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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Boas festas a todos!

Prezados amigos da blogosfera,

Quero antecipadamente lhes agradecer por terem lido ou acompanhado minhas postagens durante esse ano de 2012 que já está findando.

Mais um período de nossas vidas é concluído. É hora de não somente fazermos um balanço das ações praticadas, mas também projetarmos o futuro, planejarmos aquilo que queremos. E por que não sonharmos com um planeta melhor? E que haja muita alegria!

Como me disse esta semana uma pessoa com quem conversei na praia de Muriqui, "a alegria é o alimento da alma". E, realmente, o ser humano é movido por um desejo eterno rumo à felicidade. Pois, por mais que venhamos a recuar durante breves momentos, postergando a nossa satisfação, é porque pretendemos usufruir dela amanhã de uma maneira mais plena. E, se hoje as coisas não estão parecendo boas, a esperança faz com que possamos crer num outro dia melhor. É como disse o profeta em seu cântico:

"Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia eu me alegrarei no SENHOR; exultarei no Deus da minha salvação." (Habacuque 3:17-18; destaquei)

Vejam que fé manifestou Habacuque mesmo vivendo um momento difícil em que a sua nação estava sendo destruída e o seu povo levado como escravo pelos invasores estrangeiros!

Por isso, sem olharmos para as circunstâncias desfavoráveis do momento, devemos ter fé e celebrar as festas com alegria. Devemos prosseguir na caminhada da vida dando a ela um novo tom, recomeçando com mais entusiasmo e não nos abatendo com a rotina. Enfermidades, problemas financeiros, guerra e violência não podem nos abater. Precisamos ser firmes e acreditar. Nunca desistir.

Assim, pretendo estar terminando hoje minhas postagens de 2012. Só Deus sabe se ainda retornarei este ano com novos textos, apesar de ter muitos anotados em meu caderno de rascunho escritos da maneira tradicional com papel e tinta. E espero que, nas oportunidades, eu possa ir compartilhando aqui com vocês.

Desejo a todos boas festas, um ótimo Natal e um 2013 cheio de felicidade com bastante PAZ.


OBS: Ilustração acima extraída da Wikipédia em  http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Christmas_collage.PNG
Habacuque 3:17

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Quero blogar mais vezes, mas tá difícil...

Caros leitores desse blogue,

Talvez alguns aqui já sabem o motivo pelo qual tenho postado menos vezes aqui e o porquê das minhas ausências nos blogues de alguns comentaristas que antes costumava visitar com frequência.

Participo ainda de outros dois blogues de postagens coletivas chamados também de confrarias. Um é sobre assuntos teológicos e o outro para textos digamos mais filosóficos. Contudo, quase não estou conseguindo acompanhar mais todas as discussões da blogosfera e menos ainda compartilhar regularmente os artigos de minha autoria nas duas confrarias.

As coisas mudaram muito para mim de uns tempos pra cá, como podem ler nos textos anteriores. Já são mais de quatro meses sem internet em casa e, com a mudança em definitivo para o município de Mangaratiba, em 21/08, minhas oportunidades de acesso à rede restringiram-se praticamente às salas da OAB nos fóruns das comarcas daqui e de Itaguaí, à lan house gratuita da Prefeitura no distrito de Muriqui, ao centro de inclusão digital também do governo local ou quando tenho a chance de usar o computador de algum conhecido. Neste caso, aproveito para atualizar meus contatos e informações na rede social do Facebook.

Quando bate aquela inspiração incontrolável, pego logo o meu caderninho com a capa do Flamengo e torno a rascunhar de trás para frente com a caneta esferográfica. Ou seja, faço uma paginação às avessas ainda que eu escreva normalmente da esquerda para a direita já que uso o idioma português e não algo exótico como o árabe ou o hebraico...

Confesso que a vida com menos internet tem lá suas vantagens. Agente fica mais disponível para outras coisas. Até para fins de trabalho a iniciativa aumenta assim como para dedicar-me mais à família, Igreja, ler bons livros, ter contatos com a natureza, caminhar e se divertir com maior sabor.

Dizer que o computador proporciona mais tempo livre para as pessoas não é uma verdade absoluta. Pois, ainda que certas atividades laborais possam ser resolvidas com um click do mouse, o certo é que ficamos bem mais absorvidos com o mundo virtual a ponto de não podermos aguentar nem um minuto sem ver o que está se passando aqui e ali, se a resposta do fulano já chegou, se alguém comentou algo, se tem novos emails chegando, etc. E aí o instrumento que deveria servir para nos proporcionar liberdade torna-se uma corrente de escravidão às nossas próprias compulsões.

Ainda assim, há momentos que sinto falta daquela facilidade que tinha antes para blogar quando morava em Nova Friburgo e nos poucos meses que passei no Rio. De poder digitar meus textos num ambiente mais tranquilo e passar horas debatendo assuntos com pessoas que interagem do outro lado, às vezes até em estados e países distantes. Algo que servia-me como um bom remédio para o tédio a que ao mesmo tempo diminuía a dependência do nosso mundo real.

Enquanto isso, vou tendo que lidar com aquele incontrolável desejo de querer publicar artigos novos e me curar do comportamento de compartilhar impulsivamente pensamentos, ideias e experiências. E aí a necessidade de ser ouvido, conhecido, reconhecido ou de fugir de outras responsabilidades precisará se algum modo ser encarada. E Deus tá aí para me ajudar. Ao Pai Eterno tenho sempre.

Boa semana para todos vocês!

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Vai um picolé da Moleka aí?



Dia 20/11 (feriado regional de Zumbi no Rio de Janeiro dedicado à consciência negra), comecei a vender picolé na praia aqui no litoral sul fluminense.

Eu já estava pensando em fazer isso há algum tempo mas me faltava uma dose de coragem e de entusiasmo para acreditar num investimento em algo sem ter a certeza de ganho. Olhava para as dificuldades, via uma quantidade enorme de contas a pagar e temia arriscar perder qualquer quantia. Mesmo que fosse a compra de um isopor de R$ 15,00 mais a fita adesiva de R$ 4,00 para passar em volta da caixa mais as primeiras unidades de picolés. Algo inferior a R$ 100,00 mas que pode parecer muito para um sujeito desempregado com a auto-estima não muito firme.

Na tarde do dia 19, comprei os instrumentos de trabalho que precisava. Não tinha nada no bolso e a minha conta no ITAÚ já se achava com saldo negativo. Comprei o isopor assim mesmo pagando no cartão de débito e, desta meneira, fiz com que a quantia de R$ 10,00 dada pela sogra para a compra de um queijo ficasse comigo quando fui até à mercearia para ela. Ao invés de pagar no dinheiro, usei o cartão aumentando mais ainda a dívida do especial. Então sobraram R$ 6,00 do troco pela aquisição da fita adesiva na papelaria.

O feriado amanheceu chuvoso e parecia que não iria dar praia. Por ter acordado cedo, fui logo para a oração na igreja às 7:30 hs e dali retornei para a casa. Sem fome para o café porque tinha enchido a pança num aniversário durante a noite passada, preparei meu chimarrão e fui bebendo só o chá de Ilex paraguariensis enquanto escrevia um texto teológico para publicar futuramente no blogue. Dei graças a Deus mesmo por aquela momentânea falta de oportunidade.

No final da manhã, o céu limpou e o sol saiu. Eu ainda estava empolgadão escrevendo o meu rascunho no caderno de anotações e resolvi não deixar a cadeira enquanto não terminasse aquela redação. Mas quando a concluí, saí dali anfetaminado pela erva mate e compareci ao local de trabalho de um irmão da igreja pedindo-lhe uns jornais velhos. Acordei Núbia para ela m ajudar a preparar a caixa de isopor enquanto faria a barba e tomaria um banho afim de cuidar da aparência.

Com a barriga vazia, despedi-me de todos os de casa e fui à luta. A vontade de começar a trabalhar e de viver dignamente era tanta que saciou a fome física. Não dava para esperar o almoço ficar pronto. Tinha que começar a vender logo os picolés.

Tendo apenas R$ 6,00 na carteira, não seria possível comprar muitos picolés. Eu sabia que o mínimo no atacado são 40 unidades com pagamento á vista. Só que a fila dos terminais do Banco 24 Horas estava enorme e cheia de turistas sacando dinheiro afim de retornarem para suas cidades. Por precaução, levei o talão de cheque mais o cartão de débito. Só que uma dúvida restava:

Como convencer o fornecedor se ele não aceitasse algo além de dinheiro vivo?

Foi aí que resolvi criar uma situação favoravel. A princípio, eu não falei nada para a vendedora sobre a falta de dinheiro. Comecei informando-a que iria começar a trabalhar com os picolés e que precisava de dicas sobre como arrumar o produto na caixa e escolher os sabores mais procurados pelo consumidor. Indaguei sobre como manteria conservada a temperatura no isopor e ela logo emprestou uma placa de gelo guardada no refrigerador da loja. Também fiz-me de desentendido e perguntei a respeito da quantidade mínima para o atacado. Ela me respondeu:

"Isso aqui você me devolve no final quando terminar de trabalhar. Fechamos às seis. Se necessário, eu troco a placa de gelo para você. Também retorno o dinheiro dos picolés que não vender e estiverem começando a derreter. Só não deixe que amoleçam porque aí o produto perde a serventia e, neste caso, não poderemos ressarci-lo. Como você está começando hoje, eu deixo levar 20 picolés ao inves de 40 com o preço de atacado"

Decidi abrir o jogo com ela quando tinha deixado por último o pagamento que deve ser feito com antecipação sem esconder minha condição. Tentei primeiro fazer a compra no cartão de debito e depois no cheque usando-o como caução, mas não foi possível. Aí apresentei os R$ 6,00 guardados na carteira e propus comprar só o que desse com o preço de atacado. Então, a moça liberou por sua conta e risco como funcionaria as unidades restantes para completar os 20 picolés anotando o debito no papel sem eu precisar assinar. Fiquei duro e sem nenhuma nota ou moeda para o troco, mas tudo bem. Era melhor do que sair só com 5 unidades pagando o preço de varejo em que a margem de lucro ficaria bem menor.

