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domingo, 26 de fevereiro de 2012

Caminhando pelas florestas do Rio de Janeiro

Neste sábado (25/02/2012), fiz mais um passeio ecoturístico bem aqui perto de casa.

Saí pela manhã, tomei um copo de açaí na lanchonete da praça e fui caminhar nas matas do Parque Nacional da Tijuca que também envolvem o bairro Grajaú, aqui na Zona Norte do Rio de Janeiro.

Tão logo eu me mudei para o Rio, em dezembro do ano passado, não tenho me cansado de explorar as matas da localidade. Gosto muito de andar pelo Parque Estadual do Grajaú e tenho me interessado cada vez mais por esta unidade de conservação da natureza que, de uns dez anos para cá, vem melhorando bastante em termos de gestão, embora ainda falte muita coisa ali por falta de investimentos governamentais. Uma delas diz respeito à adaptação da área para receber visitantes com necessidades especiais. Principalmente cadeirantes e deficientes visuais.

Entretanto, o Parque do Grajaú hoje encontra-se em condições muito melhores do que o trecho do Parque da Tijuca situado aqui no bairro. Foi o que pude constatar no passeio deste sábado fazendo a trilha que vai dar no pico do Grajaú a partir do portão da rua Marianópolis, logo depois de um outro logradouro conhecido como Borda do Mato.

Diferente da entrada pincipal do Parque da Tijuca, situada no Alto da Boavista, não existe nenhum controle sobre quem transita pelas matas do Grajaú passando por ali. Não há nenhum funcionário no local para recepcionar o turista sendo que apenas se vê uma placa com o logotipo do IBAMA pedindo para que as pessoas ajudem a preservar a natureza. E, logo do outro lado da portaria, é muito comum encontrar oferendas de macumba e lixo pelo caminho, não havendo nem ao menos placas com informações sobre uma velha casa em ruínas no meio da floresta.

Apesar disto, procurei aproveitar o passeio e fazer um reconhecimento melhor da trilha buscando perceber a existência de outros caminhos alternativos já que tinha ouvido histórias de gente que fez travessias pela mata até a entrada principal do Parque da Tijuca. E, na tentativa de interpretar o ambiente, identifiquei mais ou menos onde seria o vale que serviria de acesso para a direção do Pico da Tijuca, mas preferi não me aventurar pela ausência de uma trilha. Daí retornei e prossegui em direção ao pico do Grajaú, tendo alcançado um grupo de rapazes que estavam indo pra lá.

Desde a minha adolescência que eu não subia até o topo do bairro, também chamado de Perdido do Andaraí ou Bico do Papagaio. A pedra tem uma altitude de 444 metros e apresenta uma interessante forma piramidal bem atrativa para a prática de escaladas, lembrando um bico. Quem desejar chegar lá pode ir também pelo Parque Estadual do Grajaú, na rua Comendador Martinelli. Só que, nest caso, o excursionista vai se expor muito mais ao sol em terrenos descampados do que andando debaixo do frescor das árvores na subida que começa no portão da rua Marianópolis.

Entretanto, com exceção do Bruno (o terceiro rapaz na foto acima da esquerda pra direita e com camisa cor laranja), nenhum dos rapazes do grupo que encontrei tinha subido até o pico. Aquele passeio era uma novidade pra eles. Uma conquista. Algo que fizeram questão de fotografar.

Do alto da pedra, reconheci mais coisas do que imaginava. Embora a vista estivesse embaçada ao longe por causa da falta de chuvas nestes últimos dias a ponto de impedir a visão da Serra dos Órgãos nos fundos da Guanabara, pudemos identificar muitos lugares da Zona Norte, inclusive os dois maiores estádios do Rio de Janeiro: o Maracanã (em obras) e o Engenhão.

Na volta passamos na cachoeira da Mãe D'Água. Tomamos banho no poço que tem ali graças a um represamento do rio pela colocação de pedras. E havia um número razoável de pessoas se divertindo, além de dois cães que foram indevidamente trazidos.

