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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Quero blogar mais vezes, mas tá difícil...

Caros leitores desse blogue,

Talvez alguns aqui já sabem o motivo pelo qual tenho postado menos vezes aqui e o porquê das minhas ausências nos blogues de alguns comentaristas que antes costumava visitar com frequência.

Participo ainda de outros dois blogues de postagens coletivas chamados também de confrarias. Um é sobre assuntos teológicos e o outro para textos digamos mais filosóficos. Contudo, quase não estou conseguindo acompanhar mais todas as discussões da blogosfera e menos ainda compartilhar regularmente os artigos de minha autoria nas duas confrarias.

As coisas mudaram muito para mim de uns tempos pra cá, como podem ler nos textos anteriores. Já são mais de quatro meses sem internet em casa e, com a mudança em definitivo para o município de Mangaratiba, em 21/08, minhas oportunidades de acesso à rede restringiram-se praticamente às salas da OAB nos fóruns das comarcas daqui e de Itaguaí, à lan house gratuita da Prefeitura no distrito de Muriqui, ao centro de inclusão digital também do governo local ou quando tenho a chance de usar o computador de algum conhecido. Neste caso, aproveito para atualizar meus contatos e informações na rede social do Facebook.

Quando bate aquela inspiração incontrolável, pego logo o meu caderninho com a capa do Flamengo e torno a rascunhar de trás para frente com a caneta esferográfica. Ou seja, faço uma paginação às avessas ainda que eu escreva normalmente da esquerda para a direita já que uso o idioma português e não algo exótico como o árabe ou o hebraico...

Confesso que a vida com menos internet tem lá suas vantagens. Agente fica mais disponível para outras coisas. Até para fins de trabalho a iniciativa aumenta assim como para dedicar-me mais à família, Igreja, ler bons livros, ter contatos com a natureza, caminhar e se divertir com maior sabor.

Dizer que o computador proporciona mais tempo livre para as pessoas não é uma verdade absoluta. Pois, ainda que certas atividades laborais possam ser resolvidas com um click do mouse, o certo é que ficamos bem mais absorvidos com o mundo virtual a ponto de não podermos aguentar nem um minuto sem ver o que está se passando aqui e ali, se a resposta do fulano já chegou, se alguém comentou algo, se tem novos emails chegando, etc. E aí o instrumento que deveria servir para nos proporcionar liberdade torna-se uma corrente de escravidão às nossas próprias compulsões.

Ainda assim, há momentos que sinto falta daquela facilidade que tinha antes para blogar quando morava em Nova Friburgo e nos poucos meses que passei no Rio. De poder digitar meus textos num ambiente mais tranquilo e passar horas debatendo assuntos com pessoas que interagem do outro lado, às vezes até em estados e países distantes. Algo que servia-me como um bom remédio para o tédio a que ao mesmo tempo diminuía a dependência do nosso mundo real.

Enquanto isso, vou tendo que lidar com aquele incontrolável desejo de querer publicar artigos novos e me curar do comportamento de compartilhar impulsivamente pensamentos, ideias e experiências. E aí a necessidade de ser ouvido, conhecido, reconhecido ou de fugir de outras responsabilidades precisará se algum modo ser encarada. E Deus tá aí para me ajudar. Ao Pai Eterno tenho sempre.

Boa semana para todos vocês!

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Vai um picolé da Moleka aí?



Dia 20/11 (feriado regional de Zumbi no Rio de Janeiro dedicado à consciência negra), comecei a vender picolé na praia aqui no litoral sul fluminense.

Eu já estava pensando em fazer isso há algum tempo mas me faltava uma dose de coragem e de entusiasmo para acreditar num investimento em algo sem ter a certeza de ganho. Olhava para as dificuldades, via uma quantidade enorme de contas a pagar e temia arriscar perder qualquer quantia. Mesmo que fosse a compra de um isopor de R$ 15,00 mais a fita adesiva de R$ 4,00 para passar em volta da caixa mais as primeiras unidades de picolés. Algo inferior a R$ 100,00 mas que pode parecer muito para um sujeito desempregado com a auto-estima não muito firme.

