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sábado, 15 de junho de 2013

O batismo de Jesus e a humanidade do líder



"E aconteceu que, ao ser todo o povo batizado, também o foi Jesus" (Lucas 3:21a; ARA)

Considero exemplar a atitude de Jesus em submeter-se ao batismo de João.

Como havia exposto na postagem anterior, o ato praticado por João era um "batismo de arrependimento" (Lc 3:3). Um ritual aplicado ao estrangeiro convertido à religião judaica mas que João resolveu direcionar aos próprios compatriotas, dando a entender que também o israelita precisava de uma mudança interior para fazer parte de verdade do povo de Deus.

Certamente quem aceitasse o batismo de João estava assumindo publicamente a sua condição de transgressor, de não ter sido um israelita merecedor de sua filiação ao patriarca Abraão (v. 8). Porém, quanto ao Messias esperado, aquela voz que clamava no deserto nem se considerava digna "de desatar-lhe as correias das sandálias" (v. 16).

Ao apresentar-se para o batismo, Jesus identificou-se com os pecadores. O desempenho do papel messiânico, de ser um líder espiritual para a sua geração, não seria motivo para distanciar o nosso Senhor do restante do povo. Ainda que o Cristo tivesse vindo com a missão de ensinar, ali Jesus colocou-se na condição de aprendiz e inteiramente dependente da graça de Deus igual a todos os homens.

Quantos líderes hoje em dia cultivam essa compreensão em seu íntimo?

Quantos não se esquecem de sua vulnerabilidade, chegando a perder a consciência da natureza humana que têm, quando passam a se esconder por trás de um cargo ministerial?

Não sigo o catolicismo romano, mas gostei muito quando, neste ano, o atual papa se declarou pecador. Pois, embora Francisco I não tivesse falado para mim nenhuma novidade (papas, padres, pastores e freiras são gente de carne e osso), sei que muitos devotos idealizam excessivamente seus líderes. E, entre os evangélicos, também não é muito diferente a ponto de vários pregadores ocultarem suas fragilidades diante do público. E, se comentam algo sobre erros do passado, não ousam expor as dificuldades que passam no presente.

Só que com nosso Senhor Jesus Cristo não foi assim!

"e, estando ele a orar, o céu se abriu, e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea como pomba; e ouviu-se uma voz do céu: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo" (Lc 3:21b-22)

Humilhando a si mesmo, Jesus estava disponibilizando o seu coração para receber a unção divina. Seu ato tornou-se agradável a Deus que o chamou de "filho". O ministério messiânico pôde então começar e tudo o quanto Jesus fizer a partir daí será na dependência da direção do Espírito Santo. Com isto, o evangelista nos mostra como os líderes de todas as épocas deverão se portar quando estiverem fazendo a obra do Senhor.


OBS: A ilustração acima refere-se ao quadro Batismo de Cristo, pintado por volta de 1623 pelo artista italiano Guido Reni (1575-1642). A obra encontra-se no Museu de História das Artes de Viena, Áustria.

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