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domingo, 2 de junho de 2013

A disciplina para alcançarmos aquilo que desejamos

Na noite de sexta-feira para sábado, o Globo Repórter exibiu uma instrutiva matéria sobre o Camboja e o Laos, dois países bem exóticos do Sudeste Asiático. Achei interessantíssima! Algo que muita gente deveria assistir depois da emburrecedora novela das nove, a qual acrescenta muito pouco em termos de qualidade cultural.

A Glória Maria, uma das repórteres que muito admiro pelo seu gosto por viagens, mostrou-nos ali os ursos do Parque de Kuang Si, alguns dos incontáveis templos budista encontrados naqueles países, entre os quais as torres sagradas de Angkor Wat, as gigantes estátuas do Buda e os rituais religiosos deles. Segundo informou a matéria, "as cerimônias religiosas fazem parte do dia a dia de quem vive no Laos. Eles têm rituais para quase tudo"

No entanto, houve algo que me chamou muito mais a atenção do que aquelas enormes esculturas do Buda Parque que reúne ecumenicamente estátuas hinduístas e budistas. Parei para refletir sobre um doloroso exercício feito por umas crianças, caminhando sobre uma roda de pontas agudas, afim de conseguirem boas notas na escolas:

"(...) No meio do parque, a equipe do Globo Repórter encontrou meninas que parecem brincar. Quando chegamos mais perto, percebemos que não era uma brincadeira. Era uma espécie de penitência para conquistar um desejo. Elas têm que dar três voltas pensando firme no que elas querem. Não podem cair, não podem reclamar. Se elas conseguirem, o desejo delas vai ser realizado. É duro, é pontudo, dói. Tem que ter um desejo muito forte. Tem que estar muito a fim de conseguir alguma coisa para suportar essa dor. Para que tanto sacrifício? Bem, o pedido delas é simples: querem apenas tirar boas notas na escola (...)" (Extraído do site do Globo Repórter na internet) 

Pensando sobre aquilo, concluí que, na prática, as meninas não estavam fazendo nenhum um ato de superstição ou de pura crendice religiosa. Notei foi uma auto-disciplina capaz de tornar fortes as crianças para perseguirem o que elas realmente querem na vida.

Em nossa frágil cultura, é muito frequente desejarmos mil coisas, elaborarmos planos e, durante os primeiros passos da caminhada, abandonarmos tudo. É comum jovens ingressarem numa faculdade e desistirem rapidamente do curso que escolheram. Pessoas entram na dieta afim de perderem alguns quilos e, em menos de poucas semanas, já estão se enchendo de doces, frituras, churrasco, cerveja, etc.

Não acho que precisamos ficar diariamente dando três sofridas voltas em torno de uma roda de pontas agudas ou menos nos submetermos a um aculturador processo de orientalização. Nada disso! Porém, penso ser necessário buscar a definição do desejo que temos e lutarmos por ele.

Na visão de mundo dos orientais, os atos externos interagem com o nosso interior e se tornam ferramentas para que a pessoa dê um direcionamento a si própria. As práticas de ioga e de meditação também estão de acordo com essa linha de pensamento deles que, a meu ver, são muito saudáveis e adaptáveis a qualquer cultura independente da religião seguida. De acordo com o saudoso rabino Aryeh Kaplan, os judeus antigos também meditavam, aplicando, obviamente, princípios bíblicos ao que faziam.

Pode-se dizer que o desejo seria um tipo de sentimento caracterizado por uma atitude mental do sujeito em relação ao mundo. Sendo algo subjetivo e não objetivo, podemos facilmente cair nas armadilhas do auto-engano. Por isso, é importante cada um conhecer melhor a si próprio. Coisa hoje em dia muito difícil de realizar numa sociedade cheia de distrações e de fortes apelos consumeristas.

Sem dúvida que para muita gente será necessário algum exercício externo capaz de nos ajudar. Lembrar sobre o que faziam aquelas crianças asiáticas do Laos, desejosas de melhorarem o rendimento escolar, certamente serve de excelente inspiração para que encontremos ao nosso modo maneiras de educar a mente e o corpo. Quando estivermos malhando numa academia de musculação ou fazendo uma rotineira caminhada, podemos dispensar alguns minutos refletindo sobre os nossos desejos e as metas para alcançá-los. Talvez a ginástica fique até menos cansativa.

O que você realmente quer? E o que tem feito para conseguir chegar lá? Sã perguntas que devemos tentar responder para nós mesmos.

Tenha um domingo abençoado!

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