Nem todos sabem, mas não é correto levar animais domésticos para dentro de unidades de conservação. Num parque ambiental, deve-se ter somente animais silvestres e de preferência nativos daquele ecossistema. Já os animais domésticos como cães e gatos podem causar danos à fauna do local já que são bichos instintivamente caçadores. Porém, nem ao menos tinha uma placa advertindo o público a respeito desta questão.

Deixamos o parque por volta das 14 horas (ainda horários de verão) e deixei meu endereço no Facebook para que me adicionassem em suas listas de contatos e compartilhassem comigo as fotos do passeio visto que raramente saio com câmera. E dali vim para casa com a mente cheia de ideias sobre a necessidade de haver um projeto de ecoturismo neste pedaço do Parque da Tijuca.

A meu ver, o Poder Público poderia perfeitamente colocar mais funcionários monitorando, sinalizar os caminhos, disciplinar o uso das cachoeiras e desenvolver um trabalho com jovens e adolescentes carentes da comunidade vizinha da Divineia. Estes passariam a atuar como auxiliares de guia turístico ou protetores da floresta. E também pensei na possibilidade de serem definidas trilhas para trekking do Grajaú até os roteiros atuais da Floresta da Tijuca e também para a Represa dos Ciganos, situada em Jacarepaguá.

Para concluir, posso dizer que, embora não tenha sido a primeira vez em que andei pelas matas do bairro, senti mais vontade de me envolver mais com o ecoturismo e a preservação da natureza. Algo que acredito ser possível de uma maneira holística, incluindo o social, o aspecto educativo e buscando despertar também a sensibilidade espiritual e filosófica do indivíduo.

2 comentários:

  1. Estou com uma santa inveja sua Rodrigão, também gosto desses programas. Embora aqui onde moro tenha algumas opções, não se comparam as matas do Parque Nacional da Tijuca.

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  2. Amigo Franklin,

    Pelo que sei existem excelentes opções de passeio aí por São Paulo.

    No entanto, posso me considerar um privilegiado por estar morando num bairro com bastante verde como é o Grajaú. E, com isto, posso me gabar que tenho até uma cachoeira no "quintal de casa".

    Não foi por menos que, com a "pacificação" do Rio de Janeiro, os imóveis na cidade valorizaram bastante. Por aqui existem casas que estão valendo milhões (valorizaram em cinco vezes mais do que há menos de 10 anos), sendo que o Grajaú é um bairro privilegiado pelo seu ar puro já que a maior parte da localidade encontra-se fora das movimentadas vias que recebem trânsito pesado de veículos. Sem falar na arborização das ruas.

    Ainda assim, há pessoas que não gostam daqui e jovens moradores do bairro que deixam de aproveitar toda esta beleza pelo prazer ilusório das drogas. Há ainda quem apenas valorize o status social e nem se interessa por conhecer lugares tão bonitos aqui do Rio de Janeiro.

    Atualmente, estou procurando ser feliz aqui e me contentar com as coisas que posso usufruir. Meu bairro está distante da praia, mas isto não me incomoda tanto porque posso me satisfazer com as cachoeiras ou visitar a sogra em Muriqui. Minha cidade faz um calor bem intenso no verão, trazendo-me muitas saudades dos tempos em que morei na serra. Porém, estou perto da família, de minhas origens e livre do rigoroso inverno de Nova Friburgo.

    Sobre as matas do PARNA da Tijuca, são mesmo fantásticas. Apesar de conhecer outras unidades de conservação como os parques da Serra dos Órgãos, do Itatiaia, da Ilha Grande, dos Três Picos, do Caparaó, do Iguaçu, do Desengano, a APA de Macaé de Cima, além de inúmeros outros locais da Mata Atlântica, a Tijuca continua sendo especial por ser uma joia verde dentro da cidade grande, além de todo o seu valor histórico e vistas fantásticas do Rio de Janeiro.

    Atualmente quero poder contribuir para que este meu bairro e suas adjacências torne-se um lugar maravilhoso para se viver e somar com as iniciativas que já têm sido postas em prática por outras pessoas que já trabalhavam aqui antes de minha chegada. Tal vez demore um pouco. Talvez eu encontre dificuldades (lidar com a Prefeitura está sendo complicado). Porém, acredito que, com aunião da sociedade, as coisas vão se tornando viáveis.

    Abração.

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