Quando cheguei na praia, tomei primeiro a direção da direita rumo ao Iate Clube. Comecei a gritar "olha o picolé", mas ninguém se interessou. Voltei, fui para a esquerda e continuei anunciando o produto com os seus maravilhosos sabores. Então não demorou muito para que pessoas e, principalmente, familias com crianças fizessem sinal pra eu me aproximar.

Que coisa interessante! As vezes eu andava por alguns minutos ate aparecer um cliente. Porem, bastava achar uma família que conseguia vender varios picoles de uma só vez. Quando menso esperava, vinha um garoto ou uma menininha perguntando quanto que era. Então oferecia no mesmo preço que os demais vendedores para não prejudicar a ninguém.

As horas passaram depressa e eu me senti super satisfeito com a venda inesperada naquele feriado em que muitos ambulantes talvez já nem acreditassem por causa do mal tempo feito na manhã. É certo que boa parte dos turistas já estava deixando o municipio de Mangaratiba, mas ainda havia gente na praia aproveitando seus últimos instantes de folga. Pessoas que talvez só encarariam o trânmsito na estrada de noite ou no dia seguinte.

Agradeci a Deus pelo que consegui, pelos meus primeiros frutos com o novo trabalho. Amei estar servindo pessoas num ambiente agradável que é a praia daqui vendendo um produto saudável como são os saborosos picoles da Moleka (nenhum deles tem gordura trans). E o fato de eu ter caminhado para lá e para cá carregando uma caixa de isopor nas costas, fez-me bem ajudando na produção de serotonina apesar das dores nas costas. Alegre, retornei para casa. Fiquei feliz por ter encontrado uma fonte alternativa de renda bem oportuna neste preocupante momento de instabilidade financeira que atravesso.

Muito obrigado, Pai Celestial!

Eleições da OAB ou da UBES?



Dia 26/11 serão as eleições da OAB e os advogados fluminenses terão que escolher entre três chapas com os seguintes representantes para comandar a Seccional do Rio de Janeiro: Felipe Santa Cruz (situação), Carmen Fontenelle e Luciano Viveiros.


Eu já tenho o meu candidato e o declaro abertamente. Vou votar no Dr. Felipe para dar continuidade ao trabalho iniciado na gestão de Wadhi Damous. Todavia, essa escolha não vicia a minha opinião sobre cada chapa. Até porque não faço parte de nenhuma, não tenho cargo na OAB e apoio a situação com algumas criticas.

Confesso não estar muito contente com certos argumentos dos oposicionistas entre os quais esbarrei com a Dra. Carmen quando estive na Subseção de Itaguaí acessando um dos três computadores da salinha do Fórum de lá. Cumprimentei-a cordialmente, sem precisar espor nenhuma palavra do que penso, e, logicamente não me convenci nem um pouco com o seu discurso. Mas por pouco poderia ter pronunciado-me quando ela falou de "uso político da OAB" pela atual gestão de Wadhi. Aquilo me incomodou... (rsrsrs)

Esta semana, tendo recebido o informativo de campanha do Dr. Luciano, deparei-me com a sua proposta de "redirecionamento da OAB/RJ, afastando a política e objetivando a defesa das prerrogativas (...)".

Data venia do nobre colega advogado que é mestre em Direito Econômico com 30 anos de profissão (22 a mais que eu), tendo sido ex-assessor parlamentar, fico admirado como ele utilizou tais palavras ou deixou de supervisionar um argumento tão equivocado. Pois até a Carmen, quando esteve na cidade de Itaguaí, foi cautelosa em ressalvar que estava criticando Wadhi por um suposto uso da Ordem que, segundo ela, teria caráter digamos partidário, ideológico ou eleitoral.

Sinceramente, os discursos dos candidatos de oposição fazem-me lembrar das eleições de grêmios de escolas que cheguei a organizar em alguns colégios de Minas Gerais quando atuei no movimento estudantil secundarista ainda na primeira metade dos anos 90. Recordo das vezes em que cometi o pecado de jogar com a falta de consciência das pessoas dizendo que a liderança X ou Y fazia "uso político" da entidade em disputa e que queria manipular a juventude. Sabia bem que os alunos de 1º e 2º graus, em via de regra, dificilmente seriam capazes de distinguir entre o nocivo aparelhamento partidário de um órgão de representação do envolvimento deste com certas causas de dimensão mais ampla não relacionadas diretamente com os interesses dos representados.

Entretanto, quando se fala em "uso político" de uma entidade, seja a OAB, o CREA, a UNE, uma associação de moradores ou um sindicato qualquer, cuida-se de algo bem distorcido. Isto porque os atos do ser humano são inevitavelmente políticos. E aí, no momento em que a Ordem busca alcançar o bem comum dos advogados nela inscritos, seus dirigentes estão fazendo alguma forma de política. Mesmo que tentem resolver apenas assuntos exclusivamente corporativistas, como no caso da "defesa das prerrogativas, exercício da profissão com foco nas atividades forenses diárias e das condições de trabalho dos profissionais do Direito", como proposto pelo Dr. Luciano.

A meu ver, beira à má-fé quando alguém critica Wadhi com a acusação de "uso político", mesmo indiretamente, esperando que o eleitor faça uma leitura tendenciosa para não votar no candidato da situação. Ressalto que o fato da OAB/RJ estar preocupando-se com as vítimas do regime militar, a criação da comissão da verdade e o tombamento dos locais de tortura não torna a Ordem um aparelho político-partidário. São coisas muito diferentes!

No meu entender, a OAB deveria atuar mais diante de questões que ultrapassam os interesses profissionais dos advogados como já se tem feito com Wadhi. Do contrário, seria mediocrizar a entidade. Penso que, alem da causa histórica dos desaparecidos da ditadura, é preciso combater também a corrupção, lutar por uma saúde pública de qualidade nas unidades do SUS, denunciar as agressões ambientais, protestar contra o aumento das tarifas nos serviços públicos, defender as universidades públicas para que tenham um ensino de qualidade, propor a redução dos juros bancários e da dívida pública, combater o racismo, pedir a paz no Oriente Médio, uma globalização mais solidária, querer o aumento de salário dos trabalhadores e dos aposentados, etc.

Ora, por acaso isso seria fazer mal uso da OAB?

Seria uso político, sim. Mas uma política saudável da qual todos precisamos. Uma política popular feita de baixo para cima e não de cima para baixo.

Mais uma vez compartilho que não dá para entender o argumento dos oposicionistas. Afinal de contas, estamos diante de uma eleição da OAB ou da União Brasileira de Estudantes Secundaristas?

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Um pouco do cotidiano popular brasileiro

É curioso como as falhas acontecem no Brasil! Este mês de novembro fui vítima de mais uma delas.

Dia 03/11, quando acessei o saldo bancário detalhado no ITAÚ, estranhei um crédito de pagamento do INSS, na poupança vinculada à conta, com data de 01º/11. Algo nada mais e nada menos no valor de R$ 622,00 (seiscentos e vinte e dois reais) correspondentes ao maravilhoso salário mínimo nacional que dá para pagar tudo que a nossa Constituição prevê como direito do trabalhador no seu artigo 7º, inciso IV:


“salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim”

 Mas falando sério, aquilo bem poderia ser a salvação da lavoura neste mês em que, encontrando-me ainda desempregado, tenho passado vários dias na dependência do bendito cheque especial. É o famoso LIS cujos juros nem se comparam com os fundos conservadores de investimento...

Pois bem. No mesmo dia 03, abri uma reclamação junto ao SAC do ITAÚ na expectativa de que o problema fosse resolvido. Afinal, o dinheiro não me pertence porque não sou contribuinte e nem segurado da Previdência Social. E, provavelmente deveria ser o benefício de algum aposentado, uma pensionista ou até de pessoa que se encontre impossibilitada de laborar necessitando do auxílio-doença.

Se vocês acham que o ITAÚ resolveu de imediato a situação, estão enganados. No dia 05, ligaram para o telefone de casa e deixaram um recado com a minha cunhada de que a instituição financeira estava tratando do problema. Só que, ainda assim, fui surpreendido com um novo crédito no dia 07. Desta vez algo num valor maior de R$ 1.154,37 (mil cento e cinqüenta e quatro reais e trinta e sete centavos), totalizando R$ 1.776,37 (mil setecentos e setenta e seis reais e trinta e sete centavos). Uma poupancinha de pobre, mas que, nas horas difíceis, ajuda a quebrar o galho.

Novamente resisti à tentação de ficar com o dinheiro que, sendo pouco para uns, é uma loteria acumulada para um desempregado. Mesmo sendo um advogado que ainda não se estabilizou economicamente na cidade onde está morando há cerca de três meses.

Liguei então para o ITAÚ no próprio dia 07 e novo protocolo foi aberto pela atendente. E também fui orientado a procurar o INSS, o que fiz em seguida telefonando para o canal 135. Só que nada foi resolvido pela organizadíssima autarquia federal.

Confesso que a situação me angustiou e não consegui passar o dia de ontem sem resguardar a minha boa-fé. Entrei no Reclame Aqui e notifiquei publicamente o ITAÚ, compartilhando depois o caso com outros consumidores no Facebook:

http://www.reclameaqui.com.br/3847665/banco-itau-s-a/credito-indevido-do-inss-na-minha-conta-poupanca/

Apesar do ITAÚ não ter respondido até o momento à minha solicitação no Reclame Aqui, hoje mesmo eles me ligaram no final da manhã enquanto eu estava no transporte coletivo fazendo o percurso de Muriqui até o município vizinho de Itaguaí. E, passando na sala da OAB, situada na entrada do Fórum da cidade, pude confirmar o esperado estorno dos valores indevidamente creditados na poupança sem que o banco nem ao menos me deixasse uma recompensa pelo aborrecimento ou por não ter sido desonesto (rsrsrs).