Na tarde do dia 19, comprei os instrumentos de trabalho que precisava. Não tinha nada no bolso e a minha conta no ITAÚ já se achava com saldo negativo. Comprei o isopor assim mesmo pagando no cartão de débito e, desta meneira, fiz com que a quantia de R$ 10,00 dada pela sogra para a compra de um queijo ficasse comigo quando fui até à mercearia para ela. Ao invés de pagar no dinheiro, usei o cartão aumentando mais ainda a dívida do especial. Então sobraram R$ 6,00 do troco pela aquisição da fita adesiva na papelaria.

O feriado amanheceu chuvoso e parecia que não iria dar praia. Por ter acordado cedo, fui logo para a oração na igreja às 7:30 hs e dali retornei para a casa. Sem fome para o café porque tinha enchido a pança num aniversário durante a noite passada, preparei meu chimarrão e fui bebendo só o chá de Ilex paraguariensis enquanto escrevia um texto teológico para publicar futuramente no blogue. Dei graças a Deus mesmo por aquela momentânea falta de oportunidade.

No final da manhã, o céu limpou e o sol saiu. Eu ainda estava empolgadão escrevendo o meu rascunho no caderno de anotações e resolvi não deixar a cadeira enquanto não terminasse aquela redação. Mas quando a concluí, saí dali anfetaminado pela erva mate e compareci ao local de trabalho de um irmão da igreja pedindo-lhe uns jornais velhos. Acordei Núbia para ela m ajudar a preparar a caixa de isopor enquanto faria a barba e tomaria um banho afim de cuidar da aparência.

Com a barriga vazia, despedi-me de todos os de casa e fui à luta. A vontade de começar a trabalhar e de viver dignamente era tanta que saciou a fome física. Não dava para esperar o almoço ficar pronto. Tinha que começar a vender logo os picolés.

Tendo apenas R$ 6,00 na carteira, não seria possível comprar muitos picolés. Eu sabia que o mínimo no atacado são 40 unidades com pagamento á vista. Só que a fila dos terminais do Banco 24 Horas estava enorme e cheia de turistas sacando dinheiro afim de retornarem para suas cidades. Por precaução, levei o talão de cheque mais o cartão de débito. Só que uma dúvida restava:

Como convencer o fornecedor se ele não aceitasse algo além de dinheiro vivo?

Foi aí que resolvi criar uma situação favoravel. A princípio, eu não falei nada para a vendedora sobre a falta de dinheiro. Comecei informando-a que iria começar a trabalhar com os picolés e que precisava de dicas sobre como arrumar o produto na caixa e escolher os sabores mais procurados pelo consumidor. Indaguei sobre como manteria conservada a temperatura no isopor e ela logo emprestou uma placa de gelo guardada no refrigerador da loja. Também fiz-me de desentendido e perguntei a respeito da quantidade mínima para o atacado. Ela me respondeu:

"Isso aqui você me devolve no final quando terminar de trabalhar. Fechamos às seis. Se necessário, eu troco a placa de gelo para você. Também retorno o dinheiro dos picolés que não vender e estiverem começando a derreter. Só não deixe que amoleçam porque aí o produto perde a serventia e, neste caso, não poderemos ressarci-lo. Como você está começando hoje, eu deixo levar 20 picolés ao inves de 40 com o preço de atacado"

Decidi abrir o jogo com ela quando tinha deixado por último o pagamento que deve ser feito com antecipação sem esconder minha condição. Tentei primeiro fazer a compra no cartão de debito e depois no cheque usando-o como caução, mas não foi possível. Aí apresentei os R$ 6,00 guardados na carteira e propus comprar só o que desse com o preço de atacado. Então, a moça liberou por sua conta e risco como funcionaria as unidades restantes para completar os 20 picolés anotando o debito no papel sem eu precisar assinar. Fiquei duro e sem nenhuma nota ou moeda para o troco, mas tudo bem. Era melhor do que sair só com 5 unidades pagando o preço de varejo em que a margem de lucro ficaria bem menor.

