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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Até que ponto o movimento estudantil pode ser benéfico para o aluno?



Analisando minha própria vida, eu, que fui uma liderança estudantil numa cidade mineira durante uns anos da década de 90, faço hoje certas ponderações.

Como se dá o envolvimento dos alunos com tal movimento de jovens dentro e fora de suas escolas? Até onde que isso pode ser proveitoso para a vida acadêmica?

Aos olhos de muitos, a política estudantil é uma oportunidade para o secundarista (ou o universitário) aprender o exercício da cidadania lutando por seus direitos, defendendo causas de relevãncia coletiva, votando nos seus representantes, etc. Já para as mentes mais conservadoras ou retrógradas, os rapazes e moças que se metem nisso seriam um bando de "baderneiros" e "gente desajustada".

Encontramos uma dose de razão em toda crítica em via de regra, o que não nego. Posso questionar as motivações ruins de quem fala mal de algo, mas não tenho como deixar de considerar os aspectos negativos de uma situação (o preço que se paga por se dedicar a algo). E aí uma das consequências que geralmente ocorre com o aluno seria o seu afastamento do foco principal do estudante - aprender.

Enquanto estamos estudando, muitas são as distrações que podem nos afastar do alvo. Seja a TV, a internet, hábitos errados tipo ouvir música enquanto se lê um texto, a preguiça, a indisciplina, a falta de horário, as festas em excesso, uso de álcool/drogas, dentre outras coisas mais. Problemas familiares, de relacionamentos amorosos, crises pessoais, cobranças no desempenho escolar e tantas outras coisas também interferem na produção acadêmica propiciando as situações de fuga. Então, uns lidam com mais maturidade diante dos problemas enquanto outros não os superam.

Assim, é preciso reconhecer que cada ser humano tem suas próprias dificuldades. O jovem não deve alienar-se da vida social por causa dos estudos a ponto de não mais distrair a mente. Daí eu entender que tanto as festas quanto o movimento estudantil em doses certas fariam bem e não mal. Claro que, em épocas de prova, é preciso restringir a participação em atividades não compatíveis mantendo-se a consciência quanto à responsabilidade com o próprio futuro.

Mais do que nunca o movimento estudantil não pode tornar-se uma fuga dessa responsabilidade, algo que, infelizmente, muitas lideranças e organizações políticas se aproveitam. Pois, percebendo que o jovem anda desajustado com a escola e com a vida, existem aquelas pessoas maliciosas dispostas a recrutar militantes a qualquer custo sempre de olho nos interesses próprios (ou do partido). Mesmo que, por causa disto, venham a causar prejuízo ao futuro acadêmico e profissional de um aluno.

Como prevenir tais problemas? O que os pais, a escola e as lideranças políticas conscientes podem fazer?

Penso que a solução esteja em se promover uma vida com equilíbrio e disciplina para o jovem. Os educadores, além de despejarem conteúdo programático dentro da sala de aula, precisam andar atentos com a motivação dos estudantes afim de que a aprendizagem torne-se algo prazeiroso e haja consciência de como equilibrar a qualidade das matérias lecionadas pela instituição com qualquer outra atividade complementar ou extra-classe. Inclusive com o envolvimento na política estudantil.

Hoje, com meus quase 37 anos de idade, não me arrependo totalmente de ter feito política estudantil há uns dois decênios atrás, mesmo tendo cometido inúmeros erros. Ganhei a eleição do grêmio do tradicional Instituto Granbery da Igreja Metodista, tornei-me também membro da União Juizforana de Estudantes Secundaristas (UJES), tomei participação em passeatas, fui a um protesto em Brasília escondido da família, consegui chegar a uns centímetros de distâcia do presidente em exercício Itamar Franco que fora vice do Collor e ainda trabalhei compulsivamente pela organização de umas quarenta agremiações em escolas afim de tentar disputar a entidade municipal da qual tinha feito parte da sua diretoria, coisa que não realizei. Tudo aquilo fez parte de minha história de vida apesar de eu ter deixado de aproveitar melhor os dois últimos períodos do então denomindado segundo grau de modo que me restou mesmo foi o aprendizado com a vida.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O que esperar do futuro papa?



