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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Por uma cesta básica mais saudável e ecológica!




Recentemente deparei-me com uma notícia da Câmara dos Deputados em que o parlamentar peemedebista de Santa Catarina Edinho Bez teria apresentado o Projeto de Lei n.º 5965/13 propondo a inclusão do vinho entre os produtos da cesta básica. Segundo ele, o vinho é considerado, em vários países do mundo, "um complemento alimentar essencial" e que os nutrientes, vitaminas e minerais do produto seriam "capazes de suprir necessidades alimentares do ser humano". Acrescentou ser também o vinho "importante para a circulação, coração, pele, estimulante, entre outras vantagens como alimento", além de apontar outros benefício em favor da vinicultura nacional:

"No ranking mundial do consumo, a Argentina ocupa o 7º lugar, com 30 litros anuais por pessoa. Atualmente a Argentina tem 229 mil hectares de vinhedos e mais de 1.000 vinícolas em funcionamento. O país comercializa 1,3 bilhão de litros de vinho por ano, representando 5% do mercado mundial. O faturamento alcança 2,6 bilhões de dólares, dos quais 77% são gerados no mercado interno e 23% por exportações. Nesse sentido, apoiar o consumo de vinho como um hábito saudável nas refeições do brasileiro, com sua inclusão na cesta básica nacional, incentivará a produção e trará reflexos econômicos altamente positivos para todo o Brasil, notadamente para as regiões de cultivo da uva, como os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina e o Vale do São Francisco, no Nordeste brasileiro."

Embora a ingestão do vinho em pequenas doses possa trazer certos benefícios para a saúde humana, há que se levar em conta o elevado grau de dependência alcoólica da sociedade brasileira em que uma simples cervejinha pode servir de porta de entrada para o uso outras substâncias entorpecentes mais pesadas. Ao receber uma garrafa de bebida, pessoas compulsivas e/ou com um histórico de embriaguez poderão cair nas armadilhas do alcoolismo e das drogas. Além do mais, muitos dos nutrientes e substâncias antioxidantes presentes no vinho podem ser encontradas também no suco de uva tinto integral engarrafado sem a adição de açúcar. E aí, em se tratando de algo muito mais barato do que o vinho, considero adequado o consumo do suco sem estar fermentado.

Por outro lado, deve-se reconhecer que a proposição legislativa do deputado trouxe para o debate nacional a importância de revermos os produtos da cesta básica, o que prefiro fazer sob a ótica da promoção da saúde e da sustentabilidade ambiental. No lugar da carne, a qual passaria para dois quilos no máximo, poderia entrar a proteína de soja. Também alguns produtos naturais ocupariam a lista de alimentos, a exemplo do arroz integral. E o pão de milho ficaria no lugar do pão francês afim de reduzirmos as importações de trigo. Junto com o tradicional cafezinho, teríamos também o chá verde em pó para misturar com água gelada como já comercializa a Herbalife. Finalmente, seriam incluídos vários vegetais como quiabo, abobrinha, jiló, vagem, cenoura, berinjela e abóbora.

Como se sabe, a cesta básica serve de parâmetro para a valoração do salário mínimo no nosso país. Sua criação se deu em 1938, ainda na era Vargas, sendo que, de lá para cá, muita coisa mudou em relação à nutrição. Pois, por mais que os hábitos de nossa população sejam péssimos (atualmente o brasileiro está se tornando preocupantemente obeso), é importante incentivar uma dieta mais saudável entre as pessoas com menos carne, mais vegetais e uma diversidade maior de frutas. Logo, nem os governantes e tão pouco os legisladores deveriam ficar apoiando um tipo de alimentação que tem sido altamente prejudicial. Menos ainda darem bebida alcoólica para o povo.

No que se refere ao meio ambiente, eis que os rebanhos bovinos têm sido os principais responsáveis pela supressão dos ecossistemas nativos, sobretudo o desmatamento da Amazônia. O churrasquinho que as famílias de Norte a Sul do Brasil costumam assar nos fins de semana têm o cheiro de floresta queimada. Isto porque, para se fazer um pasto em estados como Mato Grosso, Pará ou Rondônia, torna-se necessário ocupar extensas áreas verdes, sendo certo que a pecuária requer um espaço muito superior ao da agricultura para alcançar o nível de produtividade exigido pelo mercado.

Com o aumento da população mundial, em breve os hábitos dos habitantes do nosso planeta precisarão ser revistos. Mantendo-se a atual dieta baseada no consumo da carne, o mundo só será capaz de produzir alimentos para no máximo 8 bilhões de pessoas (isto se a distribuição for feita corretamente). Contudo, caso a população venha a ser vegetariana, ou pelo menos diminuir o consumo de carne, poderemos suprir as demandas nutricionais de até algumas dezenas de bilhões. Portanto, mais do que nunca o Congresso precisa rever a composição da cesta básica brasileira.


OBS: Ilustração acima extraída de uma notícia da Câmara dos Deputados conforme consta em http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/CONSUMIDOR/462063-CAMARA-ESTUDA-PROPOSTA-QUE-INCLUI-O-VINHO-NA-CESTA-BASICA.html?utm_campaign=boletim&utm_source=agencia&utm_medium=email

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