Quando cheguei na praia, tomei primeiro a direção da direita rumo ao Iate Clube. Comecei a gritar "olha o picolé", mas ninguém se interessou. Voltei, fui para a esquerda e continuei anunciando o produto com os seus maravilhosos sabores. Então não demorou muito para que pessoas e, principalmente, familias com crianças fizessem sinal pra eu me aproximar.

Que coisa interessante! As vezes eu andava por alguns minutos ate aparecer um cliente. Porem, bastava achar uma família que conseguia vender varios picoles de uma só vez. Quando menso esperava, vinha um garoto ou uma menininha perguntando quanto que era. Então oferecia no mesmo preço que os demais vendedores para não prejudicar a ninguém.

As horas passaram depressa e eu me senti super satisfeito com a venda inesperada naquele feriado em que muitos ambulantes talvez já nem acreditassem por causa do mal tempo feito na manhã. É certo que boa parte dos turistas já estava deixando o municipio de Mangaratiba, mas ainda havia gente na praia aproveitando seus últimos instantes de folga. Pessoas que talvez só encarariam o trânmsito na estrada de noite ou no dia seguinte.

Agradeci a Deus pelo que consegui, pelos meus primeiros frutos com o novo trabalho. Amei estar servindo pessoas num ambiente agradável que é a praia daqui vendendo um produto saudável como são os saborosos picoles da Moleka (nenhum deles tem gordura trans). E o fato de eu ter caminhado para lá e para cá carregando uma caixa de isopor nas costas, fez-me bem ajudando na produção de serotonina apesar das dores nas costas. Alegre, retornei para casa. Fiquei feliz por ter encontrado uma fonte alternativa de renda bem oportuna neste preocupante momento de instabilidade financeira que atravesso.

Muito obrigado, Pai Celestial!

Eleições da OAB ou da UBES?



Dia 26/11 serão as eleições da OAB e os advogados fluminenses terão que escolher entre três chapas com os seguintes representantes para comandar a Seccional do Rio de Janeiro: Felipe Santa Cruz (situação), Carmen Fontenelle e Luciano Viveiros.


Eu já tenho o meu candidato e o declaro abertamente. Vou votar no Dr. Felipe para dar continuidade ao trabalho iniciado na gestão de Wadhi Damous. Todavia, essa escolha não vicia a minha opinião sobre cada chapa. Até porque não faço parte de nenhuma, não tenho cargo na OAB e apoio a situação com algumas criticas.

Confesso não estar muito contente com certos argumentos dos oposicionistas entre os quais esbarrei com a Dra. Carmen quando estive na Subseção de Itaguaí acessando um dos três computadores da salinha do Fórum de lá. Cumprimentei-a cordialmente, sem precisar espor nenhuma palavra do que penso, e, logicamente não me convenci nem um pouco com o seu discurso. Mas por pouco poderia ter pronunciado-me quando ela falou de "uso político da OAB" pela atual gestão de Wadhi. Aquilo me incomodou... (rsrsrs)

Esta semana, tendo recebido o informativo de campanha do Dr. Luciano, deparei-me com a sua proposta de "redirecionamento da OAB/RJ, afastando a política e objetivando a defesa das prerrogativas (...)".

Data venia do nobre colega advogado que é mestre em Direito Econômico com 30 anos de profissão (22 a mais que eu), tendo sido ex-assessor parlamentar, fico admirado como ele utilizou tais palavras ou deixou de supervisionar um argumento tão equivocado. Pois até a Carmen, quando esteve na cidade de Itaguaí, foi cautelosa em ressalvar que estava criticando Wadhi por um suposto uso da Ordem que, segundo ela, teria caráter digamos partidário, ideológico ou eleitoral.

Sinceramente, os discursos dos candidatos de oposição fazem-me lembrar das eleições de grêmios de escolas que cheguei a organizar em alguns colégios de Minas Gerais quando atuei no movimento estudantil secundarista ainda na primeira metade dos anos 90. Recordo das vezes em que cometi o pecado de jogar com a falta de consciência das pessoas dizendo que a liderança X ou Y fazia "uso político" da entidade em disputa e que queria manipular a juventude. Sabia bem que os alunos de 1º e 2º graus, em via de regra, dificilmente seriam capazes de distinguir entre o nocivo aparelhamento partidário de um órgão de representação do envolvimento deste com certas causas de dimensão mais ampla não relacionadas diretamente com os interesses dos representados.