Mas tudo bem. Fico feliz que as coisas se resolveram e que não prejudiquei a vida de algum idoso ou pessoa necessitada que, após ter decorrido um quarto do mês, deve estar quase morrendo de infarto sem ter recebido até ontem o seu benefício. Imagine o transtorno de alguém tendo que pagar o aluguel, a conta de luz, comida e remédio sem receber o fruto daquilo que passou trabalhando a vida inteira?!

Assim, prossigo caminhando de sol a sol. Hoje saquei o dinheiro do meu aluguel depositado ontem em outra conta que tenho junto ao Santander. Por alguns dias, devo sair do cheque especial, mas, se não conseguir nada até o dia 12, corro o risco de passar mais de dez dias no vermelho até Núbia receber o benefício dela de aposentadoria especial pelo INSS que cai na conta todo dia 25. Logo, vou vivendo por fé e buscando as oportunidades. 


O futuro Deus proverá! Em nome de Jesus! Creio em dias melhores... 

terça-feira, 6 de novembro de 2012

No fundo somos todos responsáveis






Conforme bem aprendi na faculdade de Direito, a responsabilidade civil tem três pressupostos indispensáveis para a sua configuração. Ou seja, para que uma pessoa seja condenada a indenizar alguém, é preciso que o juiz verifique a existência da conduta culposa do agente, o dano causado à vítima e a relação de causa e efeito entre a prática ilícita e o resultado.


Entretanto, nem sempre a relação é estabelecida de uma maneira simples podendo surgir inúmeras hipóteses de causalidade múltipla no nosso cotidiano com diversas circunstâncias concorrendo entre si para o evento danoso. Assim, surge o desafio para os magistrados e demais operadores do direito quando se torna necessário identificar qual fato foi determinante para gerar o resultado.

Afim de resolver esse problema, surgiram várias teorias no meio jurídico tentando estabelecer a causa dos eventos danosos. E, por uma questão prática, o Direito Civil brasileiro, tal como outros países de tradição romano-germânica, optou pela teoria da causalidade adequada em que, quando duas ou mais circunstâncias concorrem para a produção do resultado, deverá o julgador escolher por aquela que interferiu decisivamente. Em outras palavras, busca-se responder a indagação se a ação ou omissão do réu seria, por si só, suficientemente capaz de gerar o dano.

Tal teoria certamente atende bem aos critérios de praticidade dos nossos tribunais mas nem sempre promove a Justiça. Isto porque, ao desenvolver o seu raciocínio lógico, como bem reconheceu o jurista Caio Mário, o magistrado precisa "eliminar fatos menos relevantes que possam ter figurado entre os antecedentes do dano". Segundo comenta o saudoso mestre na 9ª edição de seu livro Responsabilidade Civil, editora Forense, pág. 09,

"o critério eliminatório consiste em estabelecer que, mesmo na sua ausência, o prejuízo ocorreria. Após esse processo de expurgo, resta algum que, no curso normal das coisas, provoca um dano dessa natureza. Em consequência, a doutrina que se constroi neste processo técnico se diz da causalidade adequada, porque faz salientar, na multiplicidade de fatores causais, aquele que normalmente pode ser o centro do nexo de causalidade."

Diversamente do Direito Civil, o nosso Código Penal adotou expressamente a denominada teoria da equivalência das condições para fins de verificação da responsabilidade criminal conforme dispõe o artigo 13 da lei. Dentro deste entendimento, todo fato será considerado causa se tiver concorrido para a ocorrência do resultado. Não há distinção entre a causa e a condição. Havendo várias circunstâncias concorrentes, não se procura definir qual delas teria sido a mais adequada ou eficaz para a produção do evento danoso.

A crítica feita a essa teoria seria que a sua aplicação acaba incluindo inúmeros atos e fatos no estabelecimento da relação de causalidade. Pois, se no Direito Penal a equivalência dos antecedentes facilita a absolvição, eis que, numa ação indenizatória, no Juízo Cível, haveria um número infinito de pessoas sendo responsabilizadas. Ou seja, adotando-se a equivalência das condições, deve reparar à vítima não apenas quem foi causa direta do resultado, mas todos os que de alguma maneira contribuíram para o evento prejudicial são condenados a pagar.

Mas deixando um pouco de lado as coisas que cotidinamente ocorrem na rotina forense, busquemos trabalhar esses conceitos jurídicos no campo da cosmoética acreditando ser possível construir uma nova sociedade com pessoas mais conscientes. Esqueçamos assim, por um pouco de tempo, da demagogia retributiva, da indústria do dano moral, da necessidade de ganho de causa dos advogados e do tráfico de influência das grandes empresas para, finalmente, tentarmos colocar as coisas em ordem. E aí pergunto:

Quem é que deve ser de fato responsabilizado diante da vida?

Tentando responder a essa relavante indagação, eu diria que todos precisam reparar os danos e que, ao mesmo tempo, ninguém deve receber severa condenação. Pois qualquer evento ruim recebeu inúmeras contribuições direta e indiretamente de cada um de nós, inclusive da própria vítima. Assim, um latrocínio numa cidade decorreu não apenas da delinquência do assassino como também da desigualdade sócio-econômica, do policiamento muitas das vezes ausente, da omissão familiar do agente criminoso, da deficiência na formação ética nos ambientes da escola, do mal exemplo e da corrupção das autoridades as quais permitem a entrada ilegal de armas no território nacional. E sem nos esquecermos também do eleitor que vota mal em troca de favores imediatos.

Assim, todos somos chamados à responsabilidade cosmoética e devemos nos empenhar em reparar os danos ainda que priorizando as situações nas quais participamos diretamente para a ocorrência do resultado. Por outro lado, devemos ser mais compreensivos e solidários com aqueles que a sociedade e a Justiça dos homens condenam porque passamos a nos ver também sentados no banco dos réus. E, se o outro recebe uma pena pela prática de um ato capaz de justificar a restrição da sua liberdade, temos o dever de auxiliá-lo a recompor o dano causado e reintegrá-lo à vida em sociedade.

Tenho pra mim que um dos maiores exemplos de ética a ser seguido seria aquele do episódio bíblico que fala da conversão de Zaqueu (ver o Evangelho de Lucas, capítulo 19, versos de 1 a 10). Na perícope, quando o rico chefe dos publicanos de Jericó encontra Jesus e ouve suas palavras, ele é profundamente tocado e resolve dar a metade de seus bens aos pobres e restituir em quádruplo as pessoas por ele prejudicadas. Ou seja, Zaqueu tomou a consciência de que os valores cobrados em excesso pelos impostos empobreceram também a sua cidade e a maneira de se resolver isso seria distribuir parte de sua riqueza aos mais necessitados. E, quanto aos que lesou diretamente, não bastaria apenas devolver o valor correspondente à quantia subtraída mesmo que com juros. Caberia-lhe indenizar com satisfatória suficiência para tentar anular ou desfazer todas as consequências decorrentes (patrimoniais ou imateriais).

Será que no caso de Zaqueu as duas teorias jurídicas não foram aplicadas por ele próprio?

Desejo que, como Zaqueu, busquemos assumir a nossa responsabilidade cosmoética em relação à vida e que façamos isso debaixo da restauradora graça divina. Pois, já que a Justiça estatal é falha (será sempre limitada porque os homens não são deuses), acredito ser possível à Igreja iniciar a tarefa de recomposição de danos. E isto pode ser promovido através da voluntariedade das pessoas.

Finalizo orando para que Deus ilumine a todos e também aos nossos operadores do Direito!


OBS: A imagem usada neste artigo refere-se ao quadro pintado por Lucas Cranach, o Velho (1472–1553) de 1537. Extraí a ilustração do acervo virtual da Wikipédia em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Gerechtigkeit-1537.jpg

O pão que chega enquanto dormimos

"Se o SENHOR não edificar a casa,
em vão trabalham os que a edificam;
se o SENHOR não guardar a cidade,
em vão vigia o sentinela.
Inútil vos será levantar de madrugada,
repousar tarde,
comer o pão que penosamente granjeastes;
aos seus amados ele o dá enquanto dormem."
(Salmo 127:1-2; ARA - destaquei)



A Bíblia aborda dois temas que para as nossas mentes parecem contraditórios ou paradoxais: a ação da Divina Providência e a diligência/prevenção/vigilância do homem quanto ao dia de amanhã.

A primeira estrofe do Salmo 127 (versos 1 e 2) vem nos dizer que todo bem procede de Deus. E a autoria desse poema de ascensão/peregrinação é atribuída ao sábio rei Salomão, considerado também o compositor de vários provérbios bíblicos. Inclusive aquele conhecido ensinamento em que o preguiçoso é tragicamente advertido a ter um diálogo com a formiga (Pv 6:6-11).

Da mesma maneira como a inatividade ociosa é combatida pelas Escrituras Sagradas, caracterizada como uma insensatez humana, a ansiosa solicitude pela vida também é desaconselhada a ponto de se tornar uma atitude desprovida da fé. Pois foi o que o Senhor Jesus teria pregado durante o célebre Sermão da Montanha (ver mais especificamente o trecho de Mateus 6:25-34):

Voltando ao Salmo 127, devemos lembrar que a proposta do seu autor é justamente o equilíbrio entre trabalhar/lutar/precaver e ter uma fé confiante em Deus. Ou seja, a nossa dependência para com o Pai Eterno.

Amados, inútil será qualquer preocupação excessiva com o dia de amanhã! A ansiedade jamais poderá alterar o resultado daquilo que aguardamos. Uma vez cumprida com a sua parte, cabe ao homem descansar no colo de Deus crendo que o futuro encontra-se nas mãos do Rei do Universo. Pois Ele sim é o nosso Guardião e Provedor! Quer habitemos hoje numa estável casa edificada ou andemos como peregrinos pelo mundo sem onde reclinar a cabeça, o certo é que podemos encontrar paz no nosso Pai Celestial que nunca abandonará seus filhos.