Não tenho dúvidas de que, por trás dessa tão falada renúncia do Bento XVI, estão interesses da Igreja Católica por uma renovação. Até aí, poucos analistas têm dúvidas. Afinal, o Vaticano tem enfrentado escândalos, inclusive envolvendo denúncias sobre pedofilia de alguns padres com uma suposta omissão do atual pontífice.

Entretanto, não sinto que seja isso o motivo real da mudança e menos que o papa esteja se sentindo tão cansado assim.

Nos últimos anos (e décadas), a Igreja Católica tem perdido muitos adeptos no mundo. Não apenas no Brasil milhões passaram para o protestantismo como também na Europa há catedrais virando museus por falta de interesse religioso da população de lá. E tenho por certo que o Vaticano está é mais preocupado com o número do rebanho.

Pois bem. Então o que esperar do futuro papa? Como ele agirá?

Qual ala da Igreja representará mais?

Sinceramente, duvido muito que vejamos um líder progressista que, por exemplo, aceito casar homossexuais. Menos ainda que ele venha a pender para o lado da Teologia da Libertação preocupando-se em eliminar as causas da miséria social. Logo, o que provavelmente deve acontecer será um personagem mais dinâmico em sua comunicação e sensível a algumas questões que saberá dosar o conservadorismo com as necessidades do proselitismo religioso.

Enfim, acho que o futuro próximo pope possivelmente será um conservador com uma aparência mais moderna.

Três meses vendendo picolé



Dia 20 deste mês, completaram três meses que tenho vendido picolé na praia. Uma experiência que, em outros tempos, meu ego talvez não admitisse.

No entanto, não me envergonho desse trabalho. Graças a esta porta que Deus me abriu, consegui pagar minhas dívidas, a quota única do IPTU do imóvel onde moro em Muriqui e ainda a anuidade da OAB que, neste ano, sofreu alto reajuste.

Neste tempo todo, tive momentos bons e outros difíceis. Em algumas ocasiões em que, devido às chuvas frequentes ou ao movimento fraco, não vendi nem 20 sorvetes no palito. Já no período do Carnaval, mesmo competindo com muitos vendedores vindos de fora, conseguia fazer 100 reais em poucas horas de trabalho. Porém foram dias bastante cansativos em que folguei apenas nos sábados.

Poucos entendem por que não trabalho aos sábados, mas é que busco seguir o 4º mandamento da Bíblia - o shabat. Pra mim, não existe obrigatoriedade de descansar justamente no sábado, mas foi o dia que melhor me serviu desde que passei a observar o preceito por volta de 2008 quando tinha compromissos com a igreja aos domingos. Experimentei e deu certo!

Vender picolé na praia não é coisa tão fácil assim. O desgaste físico é grande. O ambulante expõe-se a insolação, a problemas vasculares e a desenvolver um câncer de pele. Daí a necessidade frequente do uso de um bom protetor solar de modo que minha esposa costuma me lembrar deste importante detalhe quando saio de casa.

Não tenho pretensões de ficar vendendo picolé na praia o resto da vida pois quero ampliar minha capacidade de renda. Voltar para a antiga profissão de advogado não sei se quero porque detesto qualquer coisa que me prenda (e ainda estou vinculado a umas poucas dezenas de processos judiciais). E, assim, posso dizer que sair andando pela praia gritando "olha o picolé" preenche um pouco essa minha necessidade de deslocamento no espaço que antes tentava saciar pelas caminhadas no meio rural.

Será a venda de picolés uma terapia pra mim?

Talvez sim. Por mais que eu veja os mesmos pontos geográficos quando estou andando pela praia de Muriqui (Jaguanum, Restinga de Marambaia, parte da Ilha de Itacuruçá, Ilha Grande e outras praias da Baía de Sepetiba), a paisagem nunca é a mesma. O céu com suas sempre está diferente e Deus sempre nos reserva uma experiência nova. Algo que vem para nos ensinar.

