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sexta-feira, 19 de abril de 2013

A incompletude do conhecimento humano

"Apliquei o coração a conhecer a sabedoria e a saber o que é loucura e o que é estultícia; e vim a saber que também isto é correr atrás do vento. Porque na muita sabedoria, há muito enfado; e quem aumenta ciência aumenta tristeza" (Eclesiastes 1:17-18; ARA)

Por que razão o escritor sagrado disse que "na muita sabedoria há muito enfado"?

Refletindo sobre tal afirmação, percebo que o homem nunca cessa de buscar respostas apesar de jamais encontrá-las satisfatoriamente. As maiores frustrações dos físicos do século XX foram as tentativas de elaborar uma "teoria de tudo". Ou seja, de compor uma teoria capaz de unificar todas as leis da natureza, o que é uma antiga ambição intelectual dos velhos pensadores gregos desde os tempos socráticos e pitagóricos. Nem Albert Einstein chegou lá!

Pode ser que a teoria das cordas, sendo melhor confirmada pelo método indutivo através de estudos futuramente lançados no espaço nesta e na próxima década, traga todos os esclarecimentos que os nossos físicos de hoje tanto necessitam em relação às leis da gravidade. Quando isso algum dia acontecer, talvez a ciência equacionará por algum tempo todos os princípios que regem os fenômenos físicos conhecidos até que se façam novas descobertas. E aí os fundamentos de uma determinada disciplina correm sempre o risco de sofrer abalo diante de cada novo horizonte descortinado.

Em 1894, o Nobel Albert Abraham Michelson (1852-1931) disse na Universidade de Chicago que seria impossível descobrir alguma novidade na Física. Porém, em uns seis anos, chegou a revolução quântica (1900) e, pouco depois, Einstein descobriu a teoria da relatividade (1905).Igualmente, o filósofo positivista francês Augusto Comte (1798-1857) afirmava ser impossível saber a verdadeira natureza da matéria, mas hoje ninguém mais duvida da existência do átomo e até a estrutura elementar dos seres vivos foi desvendada - o DNA.

Tanto na Física quanto em outras ciências é preciso preservar a humildade. Nosso conhecimento parece ser insuficiente para solucionar todas as respostas porque novas indagações surgirão na mente humana criando outras inquietações. E, nessa exaustiva e infinita busca pelo conhecimento, suponho que nunca encontremos a satisfação necessária porque aquilo que procuramos não se encontra palpável no Universo externo. Está dentro da gente!

Não será nos templos da peregrinação religiosa e nem nos laboratórios da experiência científica que o homem achará Deus (muito embora o Eterno esteja em todos os lugares). Mas é no coração que podemos conhecer o nosso Criador e alcançar a tão desejada paz mesmo que não vejamos a sua face.

Em sua experiência sagrada no Monte Sinai, Moisés pediu a Deus que lhe mostrasse a sua glória (Êxodo 33:18). Pretendia ele ver o SENHOR e conhecer os seus mais profundos segredos. Porém, o Altíssimo respondeu-lhe que aquele pedido não poderia ser realizado. O profeta teria que se conformar em ver Deus "pelas costas" (verso 23), significando que, na fisicalidade, precisamos perceber nosso Criador por meio de suas obras.

Sendo assim, não diria que seja de total inutilidade o estudo científico da matéria. Pois, quando nos compenetramos a partir de qualquer situação analisada, agindo de um modo verdadeiro, autêntico, sincero, com todo o nosso desejo, alcançamos um vislumbre da essência divina. E aí tal concepção, ainda que parcial, torna-se suficiente para satisfazer a sede existente em nosso interior, devendo o experimentador manter-se na contemplação da origem de todas as coisas que corresponde ao estado genuíno de adoração do espírito.

Para alcançar esse gracioso estado em nossas vidas é preciso fé. A fé que move montanhas (ou nos transporta espiritualmente aos montes sagrados) pode ser exercida tanto por um grande cientista quanto por um homem de vida simples. E, em qualquer caso, temos que nos esvaziar dos próprios conceitos intelectuais e abrir no coração o espaço necessário para a Divina Glória entrar.

Assim, dando um sentido a essa busca pessoal, ao invés de se perder na exaustão da compulsividade, cientistas e pessoas humildes têm crido em Deus. Cada um dentro de sua própria experiência de vida. O astrônomo pelo estudo da Física no Universo enquanto o homem comum do povo pela vivência do seu cotidiano observando as causas e as consequências dos acontecimentos que o cercam. Uma via talvez bem mais rápida do que sair analisando o movimento das galáxias. Só que cada um tem a necessidade de percorrer um caminho próprio até encontrar-se com o seu Criador. Eis aí a grande beleza plural das conversões.

Bendito seja Deus, o Grande Arquiteto do Universo!

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