Que possamos reconhecer o cuidado de Deus para conosco e glorificá-lo. Façamos como disse certa vez outro salmista num diálogo consigo mesmo, "bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios" (Sl 103:2). E assim repousaremos em paz quando concluirmos toda a tarefa que devemos fazer. Ou seja, descansaremos no Pai como a criança se aquieta nos braços da mãe ao terminar de mamar (Sl 131:2)


OBS: Ilustração extraída de  http://leondejuda.org/node/7444
 coisas os gentios procuram). De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas;
Mateus 6:31-32

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Um trem turístico para o litoral sul fluminense



Acessei hoje o site da Prefeitura Municipal de Mangaratiba e me deparei com a boa notícia de 30/10 sobre a reativação do trem de passageiros no município, embora se trate de um projeto apenas para fins turísticos.

Quando criança, eu já frequentava a região sul do litoral fluminense, mais precisamente a localidade de Muriqui, no 4º Distrito de Mangaratiba, que é onde estou morando agora. Naqueles tempos não tão distantes, passava por aqui um trem de passageiro, sendo que meus pais e avós ainda pegaram o famoso Macaquinho, o qual era uma composição com carros de madeira e que partia de Santa Cruz (Zona Oeste do Rio de Janeiro) em três ou quatro horários por dia.

No entanto, o projeto de agora chama-se Trem dos Mares da Costa Verde e pretende oferecer ao turista uma viagem temática pelo transporte ferroviário, percorrendo 18 quilômetros entre Itacuruçá e a enseada de Santo Antonio numa composição do modelo litorina, de cabine única, com capacidade para 80 pessoas. É o que informa a reportagem:

"Os passageiros poderão ver e vivenciar importantes elementos históricos, como as monumentais ruínas do Sahy - que guardam em suas construções a lendária trajetória do tráfico negreiro – além dos pontos turísticos, culturais e históricos presentes nos 180 anos de história de Mangaratiba. O trajeto permite inclusive a visualização da Ilha Grande e a Ilha da Marambaia, emolduradas pelas muralhas da Serra do Mar."

Diz também a matéria oficial que a primeira viagem do esperado trenzinho está agendada para o mês de fevereiro de 2013, às vésperas do Carnaval. Porém, será algo meramente experimental pois a operação em definitivo talvez só deva acontecer mesmo a partir de junho.

Tomara que esse projeto torne-se uma realidade afim de que gere mais emprego e renda aqui na região. Afinal, o Rio de Janeiro, com tantas belezas naturais, deveria aprender a explorar suas paisagens juntamente com a história tal como fazem há décadas os paranaenses com a ferrovia que vai de Curitiba até Paranaguá. Passeio este que é inesquecível...

OBS: Foto e informações extraídas de http://www.mangaratiba.rj.gov.br/portal/noticias/trem-turistico-mais-proximo.html


segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O direito do cidadão em receber medicamentos dos governos



Segundo o artigo 196 da nossa Constituição de 1988, a saúde é um direito de todos e uma obrigação do Estado, o que impõe um dever comum aos três entes federativos. E isto certamente inclui o fornecimento de medicamentos necessários ao restabelecimento físico e também psíquico do paciente como explicita o artigo 6º, inciso I, alínea d da Lei n.º 8.080/90.


Entretanto, nem sempre os direitos do paciente são respeitados como deveriam pelo Poder Público. Há prefeituras que, além de ignorarem a responsabilidade estabelecida pela Lei Maior do país, sustentando hipocritamente que não caberia ao município fornecer todo e qualquer medicamento, criam também inúmeras dificuldades ao cidadão caracterizando assim uma hedionda violência institucional. Pois, através de procedimentos injustificáveis, pessoas são prejudicadas e muitas só conseguem obter os remédios de que precisa mediante o proferimento de ordem judicial.

Atualmente, um dos problemas mais comuns que acontece em inúmeras cidades brasileiras seria sobre o fornecimento de medicamentos que não constam na listagem padronizada do SUS. E aí muitos remédios receitados ao paciente, ainda que excepcionais à indigitada relação, podem ser até indispensáveis para a manutenção da saúde ou mesmo da vida de um doente.

É certo que os entes estatais precisam estabelecer algum parâmetro através de uma listagem de medicamentos afim de se evitar abusos como um paciente passar a exigir remédios supérfluos ou desnecessários. Porém, quando um órgão de saúde impõe que o medicamento receitado da pessoa conste obrigatoriamente na lista do SUS, é cometido um tremendo absurdo e desrespeito aos direitos humanos. Isto porque é evidentemente impossível limitar as necessidades de quem se encontra enfermo e tão pouco os prodigiosos avanços da Medicina.

Por sua vez, tem se configurado como outra flagrante violência do Estado os órgãos de saúde exigirem que o paciente apresente receituário passado por médico da rede pública. Pois, se o cidadão procura diretamente um profissional conveniado ao seu plano de saúde, ou mesmo um consultório particular, obtendo por esse meio a receita, ainda assim as prefeituras negam-se a fornecer o medicamento prescrito. Ou seja, mais um absurdo que não podemos tolerar.

Ora, como as unidades emergenciais e ambulatoriais do SUS encontram-se geralmente assoberbadas, exigir que o cidadão doente apresente receituário da rede pública pode causar uma demora no tratamento do paciente e agravar mais ainda a sua saúde. Outrossim, se alguns usuários do sistema único podem recorrer a serviços complementares de saúde, seria até benéfico para diminuir o tempo de espera no atendimento dos hospitais caso o excludente procedimento das prefeituras fosse revisto.

Deve-se considerar também que cada paciente pode querer ser atendido pelo médico de sua confiança capaz de melhor compreender o seu quadro clínico. Trata-se aí de uma identificação pessoal, algo que deve ser respeitado e visto como capaz de contribuir decisivamente para o tratamento da doença sendo que nem sempre um bom diagnóstico será feito através de hemogramas, raio-x, análises da urina e de outros exames. Há profissionais que, por exemplo, conseguem entender o problema da pessoa através de uma simples conversa em consultório de modo que suas conclusões nem sempre serão acompanhadas por outro colega que preste atendimento no caótico SUS onde a estrutura é propositalmente precária.

Esses e outros constrangimentos ocorrem diariamente no nosso país. São situações que só conseguem ser amenizadas pelas decisões do Poder Judiciário que tem obrigado municípios e estados a fornecerem medicamentos e meios de tratamento a quem busca socorrer-se através da tutela jurisdicional. Porém, nem todo cidadão consegue chegar às portas da abarrotada Defensoria Pública e ingressar com sua ação judicial. Muito menos contar com o apoio de advogados dispostos a defender a causa já que, na maioria dos casos, trata-se de uma clientela de condição humilde impossibilitada de pagar pelos honorários do causídico.

Mas até quando o Judiciário vai continuar sendo o lugar de resolver problemas individuais de distribuição/fornecimento de remédios?

Se o Judiciário também condenasse as prefeituras a pagar indenizações por dano moral, além de dar o medicamento, teria algum adianto significativo ou viraria outro paliativo?

Reconhecer o dano moral que quase sempre é in re ipsa certamente não vai ser suficiente.

Considerando todas essas questões, entendo ser muito mais eficiente e adequada a propositura de soluções de alcance coletivo. É certo que as políticas públicas na área da saúde têm sido insatisfatórias porque, a princípio de conversa, votamos muito mal nas eleições a cada ano par. Assim, vejo como uma boa possibilidade de mudança a propositura de ações pelo Ministério Público e/ou por entidades da sociedade civil organizada afim de se buscar uma melhor prestação das normas jurídicas já existentes solucionando para todos o problema. Pois só assim é que mudanças significativas ocorrerão neste nosso Brasil. Do contrário, o assoberbado Judiciário vai ficar permanentemente passando sua toalha no gelo ao ajudar uma minoria ao invés da nação inteira.


OBS: Ilustração encontrada no acervo virtual da Wikipédia em http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ritalin-SR-20mg-full.jpg

Ainda não desisti dos tribunais




 "Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias os acharás" (Eclesiastes 11.1; ARA)

Em 2008/2009, a rotina forense passou a me esgotar após ter exercido a advocacia em somente três anos. Comecei a evitar novos casos, buscando permanecer apenas com as ações em curso nas quais já atuava por motivo de compromisso profissional. Sempre que alguém me procurava, encaminhava logo a pessoa para a Defensoria Pública ou para o escritório de um outro colega. Se fosse coisa de Vara de Família, aí já recusava logo de cara e me limitava a prestar só uma orientação jurídica.

De fato, andei sonhando com oportunidades que fossem melhores. Pensei na possibilidade de fazer um concurso público ou numa pós-graduação para dar aulas. Em maio, uma professora da Universidade Cândido Mendes convidou-me para voltar a Nova Friburgo e proferir uma palestra, quando então o coordenador do curso de Direito daquele campus encorajou-me a tentar um mestrado. Agradeci-lhe a ideia, mas, infelizmente, ainda não fui capaz de colocar em prática esta e outras excelentes sugestões que frequentemente recebo.

Por esses dias, entretanto, aprendi que a advocacia no Brasil e no Rio de Janeiro pode estar pouco satisfatória, desprestigiada, muito difícil, mas não impossível. Neste mês de outubro, acabei ajuizando minha primeira ação aqui na comarca de Mangaratiba, municipio onde estou residindo desde agosto após uma breve e sofrida passagem pela cidade do Rio de Janeiro.

Atravessando um deserto no decorrer deste ano, senti-me na obrigação de tirar água da rocha quando me mudei para cá estando com a esposa internada numa clínica conveniada com a Unimed. Suportando problemas financeiros e não querendo faltar com os compromissos (as dívidas hoje correspondem à metade do orçamento familiar), comecei a fazer o que pudesse para diminuir despesas consumindo o necessário e sair para arrumar trabalho, conforme relatei na mensagem anteriormente postada aqui dia 21/09. E assim foi minha rotina no restante de setembro e agora em outubro.