Um dos ensinamentos que tenho recebido com a venda de picolés diz respeito à valorização do trabalho. Logo que comecei, procurei saber qual era o preço dos outros vendedores para não ter problemas com ninguém. Disseram-me que o preço era de R$ 2,00 por cada picolé. Mas não demorou muito, eu estava fazendo promoções tipo "3 por R$ 5,00" ou "pague três e leve quatro". Comecei a arrumar encrenca e não demorou para meus colegas chamarem a minha atenção. Até o meu fornecedor veio me dar um toque.

Com o tempo, vi que o cartel dos vendedores na praia era mais do que justo (nem tudo o que é legal é justo). As coisas andam muito caras e o serviço tem que ser valorizado. Afinal, entregamos o produto no local onde o cliente se encontra sem que este precise se levantar, caminhar a alguma sorveteria, entrar numa fila e retornar com o picolé começando a derreter.

Assim, estou aprendendo algo que deveria ter posto em prática logo que comecei a advogar em 2005. Deveria ter valorizado mais o tempo que passei numa faculdade e cobrado pelos serviços. Não deveria ter dado tanta consulta e orientação de graça para as pessoas. Deveria ter sido mais profissional, talvez montado um escritório ao invés de atender na própria residência, e procurado praticar o mesmo que outros colegas mais experientes já faziam.

Esta manhã estou um pouco cansado porque trabalhei cerca de oito horas direto ontem. Neste momento, estou em Mangaratiba digitando o texto num local de acesso grátis da Prefeitura. Tenho um compromisso às 10 horas e, à tarde, pretendo estar novamente caminhando na areia de Muriqui. Se Deus quiser.


OBS: Imagem extraída da Wikipédia em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Icepop-green.jpg

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Quando a injustiça vem de baixo...

Aquele conhecido ditado sobre ter "cada povo o governo que merece" trás em si uma boa dose de verdade.

Numa democracia com eleições diretas, escolhemos candidatos com os quais nos identificamos. Exceto quando se vota completamente enganado em que o cidadão define quem será o seu representante na política esperando o bem geral da nação.

Quais seriam as reais motivações do eleitor brasileiro? Estaria ele tão interessado em corrigir as injustiças sociais ou as pessoas seriam o tempo inteiro manipuladas para idealizarem algo na figura de um candidato através de inteligentes jogadas de marketing?

Penso haver vários fatores influenciando a decisão popular no momento das urnas. Não pretendo com este texto abordar todas elas. Porém, quero lembrar que o eleitor pode ser tão iníquo quanto os seus representantes eleitos que o oprimem. E isso fica mais claro ainda quando temos as proporcionais para deputado e vereador. É aí que surgem as trocas de favores num nível mais pessoal, compra de votos, aquelas promessas de emprego, festinhas regadas a álcool (ou quiçá drogas ilícitas), concessões de aposentadoria por meio de esquemas corruptos no INSS, a prestação de serviços de saúde com cartas marcadas no SUS, falta de transparência nas concessões do comércio de rua tipo licença para ambulante, etc.

Certamente que o eleitor, ao aceitar submeter-se a esse sistema, está, em maior ou menor grau, compactuando com a injustiça procurando tirar proveito próprio. E aí não condeno aqueles cidadãos que se acham num verdadeiro estado de necessidade. Porém, critico as pessoas que ganham com a corrupção mesmo levando uma menor vantagem ou sofrendo prejuízos maiores na execução de outros serviços públicos como sempre mal prestados.

Segundo a legislação criminal brasileira (art. 24 caput do Cód. Penal), o "estado de necessidade" ocorre quando a pessoa pratica algo para salvar-se de um perigo atual inevitável não provocado por sua vontade. Eu, porém, prefiro até alargar esse conceito legal e entendo que situações extremas de pobreza podem mesmo condicionar o ser humano na escolha de uma decisão eticamente incorreta. E aí devemos sempre levar em conta o aspecto da auto-disciplina diante da impulsividade. Ou seja, não se pode exigir genericamente um padrão elevado de comportamento por causa de um conservadorismo cego.

