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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Buscando forças nas cavernas da vida



O Salmo 142, apesar de não ser encontrado nos dois primeiros livros do saltério, é considerado como um poema "histórico". Isto porque o seu título nos diz que Davi teria orado dessa maneira quando estava numa caverna (1Sm 22:1 ?), possivelmente sentindo-se exaurido por causa das perseguições de Saul como se verifica nos versos 3 e 4:

"Quando dentro de mim me esmorece [desanima] o espírito, conheces a minha vereda. No caminho em que ando, ocultam armadilha. Olha à minha direita e vê, pois não há quem me reconheça, nenhum lugar de refúgio, ninguém que por mim se interesse." (Sl 142:3-4; ARA)

Impressionante como que o autor sentiu-se interiormente solitário em sua luta! Apesar da unção recebida pelo profeta para que reinasse sobre Israel no lugar de Saul (1Sm 16:13), Davi foi tido por uns tempos como um fugitivo sem ninguém que reconhecesse seu valor e apoiasse sua luta. Faltou-lhe muitas das vezes um lugar seguro para esconder-se do perseguidor. Restavam assim as cavernas como esconderijos no meio da escuridão, entre os animais do campo e na natureza selvagem, numa época em que lobos, ursos e leões compunham a extinta fauna do Oriente Médio de três milênios atrás (antes de surgirem os grandes impérios mundiais).

Nos dias de hoje, a vida da gente pode não se desenrolar num cenário geográfico semelhante ao da narrativa sobre o rei Davi. A maioria dos brasileiros mora e trabalha em cidades sendo que não estamos acostumados mais a ter um inimigo físico procurando no assassinar usando do poder estatal. Porém, em diversos momentos, surgem fatos ou pessoas que tentam roubar nossa paz, nossa alegria, a esperança, a dignidade do ser humano no meio social, nossa auto-estima e o ânimo de viver. É aí que nos identificamos com as cavernas existenciais. É quando a alma humana esconde-se dentro de si mesma ansiando por proteção porque falta quem possa ouvir atentamente toda a história que temos para contar e se propor a defender nossa causa.

Para onde ir numa hora dessas?!

Mesmo emocionalmente abalado (afinal o salmista era humano), o autor fez de Deus o seu único refúgio quando clamou em oração. Ele não se apoiou em nenhuma outra coisa nesta vida! Reconheceu como sua herança o SENHOR. Pois mais ninguém do que Aquele quem criou todo o Universo, encheu a terra de seres e fez do homem um ser vivente poderia trazer o livramento desejado.

Por que não agimos assim quando somos mal tratados, caluniados, ofendidos, desprezados, incompreendidos e abandonados?

Onde está a nossa fé nessas horas tempestuosas?

Ou agente prefere ficar olhando para o tamanho do problema?

Entretanto, o poeta bíblico pré-anunciou a sua gratidão e celebrou antecipadamente a vitória como é característica de muitos outros salmos nas Escrituras Sagradas. Pois, ainda que não estivesse vendo um resultado favorável com os olhos naturais, a fé lhe trouxe claridade suficiente em seu espírito para transcender diante de cada situação rompendo limites:

"Tira a minha alma do cárcere, para que eu dê graças ao teu nome; os justos me rodearão, quando me fizeres esse bem" (verso 7)

Eis aí um grande segredo contido nas páginas da Bíblia! Sempre que estivermos passando por uma aflição, devemos nos lembrar das coisas boas. Não importa a dificuldade enfrentada! As bênçãos precisam ser profetizadas com a boca e no nosso coração, como um exercício de fé, cientes de que, em Cristo, já somos mais do que vencedores.

Que possamos buscar a Deus  em quaisquer circunstâncias pela via da oração. Ele nos libertará de todas as nossas prisões.

Louvemos o Nome do Eterno! Aleluia!


OBS: Imagem extraída do acervo virtual da Wikimedia Commons referindo-se ao interior de uma caverna no norte do estado do Alabama, Estados Unidos da América, onde se observam os exploradores James "Jorge" Roberts (centro) e Laerence Najjar (parte inferior à esquerda), em 24/04/2005, com atribuição de autoria ao usuário da Wikipédia Ky MacPherson. A foto foi encontrada em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Alabama_cave_2005-04-24.km.jpg

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