Entretanto, num desses dias do mês, quase perdi a cabeça quando a Secretaria Municipal de Saúde recusou-se a fornecer um dos remédios que o médico de minha esposa receitou para ela. Tomando cinco comprimidos diários, Núbia consome em três dias uma caixa com 14 porções de 25 mg de um certo medicamento controlado que custa uns R$ 15,00 a R$ 20,00 nas farmácias. E aí confesso que pirei.

Onde eu iria tirar mais dinheiro para comprar 11 caixas mensais do remédio se, com dificuldades, apenas estou pagando dívidas, despesas da casa e comprando comida?!

Por aqueles dias de desespero, um funcionário da Prefeitura disse-me que a situação só se resolveria se procurássemos a Defensoria Pública. Segundo ele, o município tem até uma verba especificamente destinada para comprar medicamentos que não constam na lista do SUS, desde que cumprindo ordens da Justiça. Isto porque, graças aos nossos maravilhosos políticos, recentemente eleitos ou reeleitos pelo povo, obstáculos são propositalmente criados para a assistência farmacêutica prevista na lei ser mal prestada e o direito constitucional à saúde jamais ser algo de todos...

Pois bem. Naquela hora lembrei de que ainda sou um advogado!

Por qual razão eu iria mandar minha mulher procurar a Defensoria, ocupando mais um lugar na fila dentre outras pessoas igual ou mais necessitadas se eu mesmo poderia fazer a ação dela e ainda tentar ganhar algum dinheiro no final do processo a título de sucumbência na hipótese de êxito?

Por que continuar fugindo dos tribunais se, hoje em dia, até os pequenos trocados estão fazendo falta para a economia do lar?

Arregaçando as mangas, assim fiz nos dias 17 e 18/10. Passei a madrugada trabalhando numa petição que para a Defensoria é bastante comum mas que eu somente tinha feito quando ainda era estudante de faculdade. Pela manhã do dia 18, tirei do armário o terninho verde, o primeiro que comprei quando ainda era estagiário no ano de 2004, calcei o sapato marrom combinando com o cinto da mesma cor, apertei o pescoço com a tal da gravata e fui de ônibus para o Fórum de Mangaratiba junto com os demais trabalhadores.

Felizmente deu certo, embora eu temesse pelo fato da receita não ser do SUS e sim do médico da rede conveniada da Unimed. Como nos demais casos já apreciados pela magistrada do Juízo Único daqui, a decisão foi praticamente a mesma dos outros. E, no dia seguinte, Núbia já estava recebendo em casa a medicação. Este foi o brilhante posicionamento da juíza:

"Trata-se de ação através da qual a parte autora postula, em sede de tutela antecipada, a determinação para que o Município de Mangaratiba providencie com urgência a medicação (...) uma vez que não possui condições financeiras para arcar com seu custeio. Acompanharam a petição inicial os documentos de fls. 12/65, dentre os quais destacam-se aqueles atestando a necessidade de utilização da aludida medicação. É O BREVE RELATÓRIO. PASSO A DECIDIR. Inicialmente, defiro o pedido de gratuidade de justiça. O artigo 196 da Constituição da República, ao tratar da ordem social, consagrou o direito à saúde como autêntico direito fundamental de todos os indivíduos, o qual se caracteriza como direito constitucional de segunda geração, impondo ao Poder Público o dever de agir, fornecendo todos os meios necessários para que tal garantia seja efetiva, meios esses entre os quais assume especial relevância o tratamento médico, com todos os meios que se façam necessários à cessação à lesão à saúde do indivíduo. Por certo, a promoção, proteção e recuperação da saúde exigem em certos casos como o dos autos a disponibilização de internação em unidade de tratamento intensivo. A Constituição da República instituiu ainda, em seu art. 198, o Sistema Único de Saúde, regulamentado pela Lei nº 8.080, a qual, após tornar expresso que o sistema é composto por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais (art. 4º), explicita em seu art. 6º, I, alínea d, o dever de prestar assistência terapêutica e integral, inclusive farmacêutica. Frise-se que o conjunto probatório trazido aos autos, é mais que suficiente para ensejar o deferimento da medida requerida, destacando-se que o posicionamento do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro é pacífico no tocante ao deferimento de tutelas antecipadas para tratamento de saúde, quando juntado aos autos o laudo médico atestando tal necessidade. Por analogia, é válido ressaltar o enunciado resultante dos encontros dos desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, realizados nos anos de 2009, 2010 e 2011: ´Enunciado 23: Para o deferimento da antecipação de tutela contra seguro de saúde, com vistas a autorizar internação, procedimento cirúrgico ou tratamento, permitidos pelo contrato, basta indicação médica, por escrito, de sua necessidade´. Assevere-se que a documentação acostada aos autos, denota ser patente a necessidade de uso dos medicamentos em questão para a manutenção do estado de saúde da parte autora, salientando que a interrupção do tratamento, pode trazer a ela danos irreparáveis. Assevere-se que a autora possui o direito, constitucionalmente previsto, a que o Município lhe disponibilize o tratamento e medicação devidos, razão pela qual deve ser deferida a tutela ora requerida. Por fim, repise-se que os requisitos dispostos no artigo 273 do CPC restaram cabalmente comprovados, na medida em que vislumbrou-se nos autos a verossimilhança das alegações, consubstanciada através das provas inequívocas trazidas com a exordial (laudos médicos e exames), não obstante, ainda, o patente periculum in mora, haja vista o risco de dano irreparável para a saúde da autora. Em face do exposto, DEFIRO O PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA e determino que o Município de Mangaratiba providencie a medicação (...) ou genérico, na quantidade de 11 CAIXAS, de 14 comprimidos cada, MENSALMENTE, NO PRAZO DE 24 HORAS, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 (mil reais), em caso de descumprimento, sem prejuízo da majoração desta multa. Intime-se o Município de Mangaratiba, para que cumpra a presente decisão, na pessoa de seu procurador e Secretário de Saúde. Sem prejuízo, cite-se. P.I." (Decisão interlocutória decidida nos autos do processo n.º 0005500-35.2012.8.19.0030 pela MMª Juíza de Direito Drª BIANCA PAES NOTO da Vara Única da Comarca de Mangaratiba do Estado do Rio de Janeiro, em 18/10/2012)

Glória a Deus! Bendito seja o Senhor que nos proveu o sustento na hora certa! Aleluia!

Confesso que, depois deste episódio, tenho começado a ver as coisas ficando mais favoráveis. Com muito menos possibilidade de estudar agora para um concurso ou fazer uma pós, estou na expectativa de conseguir algo que ao menos sirva para ajudar nas necessidades mais imediatas. Semana passada atendi um casal interessado em resolver um problema de locação de imóvel e depois uma empresa de São Paulo telefonou-me pedindo uma certidão criminal nesta comarca. Depois foi a vez do Centro de Capacitação Profissional daqui de Muriqui chamar-me para uma conversa sobre o resultado de um teste realizado anteriormente e, na sexta-feira, fui encaminhado para uma primeira entrevista pelo balcão de empregos de Mangaratiba onde havia deixado o currículo desde setembro.

Como as coisas serão daqui para frente, está tudo nas mãos de Deus e a ansiedade é algo que preciso expulsar constantemente do campo de batalha da mente. A Bíblia ensina no citado livro de Eclesiastes que devemos lançar o nosso pão sobre as águas, o que significa investir, correr riscos, enfrentar o mar de incertezas, buscar sempre oportunidades ao invés de ficarmos parados, apostar no futuro e diversificar negócios.

Pois é, amigos. Hoje estou percebendo mais do que antes o valor da ferramenta que Deus me colocou nas mãos - a advocacia. Com a tal da carteirinha da OAB e conhecendo o Direito, tenho o grande potencial de ser vitorioso por mais que ainda existam cento e tantos mil causídicos em atuação aqui pelo estado do Rio de Janeiro. Basta esforçar, aperfeiçoar e, principalmente, jamais perder a fé. Pouco importa a secura do deserto pois o Pai Eterno, bendito seja, sempre nos sustentará.

Uma boa semana a todos e fiquem na paz do Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador.


OBS: Imagem extraída do acervo da Wikipédia em  http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:P%C3%A3o_de_centeio.jpg

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Blogueiro a procura de trabalho

Por esses dias, alguns internautas devem ter percebido minha ausência na blogosfera e principalmente nas redes sociais (geralmente uso mais o Facebook). É que estou por aí atrás de emprego e ainda sem acesso à rede dentro de casa.

Mudar de cidade e ir pra um lugar onde somos desconhecidos não é nada fácil, mas confesso que tenho me dado bem com o povo de Mangaratiba que é muito solidário e receptivo com quem é de fora. Pois, ainda que o município não tenha tantas opções de trabalho como no Rio de Janeiro (os maiores empregadores são a Prefeitura e a Vale do Rio Doce), acredito na possibilidade de conseguir algo de bom por aqui e me estabilizar profissionalmente.

Queixar-me da vida e das coisas ruins que me ocorreram nos últimos meses de nada adianta. Não resolverá minhas necessidades, pode atrapalhar no relacionamento com as pessoas e piorar ainda mais a situação. Logo, o melhor a fazer é sair anunciando que estou a disposição para laborar como coloquei no texto de meu currículo sobre o objetivo e informações básicas:

"Prestar serviços tanto na área administrativa quanto jurídica, atuando externa e internamente, inclusive no atendimento ao público. Sete anos de experiência profissional no campo jurídico com especialidade prática em Direito do Consumidor".

Sexta passada, quando estive no culto da igreja onde tenho congregado aqui em Muriqui (4º Distrito de Mangaratiba), um irmão informou-me haver vaga de frentista num posto de gasolina la localidade vizinha de Itacuruçá. Disse-me ele mais ou menos assim:

"(...) Não sei se te interessa. O salário é de R$ 849,00 mais passagem e alimentação (...)"