Por outro lado, a pobreza não pode servir de desculpa capaz de justificar as atrocidades cometidas pelo próprio povo em que muitas das vezes assistimos na novala da vida real: o pobre massacrando outro pobre. Diz a Bíblia que Moisés precisou fugir do Egito quando tentou acalmar certa briga entre dois compatriotas seus. Primeiramente, ele tinha livrado um hebreu de ser espancado por um egípcio. Porém, no dia seguinte, quando tentou corrigir uma situação de injustiça entre dois israelitas, verificou que estes mesmos o teriam traído entregando-o ao rei pelo episódio anterior  (o texto de Êxodo 2:11-15 deixa implícito que  somente um hebreu poderia ter testemunhado o fato e delatado Moisés ao faraó).

Curioso como o sofrido povo é capaz de apunhalar quem resolve defender as suas causas coletivas! Por acaso muitos brasileiros não fizeram o mesmo na época do regime militar, na ditadura de Vargas e em outros períodos opressores da nossa triste história?Em que seríamos de tão diferentes daquela antiga geração de escravos do monarca egípcio, os quais foram relatados nas Escrituras da Bíblia como exemplos negativos para toda a posteridade?

Semelhante a Moisés, Jesus foi traído por quem o seguia de perto como discípulo e teve a sentença de morte confirmada pela multidão que estaria presente no seu julgamento perante Pilatos. Multidão esta que teria sido destinatária de suas mensagens de libertação por uns três anos de ministério pelas terras de Israel. Multidão que ali foi incapaz de reconhecer a figura de seu Salvador, optando pela escravidão do sistema político, econômico e religioso iguais aos seus ancestrais no Egito.

Sem dúvida que essa é a realidade a ser enfrentada por todos nós quando abraçamos as causas populares. Corremos o risco de ser mal compreendidos, ridicularizados, traídos e injuriados por quem estamos servindo. Só que, se formos incapazes de superar  tal desafio, jamais faremos diferença alguma na história. Pois os verdadeiros revolucionários são aqueles que  não apenas lutam contra a opressão de fora ou de cima, mas combatem autenticamente toda forma de injustiça. Inclusive a que vem de baixo e dentro de nós.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

É preciso valorizar mais o turismo interno!


Mês passado, os telejornais da Globo mostraram a quantidade enorme de brasileiros que andam visitando países do estrangeiro. Pessoas têm embarcado para Nova Iorque afim de pegarem gripe no rigoroso inverno que faz na terra do Tio Sam.

E mais! Os brazucas andam torrando milhões de reais em roupas de marcas e nas novidades tecnológicas que daqui uns meses se tornarão mercadorias ultrapassadas lá e aqui...

Quanta falta de gosto não é mesmo?!

Por que não aproveitar o delicioso verão do Hemisfério Sul?

No Nordeste, praia é o que não falta. Aqui no Sudeste, temos as maravilhas do litoral paulista, fluminense e capixaba, sem esquecer das lindas cachoeiras de Minas Gerais, terra de muitas montanhas. Até no Sul faz bastante calor nesses dois primeiros meses do ano!

Que os hotéis brasileiros exploram com seus altos preços e os serviços aqui ainda deixam muito a desejar, não tenho dúvidas sendo que a EMBRATUR precisa tomar iniciativas melhores para atrair mais gente para o país. Entretanto, o turista brasileiro prefere jogar sua grana fora, desperdiçando o suor de seu rosto com coisas que não valem tanto a pena.

Felizmente, o Brasil está numa boa fase econômica e agora é o momento de valorizarmos aquilo que é nosso. Nos últimos anos, houve aumento de empregos no mercado de mão-de-obra e poderia surgir muito mais oportunidades de trabalho se todos esses recursos fossem investidos aqui.

Neste Carnaval, um dos melhores roteiros é ficar aqui no Brasil. Nosso país tanto tem opções para quem gosta da festa como para quem pretende fugir da folia. E, se as praias em via de regra terão barulho, existem hotéis fazenda a balde aguardando por turistas no interior. É só botar o pé na estrada e passear...

Bom feriado!


OBS: A imagem acima foi extraída da Wikipédia em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Rio_de_Janeiro_Helicoptero_49_Feb_2006_zoom.jpg , sendo sua autoria atribuída a Mário Roberto Durán Ortiz, com permissão para reproduzir em outros sites. Tem-se a vista do Cristo Redentor, Baía de Guanabara e Botafogo, no Rio de Janeiro.