Entretanto, quando se fala em "uso político" de uma entidade, seja a OAB, o CREA, a UNE, uma associação de moradores ou um sindicato qualquer, cuida-se de algo bem distorcido. Isto porque os atos do ser humano são inevitavelmente políticos. E aí, no momento em que a Ordem busca alcançar o bem comum dos advogados nela inscritos, seus dirigentes estão fazendo alguma forma de política. Mesmo que tentem resolver apenas assuntos exclusivamente corporativistas, como no caso da "defesa das prerrogativas, exercício da profissão com foco nas atividades forenses diárias e das condições de trabalho dos profissionais do Direito", como proposto pelo Dr. Luciano.

A meu ver, beira à má-fé quando alguém critica Wadhi com a acusação de "uso político", mesmo indiretamente, esperando que o eleitor faça uma leitura tendenciosa para não votar no candidato da situação. Ressalto que o fato da OAB/RJ estar preocupando-se com as vítimas do regime militar, a criação da comissão da verdade e o tombamento dos locais de tortura não torna a Ordem um aparelho político-partidário. São coisas muito diferentes!

No meu entender, a OAB deveria atuar mais diante de questões que ultrapassam os interesses profissionais dos advogados como já se tem feito com Wadhi. Do contrário, seria mediocrizar a entidade. Penso que, alem da causa histórica dos desaparecidos da ditadura, é preciso combater também a corrupção, lutar por uma saúde pública de qualidade nas unidades do SUS, denunciar as agressões ambientais, protestar contra o aumento das tarifas nos serviços públicos, defender as universidades públicas para que tenham um ensino de qualidade, propor a redução dos juros bancários e da dívida pública, combater o racismo, pedir a paz no Oriente Médio, uma globalização mais solidária, querer o aumento de salário dos trabalhadores e dos aposentados, etc.

Ora, por acaso isso seria fazer mal uso da OAB?

Seria uso político, sim. Mas uma política saudável da qual todos precisamos. Uma política popular feita de baixo para cima e não de cima para baixo.

Mais uma vez compartilho que não dá para entender o argumento dos oposicionistas. Afinal de contas, estamos diante de uma eleição da OAB ou da União Brasileira de Estudantes Secundaristas?

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Um pouco do cotidiano popular brasileiro

É curioso como as falhas acontecem no Brasil! Este mês de novembro fui vítima de mais uma delas.

Dia 03/11, quando acessei o saldo bancário detalhado no ITAÚ, estranhei um crédito de pagamento do INSS, na poupança vinculada à conta, com data de 01º/11. Algo nada mais e nada menos no valor de R$ 622,00 (seiscentos e vinte e dois reais) correspondentes ao maravilhoso salário mínimo nacional que dá para pagar tudo que a nossa Constituição prevê como direito do trabalhador no seu artigo 7º, inciso IV:


“salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim”

 Mas falando sério, aquilo bem poderia ser a salvação da lavoura neste mês em que, encontrando-me ainda desempregado, tenho passado vários dias na dependência do bendito cheque especial. É o famoso LIS cujos juros nem se comparam com os fundos conservadores de investimento...

Pois bem. No mesmo dia 03, abri uma reclamação junto ao SAC do ITAÚ na expectativa de que o problema fosse resolvido. Afinal, o dinheiro não me pertence porque não sou contribuinte e nem segurado da Previdência Social. E, provavelmente deveria ser o benefício de algum aposentado, uma pensionista ou até de pessoa que se encontre impossibilitada de laborar necessitando do auxílio-doença.

Se vocês acham que o ITAÚ resolveu de imediato a situação, estão enganados. No dia 05, ligaram para o telefone de casa e deixaram um recado com a minha cunhada de que a instituição financeira estava tratando do problema. Só que, ainda assim, fui surpreendido com um novo crédito no dia 07. Desta vez algo num valor maior de R$ 1.154,37 (mil cento e cinqüenta e quatro reais e trinta e sete centavos), totalizando R$ 1.776,37 (mil setecentos e setenta e seis reais e trinta e sete centavos). Uma poupancinha de pobre, mas que, nas horas difíceis, ajuda a quebrar o galho.