Como não sou um cara orgulhoso, estou precisando de dinheiro e combato essa mentalidade latina medíocre de que exercer profissão de base seria "vergonhoso", fui logo segunda-feira (17/09) na empresa e me apresentei para trabalhar. Recebi então o meu uniforme com a marca da Ipiranga com o boné e comecei na terça (18). Meu horário seria de 7 horas da manhã até às 7 da noite em Itacuruçá, bem perto da Capitania dos Portos.

Durante quase todos os dias caminhei a pé para o trabalho afim de poder utilizar o dinheiro da passagem que me adiantaram por catorze dias. Colocava o despertador do celular para tocar às 5:20 da madrugada e ia andando pela linha do trem. Ao chegar no local, vestia o uniforme por cima da camiseta de malha afim de que a roupa de cima não ficasse cheia de suor e separava a marmita trazida na mochila.

Apesar de ter sete anos de experiência como advogado, tudo o que vi no posto foi novidade. Jamais trabalhei como empregado na vida e muito menos com serviço duro. Ali tive que aprender a abrir a loja, abastecer veículos, fazer a limpeza do estabelecimento com pá e vassoura nas mãos, contar estoque e utilizar o sistema de vendas no computador.

Senti logo o peso da responsabilidade daquele trabalho e vi que era bem mais duro do que advogar. Se desse falta de qualquer produto, colocasse alguns centavos a mais no combustível ou algum cliente deixasse de pagar, teria que reparar a perda do meu bolso. Não daria mais para ausentar-me dali e nem dar conta dos processos de meus clientes em andamento, sendo a maioria ações em outras comarcas. Pensei em como conseguiria tempo para ir até o malote do Fórum de Itaguaí e protocolizar a petição.

Por outro lado, conheci várias pessoas em Itacuruçá e fiz novas amizades ali. Pude compartilhar um pouco do Evangelho num local onde há muitas vidas carentes do amor de Cristo e também participei dos sofrimentos do trabalhador brasileiro. Senti na pele o quanto os pequeninos lutam pelo pão de cada dia, precisando dar um jeitinho daqui e dali. Vi que há muita prostituição no local. Moradores da Restinga de Marambaia pediam para que vigiássemos suas compras enquanto eles desempenhavam suas tarefas no continente até a embarcação da Marinha partir no final do dia. E vez ou outra ganhávamos doações de peixes e alimentos.

Na quarta (19), trabalhei num outro posto da empresa dentro do Iate Club de Itacuruçá e foi num dia bem quente. Ali eu tinha que abastecer as embarcações e, quando se tratava de jet-ski era preciso descer até o deck de madeira bem perto do mar. Por isso, acabei retornando no terceiro dia para a loja perto da Capitania dos Portos.

Todos os dias foram bem exaustivos e senti que não estava conseguindo acompanhar o rítimo do serviço. Quando foi ontem (20), refleti sobre continuar ou não no posto de gasolina. Analisei os riscos e as possibilidades de conseguir algo melhor dentro de minha área ou próximo a ela. Cheguei em casa, conversei com a esposa e hoje (21) informei minha gerente sobre a decisão de sair. Ela compreendeu perfeitamente minha situação e então compareci ao escritório da empresa no Centro de Mangaratiba para entregar o uniforme e pedir as contas.

Para não jogar fora o dinheiro da passagem, aproveitei a oportunidade e distribuí meu currículo por Mangaratiba. Deixei um no cartório, outro no balcão de empregos e dois no Fórum. Debaixo de chuva, retornei pra Muriqui e agora estou escrevendo no local coletivo de acesso à internet da Prefeitura. Semana que vem, pretendo procurar trabalho no município vizinho de Itaguaí e continuar esta busca com fé até Deus abrir uma porta.

Bem, se alguém souber de algum trabalho, segue meu telefone celular que ainda é de Nova Friburgo: (22)98111620. E também tem o email rodrigoluz@yahoo.com já que não é possível utilizar redes sociais como Facebook e Orkut aqui nos terminais de acesso à rede da Prefeitura.

Por enquanto é só o que tenho a compartilhar. Desejo a todos que me acompanham um final de semana abençoado e cheio da presença de Deus.

Tenham um feliz descanso com bastante paz.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Protestos injustificáveis contra embaixadas em países islâmicos

Esta semana assistimos pelos telejornais vários protestos sangrentos contra embaixadas dos Estados Unidos em razão de um filme ridicularizando a religião muçulmana. Manifestações explodiram nos continentes da África e Ásia com reações bem violentas em determinados países a ponto de ameaçar as relações diplomáticas entre o Ocidente e o Oriente.

Sinceramente, não dá para compreender a razão dessa atitude de selvageria que é bem covarde e irracional. Pois, além do filme não ser uma produção oficial do governo norte-americano, trata-se da liberdade de expressão de um povo que as constituições democráticas entendem como sendo um direito fundamental do indivíduo. Uma conquista que o Ocidente hoje desfruta graças às sementes plantadas pelos heroicos pensadores iluministas do século XVIII.

Ora, o que os religiosos radicais do Islã desejam que os Estados Unidos façam? Que o Obama imponha uma censura aos cidadãos livres da América?!

Apesar de toda essa estupidez praticada pelo fundamentalismo islâmico, a Casa Branca até que respondeu com bastante sabedoria esta semana e mostrou até agora que sabe oferecer a outra face. Ao considerar como "repugnante" o conteúdo do filme, Obama manifestou qual deve ser o posicionamento de um Estado realmente democrático e que tem por objetivo promover o respeito à liberdade religiosa.

Agora convenhamos. O que seria do mundo se as potências militares do Ocidente resolvessem responder com a mesma ignorância que os manifestantes da Líbia caso alguém fizesse uma produção cinematográfica ofendendo a Jesus, Maria, Paulo, Moisés, Abraao, a Bíblia ou até mesmo o Santíssimo Criador?

Entretanto, muitos ateus já fazem isto na Europa e nas Américas, mas são efetivamente protegidos pelas leis e por inúmeros cristãos. Estes, apesar de não concordarem e considerarem ato de blasfêmia um homem ridicularizar Deus, preferem se auto-limitar nestas horas de conflito do que reagir com violência.

Recordo que, poucos anos atrás, minha caixa postal eletrônica recebia repetidos emails pedindo o apoio de internautas contra a exibição de um suposto filme que mostraria o Senhor Jesus tendo relações homossexuais com os seus discípulos. Eu, embora tivesse verificado a inveracidade daquela informação alarmista, recusei a colocar o meu nome no manifesto virtual por entender necessário respeitar a liberdade de opinião acima das minhas crenças. Pois, ainda que o diretor de uma imbecilidade dessas fosse receber de Deus um castigo, não seria por mãos humanas que o julgamento ocorreria. E aí eu não perderia o meu tempo pedindo às autoridades brasileiras que impedissem a entrada de um filme profano no país, sendo que a própria proibição atrairia mais ainda o interesse do público.

Como seguidor de Jesus entendo que ser até pecado um crente sair por aí agredindo pessoas por causa de uma provocação religiosa. Analisando cuidadosamente as Escrituras, o máximo que a orientação bíblica permite numa situação assim seria a excomunhão temporária conforme prescreveu Paulo quanto ao sujeito que teve relações sexuais com a madrasta na igreja de Corinto (ler 1Co 5:1-5). E, no final do mesmo capítulo daquela epístola, o apóstolo concluiu:

"Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo." (1 Coríntios 5:12-13)

Fora das paredes da congregação, as normas de nenhum grupo religioso se aplicam em país laico. E ainda no âmbito interno de uma seita, existem limites que são as leis do país onde ela se encontra. Deste modo, se a blasfêmia é praticada por alguém oriundo da mesma cultura nacional-religiosa, igualmente não é possível matar, prender, ameaçar, torturar ou castigar fisicamente o apóstata usando o nome de Deus sem que esteja sendo cometido um delito. Pois, segundo o ordenamento jurídico de países livres como o Brasil e os EUA, pode-se afirmar tranquilamente que qualquer fogueira será um crime hediondo.

Num mundo onde coexistem diversos valores éticos em conflito, o caminho mais aceitável parece ser o da tolerância. Deve-se proteger a liberdade de expressão e, ao mesmo tempo, aconselhar aos demais titulares desse direito que o utilizem sabiamente. Afinal de contas, para que sair por aí provocando a onça com vara mesmo sendo esta de longa metragem? Pois, do outro lado do "pau", estão os pobres funcionários das repartições diplomáticas que nada têm a ver com a briga.

Tomara que Obama vença as eleições e não haja retribuição bélica por parte dos Estados Unidos a essa covardia conforme desejam muitos do Partido Republicano.

Oremos pela paz do Oriente Médio e dos demais países islâmicos!


OBS: A foto acima foi extraída da Wikipédia, em http://pt.wikipedia.org/wiki/Atentados_terroristas_%C3%A0s_embaixadas_dos_Estados_Unidos_na_%C3%81frica , e mostra o histórico atentado ocorrido contra a embaixada de Nairobi, dia 07/08/1997, que matou pelo menos 213 pessoas, incluindo 12 americanos e feriu pelo menos outras 4.000.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A violência que ainda consome o Rio


Esta semana o Brasil inteiro está lamentando a morte de seis adolescentes brutalmente assassinados na Baixada Fluminense. Amigos de infância, Josias, Victor Hugo, Christian, Glauber, Douglas e Patrick partiram de suas casas em Nilópolis para um banho de cachoeira no Parque Natural de Gericinó, mas não retornaram. Foram sequestrados por bandidos que controlariam uma comunidade próxima (favela da Chatuba) pelo que acabaram sendo torturados e mortos. Um dos autores do crime, quando atendeu ao telefone de um dos pais dos rapazes, simplesmente respondeu friamente que seu filho "já era".

É triste ver como anda a situação real dos arredores da cidade governada por Eduardo Paes e ajudada pelo governador Sérgio Cabral de seu mesmo partido. A política denominada de "pacificação", com a ocupação de algumas comunidades carentes com as UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora), tem se evidenciado como um verdadeiro engodo, uma maquiagem dos lugares mais visíveis do espaço territorial urbano, mais precisamente dos morros do Centro, Zona Sul e da Grande Tijuca que é a área nobre da Zona Norte, além daquelas favelas bem populosas e conhecidas pelo público através da mídia: a Rocinha, a Cidade de Deus (lembram do filme?) e o Complexo do Alemão, onde morreu aquele jornalista da TV Globo - o Tim Lopes.

Entretanto, a maior parte do Rio ainda permanece sob o controle direto do tráfico a exemplo do que se vê na extensa Zona Oeste, no Complexo da Maré e em muitos outros locais da Zona Norte. Pois, deixando o bucólico Grajaú (bairro da Grande Tijuca) em direção aos antigos "subúrbios", avista-se da estação de trem do Méier o Complexo do Lins, o qual se extende até um trecho da estrada que vai para Jacarepaguá, no Morro do Encontro, onde certa vez o carro de um juiz trabalhista foi atingido por tiros. Mais adiante, na região de Madureira (cinco estações depois), muitas comunidades ainda vivem submetidas à ditadura dos comandos criminosos e pude constatar bem de perto esta realidade nos quase dois meses em que minha esposa permaneceu internada numa clínica em Piedade, próxima ao Morro do Urubu, onde atua uma facção do tráfico. Durante o período de 12/07 a 07/09, ouvi falar de mortes ocorridas ali tal como acontecia com frequência nos morros do Andaraí e dos Macacos antes da vinda das UPPs.

Será que o governo do Rio de Janeiro investirá todos os recursos necessários para ampliar essa política de segurança para todo o estado e completará o trabalho iniciado nas comunidades tidas como "pacificadas"?

É justamente aí que podemos avaliar o tamanho do cobertor, que é curto.

Sabedores de que o Rio irá sediar a final da Copa de 2014 e os jogos olímpicos de 2016, nossas autoridades resolveram investir nas áreas de maior proximidade com os roteiros turísticos ou que se tornaram conhecidas mundialmente a exemplo da Rocinha, o Alemão e a Cidade de Deus, já citadas neste texto. Só que as causas do crime organizado não estão sendo suficientemente combatidas de maneira sistêmica sendo certo que, com a ocupação dos antigos pontos de venda de drogas, a bandidagem simplesmente migrou para novos locais. O interior fluminense, anteriormente um refúgio de quem tinha resolvido fugir da violência nos grandes centros urbanos, está com a sua paz ameaçada. Municípios da Baixada, da Costa Verde, da Região Serrana, da Região dos Lagos, do Vale do Paraíba e do Norte Fluminense tornaram-se igualmente perigosos.

Não nego que a política de segurança permitiu que eu pudesse visitar este ano os morros e as matas do Grajaú, bairro do Rio onde fui criado na infância até os sete anos, a ponto de ter explorado livremente várias quedas d'água ali por perto que até bem pouco tempo eram controladas pelos traficantes. Contudo, não me conformo em saber que outras cachoeiras do estado estão se tornando impróprias para banho devido à crescente violência. Lamento que jovens moradores dos municípios de Nilópolis e de Mesquita, amantes do ecoturismo assim como eu, agora precisem evitar futuros passeios às unidades de conservação da natureza. E espero que essa bela região de Muriqui, o 4º Distrito de Mangaratiba, lugar onde estou agora morando, de modo algum tenha os seus recantos ocupados por bandidos.

Finalizo o texto solidarizando-me com a dor das famílias dos seis rapazes assassinados final de semana na Baixada Fluminense e convoco a sociedade brasileira para mobilizar-se contra esse tipo de covardia. Chega de tanta violência! O Rio de Janeiro todo precisa de paz.

A cabeça cortada do monstro que torna a crescer nas eleições


"E vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia. E a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés como os de urso, e a sua boca como a de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio. E vi uma das suas cabeças como ferida de morte, e a sua chaga mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou após a besta. E adoraram o dragão que deu à besta o seu poder; e adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela?" (Apocalipse 13:1-4; destaquei)


Mais uma eleição se aproxima e novamente o povo brasileiro é convocado a comparecer obrigatoriamente às urnas afim de escolher quem serão os futuros prefeitos e vereadores de suas respectivas cidades pelos próximos quatro anos (2013/2016). Panfletos, cartazes e carros de som estão por todo canto assediando o eleitor de maneira até exaustiva.

Impressionante como que os candidatos em destaque costumam ser os mesmos das eleições passadas! Porém, quando há alguma renovação nas câmaras municipais e prefeituras, os políticos novos que chegam lá, em regra, seguem os mesmos passos de iniquidade dos seus antecessores por eles criticados tão duramente no palanque. Isto quando não são os próprios filhos, cônjuges e apadrinhados dos que já se corromperam no poder, os quais, por mero impedimento legal, não estão podendo disputar reeleição ou cumular cargos, pelo que apoiam alguém feito à sua imagem e semelhança ou que seja osso de seus ossos e carne de suas carnes.

Pois é, amigos. A história da politicagem suja e barata tende a se repetir enquanto o Reino de Deus não estiver plantado nos corações governando a sociedade rumo a uma realidade diferente daquilo que ela vem experimentando passivamente. De pouco adianta as pessoas irem votar em outubro se elas continuam inertes quanto aos problemas do cotidiano e às necessidades coletivas. Só que parece fazer parte da natureza carnal do ser humano aplaudir os perversos como diz o salmista da Bíblia abordando o tema da prosperidade dos maus:

"Por isso o seu povo se volta para eles e bebem suas palavras até saciar-se" (Salmos 73:10)

Em que pese a maldade dos ímpios, ainda assim o povo prefere "beber" as suas palavras mentirosas. Enganado (ou querendo iludir a si mesmo), o cidadão dá crédito ao político que irá oprimi-lo após tomar sua posse no cargo. Vota no cara que desviará o dinheiro público, privatizará as escolas, deixará que os hospitais continuem quebrados atendendo mal os pacientes do SUS, fará da prestação do serviço público um mero favor ao pobre, aumentará a tarifa dos ônibus urbanos em comum acordo com os empresários do transporte, cobrará propina de quem realmente produz, inventará novos impostos e usará até da violência física e institucional para proteger os seus esquemas de corrupção.

Falando mais uma vez da Bíblia, é interessante observar que certos fatos configuram como reincidentes nas Escrituras Sagradas. Em Êxodo, diz o texto que um faraó decidiu afogar no rio Nilo os bebês das mulheres hebreias afim de controlar o aumento populacional da descendência de Abraão no Egito (ver Ex 1:22). E, cerca de um milênio e meio depois, um outro monarca (Herodes, o Grande) resolveu fazer praticamente a mesma coisa mandando exterminar os meninos de até dois anos na cidade de Belém (Mt 2:6). Isto porque o rei intencionava matar o Messias prometido com medo de que viesse a perder o trono de Jerusalém para o legítimo herdeiro da casa real de Davi.

É certo que, nos tempos de Herodes, acreditava-se na vinda de um cristo político cuja missão seria a de restaurar a soberania perdida de Israel. Muitos judeus aguardavam que o Messiah iria liderar o povo na libertação do domínio de Roma, a qual oprimia a nação com sua potente força militar, cobrava pesados tributos, escravizava, estabelecia trabalho forçado nas minas, e punia cruelmente os revoltosos que se opusessem a César. Mas quanto ao desempenho desse papel guerrilheiro, Jesus parece ter frustrado as expectativas de seus compatriotas, inclusive dos discípulos que o seguiam. Principalmente quando resolveu entregar a sua vida voluntariamente em favor da humanidade ao invés de resistir com armas a ponto de Pedro tê-lo negado durante sua prisão mais provavelmente pela vergonha do que pelo medo de morrer junto.

Durante a tentação sofrida no deserto, o diabo chegou a apresentar um atalho a Jesus para este concretizar rapidamente o projeto messiânico, oferecendo-lhe todos os reinos do mundo "se, prostrado, me adorares" (Mt 4:9). Porém, o Senhor rejeitou de plano aquela proposta ilusória de Satanás e seguiu firme no seu ministério valoroso afim de arrancar o mal pela raiz, limpando do coração dos homens toda semente maligna. Sobre este mesmo solo, ele plantou as boas novas de um reino que não é deste mundo e que não funciona segundo a lógica pecaminosa dos governantes visto que o Evangelho busca primeiramente a transformação íntima do ser humano pela via do arrependimento e da conversão sincera. Do contrário, caso Cristo viesse a se tornar um novo rei no lugar de Herodes, os resultados de justiça e de paz pretendidos seriam de curta duração de modo que o seu governo passaria como um dia também passaram os reinados terrenos de Davi, Salomão, Asa, Josafá, Ezequias e Josias, todos estes considerados importantes líderes da nação judaica em sua fase monárquica.

Ora, do que adianta cortarmos uma das cabeças da besta se ela volta a crescer? Pois digo ser necessário expulsar de dentro dos nossos corações aquele monstro do Apocalipse visto que somos os verdadeiros responsáveis pela manutenção desse sistema sujo, o qual embriaga os líderes do mundo com a bebida entorpecedora de sua prostituição. É a nossa própria cobiça, distorsão da realidade, lascívia, impulsividade, omissão e valores egoístas cultivados interiormente que ainda contribuem para manter no poder não apenas as mesmas pessoas, mas também as velhas práticas rotineiras de exploração e de violência.

O Reino precisa estar em nós! É algo que deve ser compreendido no íntimo de cada um e ser posto em prática dentro das relações estabelecidas com o próximo e com a comunidade. E aí, sendo a sociedade alcançada em sua base com o amor sacrificial de Cristo, conseguiremos ver transformada essa dura realidade que ainda nos aflige. Mesmo que contemplemos esta visão pela fé no cumprimento da história.

