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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Eleições da OAB ou da UBES?



Dia 26/11 serão as eleições da OAB e os advogados fluminenses terão que escolher entre três chapas com os seguintes representantes para comandar a Seccional do Rio de Janeiro: Felipe Santa Cruz (situação), Carmen Fontenelle e Luciano Viveiros.


Eu já tenho o meu candidato e o declaro abertamente. Vou votar no Dr. Felipe para dar continuidade ao trabalho iniciado na gestão de Wadhi Damous. Todavia, essa escolha não vicia a minha opinião sobre cada chapa. Até porque não faço parte de nenhuma, não tenho cargo na OAB e apoio a situação com algumas criticas.

Confesso não estar muito contente com certos argumentos dos oposicionistas entre os quais esbarrei com a Dra. Carmen quando estive na Subseção de Itaguaí acessando um dos três computadores da salinha do Fórum de lá. Cumprimentei-a cordialmente, sem precisar espor nenhuma palavra do que penso, e, logicamente não me convenci nem um pouco com o seu discurso. Mas por pouco poderia ter pronunciado-me quando ela falou de "uso político da OAB" pela atual gestão de Wadhi. Aquilo me incomodou... (rsrsrs)

Esta semana, tendo recebido o informativo de campanha do Dr. Luciano, deparei-me com a sua proposta de "redirecionamento da OAB/RJ, afastando a política e objetivando a defesa das prerrogativas (...)".

Data venia do nobre colega advogado que é mestre em Direito Econômico com 30 anos de profissão (22 a mais que eu), tendo sido ex-assessor parlamentar, fico admirado como ele utilizou tais palavras ou deixou de supervisionar um argumento tão equivocado. Pois até a Carmen, quando esteve na cidade de Itaguaí, foi cautelosa em ressalvar que estava criticando Wadhi por um suposto uso da Ordem que, segundo ela, teria caráter digamos partidário, ideológico ou eleitoral.

Sinceramente, os discursos dos candidatos de oposição fazem-me lembrar das eleições de grêmios de escolas que cheguei a organizar em alguns colégios de Minas Gerais quando atuei no movimento estudantil secundarista ainda na primeira metade dos anos 90. Recordo das vezes em que cometi o pecado de jogar com a falta de consciência das pessoas dizendo que a liderança X ou Y fazia "uso político" da entidade em disputa e que queria manipular a juventude. Sabia bem que os alunos de 1º e 2º graus, em via de regra, dificilmente seriam capazes de distinguir entre o nocivo aparelhamento partidário de um órgão de representação do envolvimento deste com certas causas de dimensão mais ampla não relacionadas diretamente com os interesses dos representados.

Entretanto, quando se fala em "uso político" de uma entidade, seja a OAB, o CREA, a UNE, uma associação de moradores ou um sindicato qualquer, cuida-se de algo bem distorcido. Isto porque os atos do ser humano são inevitavelmente políticos. E aí, no momento em que a Ordem busca alcançar o bem comum dos advogados nela inscritos, seus dirigentes estão fazendo alguma forma de política. Mesmo que tentem resolver apenas assuntos exclusivamente corporativistas, como no caso da "defesa das prerrogativas, exercício da profissão com foco nas atividades forenses diárias e das condições de trabalho dos profissionais do Direito", como proposto pelo Dr. Luciano.

A meu ver, beira à má-fé quando alguém critica Wadhi com a acusação de "uso político", mesmo indiretamente, esperando que o eleitor faça uma leitura tendenciosa para não votar no candidato da situação. Ressalto que o fato da OAB/RJ estar preocupando-se com as vítimas do regime militar, a criação da comissão da verdade e o tombamento dos locais de tortura não torna a Ordem um aparelho político-partidário. São coisas muito diferentes!

No meu entender, a OAB deveria atuar mais diante de questões que ultrapassam os interesses profissionais dos advogados como já se tem feito com Wadhi. Do contrário, seria mediocrizar a entidade. Penso que, alem da causa histórica dos desaparecidos da ditadura, é preciso combater também a corrupção, lutar por uma saúde pública de qualidade nas unidades do SUS, denunciar as agressões ambientais, protestar contra o aumento das tarifas nos serviços públicos, defender as universidades públicas para que tenham um ensino de qualidade, propor a redução dos juros bancários e da dívida pública, combater o racismo, pedir a paz no Oriente Médio, uma globalização mais solidária, querer o aumento de salário dos trabalhadores e dos aposentados, etc.

Ora, por acaso isso seria fazer mal uso da OAB?

Seria uso político, sim. Mas uma política saudável da qual todos precisamos. Uma política popular feita de baixo para cima e não de cima para baixo.

Mais uma vez compartilho que não dá para entender o argumento dos oposicionistas. Afinal de contas, estamos diante de uma eleição da OAB ou da União Brasileira de Estudantes Secundaristas?

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