Novamente resisti à tentação de ficar com o dinheiro que, sendo pouco para uns, é uma loteria acumulada para um desempregado. Mesmo sendo um advogado que ainda não se estabilizou economicamente na cidade onde está morando há cerca de três meses.

Liguei então para o ITAÚ no próprio dia 07 e novo protocolo foi aberto pela atendente. E também fui orientado a procurar o INSS, o que fiz em seguida telefonando para o canal 135. Só que nada foi resolvido pela organizadíssima autarquia federal.

Confesso que a situação me angustiou e não consegui passar o dia de ontem sem resguardar a minha boa-fé. Entrei no Reclame Aqui e notifiquei publicamente o ITAÚ, compartilhando depois o caso com outros consumidores no Facebook:

http://www.reclameaqui.com.br/3847665/banco-itau-s-a/credito-indevido-do-inss-na-minha-conta-poupanca/

Apesar do ITAÚ não ter respondido até o momento à minha solicitação no Reclame Aqui, hoje mesmo eles me ligaram no final da manhã enquanto eu estava no transporte coletivo fazendo o percurso de Muriqui até o município vizinho de Itaguaí. E, passando na sala da OAB, situada na entrada do Fórum da cidade, pude confirmar o esperado estorno dos valores indevidamente creditados na poupança sem que o banco nem ao menos me deixasse uma recompensa pelo aborrecimento ou por não ter sido desonesto (rsrsrs).

Mas tudo bem. Fico feliz que as coisas se resolveram e que não prejudiquei a vida de algum idoso ou pessoa necessitada que, após ter decorrido um quarto do mês, deve estar quase morrendo de infarto sem ter recebido até ontem o seu benefício. Imagine o transtorno de alguém tendo que pagar o aluguel, a conta de luz, comida e remédio sem receber o fruto daquilo que passou trabalhando a vida inteira?!

Assim, prossigo caminhando de sol a sol. Hoje saquei o dinheiro do meu aluguel depositado ontem em outra conta que tenho junto ao Santander. Por alguns dias, devo sair do cheque especial, mas, se não conseguir nada até o dia 12, corro o risco de passar mais de dez dias no vermelho até Núbia receber o benefício dela de aposentadoria especial pelo INSS que cai na conta todo dia 25. Logo, vou vivendo por fé e buscando as oportunidades. 


O futuro Deus proverá! Em nome de Jesus! Creio em dias melhores... 

terça-feira, 6 de novembro de 2012

No fundo somos todos responsáveis






Conforme bem aprendi na faculdade de Direito, a responsabilidade civil tem três pressupostos indispensáveis para a sua configuração. Ou seja, para que uma pessoa seja condenada a indenizar alguém, é preciso que o juiz verifique a existência da conduta culposa do agente, o dano causado à vítima e a relação de causa e efeito entre a prática ilícita e o resultado.


Entretanto, nem sempre a relação é estabelecida de uma maneira simples podendo surgir inúmeras hipóteses de causalidade múltipla no nosso cotidiano com diversas circunstâncias concorrendo entre si para o evento danoso. Assim, surge o desafio para os magistrados e demais operadores do direito quando se torna necessário identificar qual fato foi determinante para gerar o resultado.

Afim de resolver esse problema, surgiram várias teorias no meio jurídico tentando estabelecer a causa dos eventos danosos. E, por uma questão prática, o Direito Civil brasileiro, tal como outros países de tradição romano-germânica, optou pela teoria da causalidade adequada em que, quando duas ou mais circunstâncias concorrem para a produção do resultado, deverá o julgador escolher por aquela que interferiu decisivamente. Em outras palavras, busca-se responder a indagação se a ação ou omissão do réu seria, por si só, suficientemente capaz de gerar o dano.

