Rio de Janeiro, extraída da Agência Brasil cm atribuição de autoria à Tânia Rêgo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário