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terça-feira, 2 de julho de 2013

Os ônus dos protestos de junho



Segundo uma recente pesquisa feita pelo Datafolha, divulgada ontem (01º/07), a maioria dos entrevistados consideraram que os protestos ocorridos no mês passado trouxeram mais benefícios para o país do que malefícios.

Não podemos jamais esquecer que houve aspectos positivos e também negativos nessas manifestações. Se, por um lado, a sociedade brasileira obteve vitórias como, por exemplo, evitar o aumento nas elevadas tarifas dos transportes urbanos, ampliar a quantidade de recursos financeiros destina dos para a educação e pra saúde, bem como enterrar de vez a PEC 37, deixamos de lucrar com o turismo internacional nesse período de eventos esportivos dentre outras coisas mais.

Não se justifica haver manifestações violentas nas proximidades dos estádios e menos ainda a provocação de torcedores que estavam assistindo a final da Copa das Confederações num bar da Tijuca, Rio de Janeiro, como foi amplamente noticiado pela imprensa. Trata-se de um incontestável atentado contra a liberdade das pessoas que têm o pleno direito de se divertirem e não tomarem parte em protestos por mais pacíficos que sejam.Um quer festejar o gol do Neymar e o outro reclamar do desperdício do dinheiro público na reforma do Maracanã. Então, basta as pessoas saberem se respeitar e não esquecerem que a cidade do Rio de Janeiro é bem extensa para ambas as manifestações.

O direito de protestar faz parte da democracia, é legítimo, mas deve ser exercido sempre de maneira ordeira. Como militante de causas sociais há vinte anos, acrescento que importa fazermos tudo sabiamente, com equilíbrio e ética para o resultado ser alcançado sem prejuízos a ninguém.

O que podemos dizer das agressões ocorridas nesses últimos dias em nosso país devido aos protestos?

Valeu a pena terem ocupado um viaduto em Belo Horizonte para o jovem de 21 anos Douglas Henrique de Oliveira despencar-se dali e morrer no dia 27/06?

"Filho de pais separados, Douglas tinha duas irmãs, de 12 e 23 anos, e trabalhava como metalúrgico há mais de um ano. O rapaz morava em Contagem, na região metropolitana. “Ele era um jovem participativo. Se estava no protesto, não era por vandalismo”, comentou o tio Rogério Caetano. Segundo a família, Douglas foi para a capital mineira para terminar o ensino médio e planejava voltar a estudar em 2014." (Fonte G1)

Do que adianta fazer manifestação na porta de um estádio se o local de decisão política não é ali? Quem comparece a uma partida de futebol, por mais consciente que seja dos problemas da humanidade, quer desfrutar ali do seu caro momento de lazer com a família e não está afim de passar por constrangimentos ou se aborrecer justo no fim de um domingo. Ainda mais sendo um jogo internacional em que o turista estrangeiro, em via de regra, não tem a mínima vontade de se meter nos nossos problemas internos. 
Curioso, mas quando o governo Lula não mediu esforços para o Brasil sediar o Mundial, quase ninguém reclamou e, somente agora, um anos antes, foi que as manifestações pipocaram levantando tardiamente a bandeira de que "não vai ter Copa". Não seria incoerente quererem perturbar a realização de um evento justo agora?
Nossa seleção foi um sucesso. Nota dez para o Felipão e pro Parreira! Mas o evento não alcançou o resultado econômico desejado conforme o potencial turístico do Brasil. Torcedores estrangeiros devem ter ficado com medo daquelas cenas de violência assistidas pelo mundo inteiro e, na certa, muitos cancelaram os planos de virem ano que vem para cá. Se tudo estivesse correndo bem, talvez a Realeza espanhola até pudesse ter vindo ao Rio no dia 30. Porém, o que se viu foi a ausência das principais autoridades brasileiras naquela festa e um protesto inconveniente por quem deveria ter se concentrado para apresentar uma coreografia no campo antes da partida começar e foram retirados dali corretamente.
Agora que os estádios estão modernizados e reformados, precisamos recuperar o dinheiro investido deixando a bola rolar em paz. Que tal recebermos o turista de braços abertos em 2014 como a simbólica estátua do Cristo Redentor, sem bagunças e sem violência, mas com acolhimento, hospitalidade, disciplina e aquela alegria bem característica da nossa gente em todos os tempos? 
Sugiro resolvermos o encaminhamento das nossas questões políticas apropriadamente e fazermos do próximo ano uma grande festa no país inteiro. Lembremos ao menos da economia e das oportunidades de trabalho e de renda geradas por ocasião do Mundial! Por isso, proponho aos meus compatriotas que desenvolvam essa consciência para o bem da nação. Chega de protestos burros! As manifestações de rua, por mais legítimas que sejam, não são a única maneira de nos expressarmos e se tornam vias inconvenientes quando os vândalos começam a se aproveitar.

OBS: Foto extraída do site da Agência Brasil com atribuição de autoria a Antonio Cruz.

4 comentários:

  1. Todo prejuízo que possa ter acontecido por causa das manifestações não é nada perto do que os políticos, corporações e bancos vem fazendo a anos com o Brasil.

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    1. Concordo que os prejuízos causados pelos políticos superam, mas nós, cidadãos, poderíamos pensar em maneiras de reduzirmos os ônus dos protestos. Inclusive estudarmos outras maneiras de nos expressarmos. Que tal fazermos audiências públicas e oficinas de debates nas cidades?

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  2. Desde o inicio eu fiquei com um "pé" atrás desses protestos. Deixando de lado os vandalos, os demais poderiam estar até com boa intenção. Porém parecem ter esquecido que qualquer redução no preço de um serviço público alguém vai ter que pagar a conta. E acredito que essa conta no final de tudo vai sair dos nossos bolsos (com aumento de imposto) ou tirando dinheiro de áreas vitais como saúde e educação.
    Nada sai de graça, e alguém acreditar que empresários vão se sensibilizar e aceitar redução dos seus lucros é conversa mole. E me desculpe a franqueza, mas certamente a maioria desses "indgnados" nem sabe em quem votou na última eleição e não assume que seu voto contribuiu para esse quadro que vivemos hoje.
    Também duvido que muitos conheçam todo o teor da PEC 37 e muito menos quem apresentou esse projeto.
    E a maioria dos que protestaram souberam criticar a tudo e a todos, mas não tiveram capacidade para apresentar propostas para resolver o assunto sobre o qual tanto protestaram.

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    1. Boa tarde!

      Penso que a maioria do que protestaram desejaram expressar o sentimento de indignação contra a corrupção e a falta de respeito dos governantes pela coletividade.

      Os protestos começaram por causa da questão do preço dos transportes, mas acabaram despertando na população brasileira o desejo sufocado de externar essa insatisfação contra todos os governos. Tanto é que tanto a presidenta quanto os governadores e prefeitos foram alvos das manifestações.

      Minha maior preocupação, todavia, foi mesmo com os vândalos. A maneira como parte do povo brasileiro resolver expor esse sentimento de indignação acabou oportunizando a ação daqueles que não têm um pingo de compromisso com a democracia. Não se estabeleceu o indispensável diálogo e a maioria dos protestos degeneraram em baderna pela má conduta de minorias.

      Enfim, o que assistimos foi o reflexo da nossa deficiente educação e falta de formação política.

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