Tal teoria certamente atende bem aos critérios de praticidade dos nossos tribunais mas nem sempre promove a Justiça. Isto porque, ao desenvolver o seu raciocínio lógico, como bem reconheceu o jurista Caio Mário, o magistrado precisa "eliminar fatos menos relevantes que possam ter figurado entre os antecedentes do dano". Segundo comenta o saudoso mestre na 9ª edição de seu livro Responsabilidade Civil, editora Forense, pág. 09,

"o critério eliminatório consiste em estabelecer que, mesmo na sua ausência, o prejuízo ocorreria. Após esse processo de expurgo, resta algum que, no curso normal das coisas, provoca um dano dessa natureza. Em consequência, a doutrina que se constroi neste processo técnico se diz da causalidade adequada, porque faz salientar, na multiplicidade de fatores causais, aquele que normalmente pode ser o centro do nexo de causalidade."

Diversamente do Direito Civil, o nosso Código Penal adotou expressamente a denominada teoria da equivalência das condições para fins de verificação da responsabilidade criminal conforme dispõe o artigo 13 da lei. Dentro deste entendimento, todo fato será considerado causa se tiver concorrido para a ocorrência do resultado. Não há distinção entre a causa e a condição. Havendo várias circunstâncias concorrentes, não se procura definir qual delas teria sido a mais adequada ou eficaz para a produção do evento danoso.

A crítica feita a essa teoria seria que a sua aplicação acaba incluindo inúmeros atos e fatos no estabelecimento da relação de causalidade. Pois, se no Direito Penal a equivalência dos antecedentes facilita a absolvição, eis que, numa ação indenizatória, no Juízo Cível, haveria um número infinito de pessoas sendo responsabilizadas. Ou seja, adotando-se a equivalência das condições, deve reparar à vítima não apenas quem foi causa direta do resultado, mas todos os que de alguma maneira contribuíram para o evento prejudicial são condenados a pagar.

Mas deixando um pouco de lado as coisas que cotidinamente ocorrem na rotina forense, busquemos trabalhar esses conceitos jurídicos no campo da cosmoética acreditando ser possível construir uma nova sociedade com pessoas mais conscientes. Esqueçamos assim, por um pouco de tempo, da demagogia retributiva, da indústria do dano moral, da necessidade de ganho de causa dos advogados e do tráfico de influência das grandes empresas para, finalmente, tentarmos colocar as coisas em ordem. E aí pergunto:

Quem é que deve ser de fato responsabilizado diante da vida?

Tentando responder a essa relavante indagação, eu diria que todos precisam reparar os danos e que, ao mesmo tempo, ninguém deve receber severa condenação. Pois qualquer evento ruim recebeu inúmeras contribuições direta e indiretamente de cada um de nós, inclusive da própria vítima. Assim, um latrocínio numa cidade decorreu não apenas da delinquência do assassino como também da desigualdade sócio-econômica, do policiamento muitas das vezes ausente, da omissão familiar do agente criminoso, da deficiência na formação ética nos ambientes da escola, do mal exemplo e da corrupção das autoridades as quais permitem a entrada ilegal de armas no território nacional. E sem nos esquecermos também do eleitor que vota mal em troca de favores imediatos.

Assim, todos somos chamados à responsabilidade cosmoética e devemos nos empenhar em reparar os danos ainda que priorizando as situações nas quais participamos diretamente para a ocorrência do resultado. Por outro lado, devemos ser mais compreensivos e solidários com aqueles que a sociedade e a Justiça dos homens condenam porque passamos a nos ver também sentados no banco dos réus. E, se o outro recebe uma pena pela prática de um ato capaz de justificar a restrição da sua liberdade, temos o dever de auxiliá-lo a recompor o dano causado e reintegrá-lo à vida em sociedade.

Tenho pra mim que um dos maiores exemplos de ética a ser seguido seria aquele do episódio bíblico que fala da conversão de Zaqueu (ver o Evangelho de Lucas, capítulo 19, versos de 1 a 10). Na perícope, quando o rico chefe dos publicanos de Jericó encontra Jesus e ouve suas palavras, ele é profundamente tocado e resolve dar a metade de seus bens aos pobres e restituir em quádruplo as pessoas por ele prejudicadas. Ou seja, Zaqueu tomou a consciência de que os valores cobrados em excesso pelos impostos empobreceram também a sua cidade e a maneira de se resolver isso seria distribuir parte de sua riqueza aos mais necessitados. E, quanto aos que lesou diretamente, não bastaria apenas devolver o valor correspondente à quantia subtraída mesmo que com juros. Caberia-lhe indenizar com satisfatória suficiência para tentar anular ou desfazer todas as consequências decorrentes (patrimoniais ou imateriais).

Será que no caso de Zaqueu as duas teorias jurídicas não foram aplicadas por ele próprio?

Desejo que, como Zaqueu, busquemos assumir a nossa responsabilidade cosmoética em relação à vida e que façamos isso debaixo da restauradora graça divina. Pois, já que a Justiça estatal é falha (será sempre limitada porque os homens não são deuses), acredito ser possível à Igreja iniciar a tarefa de recomposição de danos. E isto pode ser promovido através da voluntariedade das pessoas.

Finalizo orando para que Deus ilumine a todos e também aos nossos operadores do Direito!


OBS: A imagem usada neste artigo refere-se ao quadro pintado por Lucas Cranach, o Velho (1472–1553) de 1537. Extraí a ilustração do acervo virtual da Wikipédia em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Gerechtigkeit-1537.jpg

O pão que chega enquanto dormimos

"Se o SENHOR não edificar a casa,
em vão trabalham os que a edificam;
se o SENHOR não guardar a cidade,
em vão vigia o sentinela.
Inútil vos será levantar de madrugada,
repousar tarde,
comer o pão que penosamente granjeastes;
aos seus amados ele o dá enquanto dormem."
(Salmo 127:1-2; ARA - destaquei)



A Bíblia aborda dois temas que para as nossas mentes parecem contraditórios ou paradoxais: a ação da Divina Providência e a diligência/prevenção/vigilância do homem quanto ao dia de amanhã.

A primeira estrofe do Salmo 127 (versos 1 e 2) vem nos dizer que todo bem procede de Deus. E a autoria desse poema de ascensão/peregrinação é atribuída ao sábio rei Salomão, considerado também o compositor de vários provérbios bíblicos. Inclusive aquele conhecido ensinamento em que o preguiçoso é tragicamente advertido a ter um diálogo com a formiga (Pv 6:6-11).

Da mesma maneira como a inatividade ociosa é combatida pelas Escrituras Sagradas, caracterizada como uma insensatez humana, a ansiosa solicitude pela vida também é desaconselhada a ponto de se tornar uma atitude desprovida da fé. Pois foi o que o Senhor Jesus teria pregado durante o célebre Sermão da Montanha (ver mais especificamente o trecho de Mateus 6:25-34):

Voltando ao Salmo 127, devemos lembrar que a proposta do seu autor é justamente o equilíbrio entre trabalhar/lutar/precaver e ter uma fé confiante em Deus. Ou seja, a nossa dependência para com o Pai Eterno.

Amados, inútil será qualquer preocupação excessiva com o dia de amanhã! A ansiedade jamais poderá alterar o resultado daquilo que aguardamos. Uma vez cumprida com a sua parte, cabe ao homem descansar no colo de Deus crendo que o futuro encontra-se nas mãos do Rei do Universo. Pois Ele sim é o nosso Guardião e Provedor! Quer habitemos hoje numa estável casa edificada ou andemos como peregrinos pelo mundo sem onde reclinar a cabeça, o certo é que podemos encontrar paz no nosso Pai Celestial que nunca abandonará seus filhos.

Que possamos reconhecer o cuidado de Deus para conosco e glorificá-lo. Façamos como disse certa vez outro salmista num diálogo consigo mesmo, "bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios" (Sl 103:2). E assim repousaremos em paz quando concluirmos toda a tarefa que devemos fazer. Ou seja, descansaremos no Pai como a criança se aquieta nos braços da mãe ao terminar de mamar (Sl 131:2)


OBS: Ilustração extraída de  http://leondejuda.org/node/7444
 coisas os gentios procuram). De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas;
Mateus 6:31-32