Que sejamos os agentes desse bendido Reino de Deus e do seu Cristo! Aleluia!


OBS: Ilustração extraída do acervo da Wikipédia em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:La_B%C3%AAte_de_la_Mer.jpg

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A importância de nos congregarmos em igreja



"Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros" (Hebreus 10:25a)

As narrativas bíblicas e a história do cristianismo são testemunhos de que a vida com Deus é um projeto para ser experimentado coletivamente. Não existe e jamais haverá a "igreja do eu sozinho". O próprio nome igreja vem de ekklesia, termo que foi originalmente empregado nas reuniões políticas das cidades gregas, sendo, pois, um sinônimo cabível para a assembleia do povo de Israel mencionada nas Escrituras hebraicas (o Antigo Testamento).

Quando Abraão foi chamado à fé, o objetivo do Altíssimo foi formar uma nação através dele. Não somente uma só nação, mas várias como diz o próprio nome do patriarca. E, se Deus a princípio lhe falou individualmente, foi com a finalidade de incluir outras pessoas no seu plano sagrado de modo que o Eterno esteve tratando também com Hagar, Sara e Isaque em outras passagens, no desejo de ser o Deus de todos aqueles personagens bíblicos (e de todos nós).

No Novo Testamento, também não foi diferente. Jesus buscou fazer discípulos. Não para ter numerosos seguidores atrás dele, mas para iniciar um ministério lidando com gente. E escolheu pessoas comuns do povo, impuros pescadores e coletores de impostos ao invés de contar com escribas, sacerdotes e toda aquela nata moral da Jerusalém de seu tempo. Aí, quando chegou o momento de experimentá-los e ensiná-los a pregar o Evangelho do Reino nas cidades de Israel, o Mestre ordenou que os doze apóstolos (e depois os setenta seguidores) andassem de dois em dois. Jamais saíssem sozinhos por aí.

Também com Paulo, depois que o Senhor revelou-se ao "apóstolo dos gentios", o Espírito Santo não o enviou sozinho pelo mundo. A princípio, Paulo andou junto com Barnabé em sua primeira missão. Na vez seguinte, seu companheiro de ministério foi Silas. E, a partir de então, o livro de Atos passa a fazer menção de diversos nomes novos como Timóteo, Tito, o casal Áquila e Priscila, dentre outros colaboradores.

No comecinho de 2010, li com entusiasmo o "subversivo" livro Por que Você Não Quer mais Ir à Igreja?, de Wayne Jacobsen e Dave Coleman. Fiquei empolgado demais com a desconstrução proposta pelos autores que transmitem uma mensagem através de uma narrativa ficcional no estilo A Cabana. Na obra, o personagem pastor Jake Colsen, sentindo-se interiormente vazio, depara-se com João, um homem que fala de Jesus como se o tivesse conhecido e que percebe a realidade de uma forma que desafia a visão tradicional de religião.

Sem dúvida que as críticas do livro não deixam de ser uma interessante contribuição ao mundo eclesiástico quando levamos em conta a importância da pluralidade de ideias e aceitamos a possibilidade de que a Igreja, por ser formada por homens, é passível de cometer erros. Só que, analisando por outro aspecto, os autores parecem não dar a mínima chance de êxito ao bimilenar trabalho desenvolvido até hoje pelos herdeiros do discipulado de Jesus. É como se tudo aquilo que se vê no presente não prestasse mais para nada e precisasse ser consumido no fogo.

Mas será que nada mais presta na Igreja?! Pois eu penso justamente o contrário e percebo coisas muito positivas que não devem ser descartadas, mas sim aprimoradas, melhoradas, reformadas e apoiadas pelas brilhantes mentes dos críticos da religião.

"E ele disse-lhes: Por isso, todo o escriba instruído acerca do reino dos céus é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas." (Mateus 13:52)

Penso que, se temos críticas em relação à Igreja e desejamos mudar seus rumos, não temos que nos afastar dela e muito menos abandonarmos a vivência coletiva da fé que é a comunhão com os irmãos. E também, quando temos em nosso coração a proposta de um ministério inovador, devemos aprender a aguardar em Deus o momento certo de agir tal como fez Paulo quando se congregava em Antioquia e que, provavelmente, já deveria sentir a vontade de levar a Palavra aos gentios da Ásia Menor e de outras regiões, bem como aos judeus da diáspora distantes de Jerusalém.

No começo do ano, tão logo ter deixado de Nova Friburgo, cometi o erro de querer iniciar um ministério sozinho nos curtos meses em que morei no Rio de Janeiro. Minha cabeça estava cheia de conceitos, ideias e propostas, as quais não descarto por serem coisas positivas. Entretanto, em minha vaidade intelectual e tendo grande dificuldade desde os tempos de criança quanto aos trabalhos de grupo, acabei não me congregando em lugar nenhum. Nem mesmo fui capaz de encontrar e me integrar com algum grupo informal de irmãos. Apenas visitei por três ocasiões uma igreja Presbiteriana no bairro onde morava sem que fosse estabelecida uma relação de compromisso. Aí, logo que vieram as lutas, os problemas e as necessidades, acabei ficando só tentando orientar-me para superar as situações. Lancei sementes, mas não pude cultivá-las como deveria. Precisei cuidar da família e, mais recentemente, de minha esposa Núbia.

Já neste semestre, resolvi fazer diferente. Tão logo fui iniciando a minha mudança do Rio para o Município de Mangaratiba, decidi que não continuaria a caminhar só. Deixei meus sonhos ministeriais nas mãos de Deus e fui logo buscando o apoio de meus irmãos em Cristo, pelo que me dispus a procurar a igreja evangélica mais perto de minha casa que está situada na mesma rua Primeiro de Maio aqui no distrito de Muriqui. Deixei de lado o orgulho, os conceitos teológicos adquiridos e fui reunir-me com os novos irmãos pouco importando o fato de se denominarem "batistas pentecostais".

Assim, tenho crescido com meus irmãos nestes últimos dias quando, definitivamente, vim morar aqui em 21/08. Pela manhã, nossa congregação reúne-se para orar diariamente às 07:30 e, por várias vezes, já tomei o meu café da manhã na igreja com a pastora Delvânia e o mano Johnny. Ontem (09/09), fizemos nossa Ceia e temos tido a oportunidade de nos encontrarmos com satisfatória frequência. E, no domingo retrasado (02/09), conheci uma missionária que esteve nos visitando e compartilhou a experiência no seu ministério com os chineses, aqui no Brasil, e de sua marcante viagem à China feita neste ano de 2012.

Não é maravilhoso poder viver num país como o nosso onde ninguém é perseguido pelas autoridades só porque lê a Bíblia ou vai numa igreja?!

Glória a Deus por isto! Mas ainda assim, os crentes daqui no Ocidentes têm caminhado com muito menos assiduidade do que os irmãos da China, sendo que a maioria deles por lá parece se reunir mesmo em congregações clandestinas. No outro lado do mundo, cada oportunidade de se congregar e adorar a Deus é algo de enorme valor.


OBS: Ilustração extraída do acervo da Wikipédia em http://en.wikipedia.org/wiki/File:AugsburgConfessionArticle7OftheChurch.jpg

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O uso irresponsável da lancha e do jet-ski


Estou amando morar em Muriqui, 4º Distrito do Município de Mangaratiba, situado na Baía de Sepetiba, litoral sul fluminense. Durante a semana, isto aqui é uma tranquilidade só. Um paraíso! Porém, aos sábados, domingos e feriados, a localidade fica demasiadamente agitada.

Além do movimento dos carros dos turistas, os pagodões e o funk em alto volume, bem como o lixo que alguns deixam na areia (nada contra pessoas visitarem a região da Costa Verde desde que respeitem o direito do outro), tenho notado algo muito preocupante: o uso de lanchas e de jet-ski próximos à orla marítima. Pois este tráfego de veículos não somente põe em risco a vida e a segurança de banhistas como também está afetando o meio ambiente aquático, sendo certo que as populações tradicionais de pescadores dependem do equilíbrio ecológico para fins de sustento familiar.

Sinceramente, acho uma estupidez pessoas ficarem andando pra lá e para cá de jet-ski sem estarem numa missão oficial ou em áreas destinadas à prática do referido "esporte". Por sua vez, as lanchas deveriam trafegar em velocidade compatível quando estão saindo de uma marina e jamais passarem perto de uma praia.

Todavia, o que mais me irrita é a ausência de fiscalização, algo que interessa à Diretoria de Portos e Costas, Tel.: (0xx21) 2104-5236, mas que também poderia contar com o auxílio de agentes das prefeituras já que o turismo é parte integrante da economia dos municípios praianos do sul do Rio de Janeiro. Afinal, a vida é um bem que não tem preço, sendo que a distância dos banhistas e da orla é um dos "dez mandamentos" de segurança marítima adotado pelos órgãos oficiais:


OS 10 MANDAMENTOS DA SEGURANÇA NO MAR:


- FAÇA A MANUTENÇÃO CORRETA DA SUA EMBARCAÇÃO

- TENHA A BORDO O MATERIAL DE SALVATAGEM PRESCRITO PELA CAPITANIA

- RESPEITE A LOTAÇÃO DA EMBARCAÇÃO E TENHA A BORDO COLETES SALVA-VIDAS PARA TODOS OS TRIPULANTES

- MANTENHA OS EXTINTORES DE INCÊNDIO EM BOM ESTADO E DENTRO DA VALIDADE

- AO SAIR, INFORME O SEU PLANO DE NAVEGAÇÃO AO SEU IATE CLUBE, MARINA OU CONDOMÍNIO

- CONDUZA SUA EMBARCAÇÃO COM PRUDÊNCIA E EM VELOCIDADE COMPATÍVEL PARA EVITAR ACIDENTES

- SE BEBER, PASSE O TIMÃO PARA ALGUÉM HABILITADO

- MANTENHA A DISTÂNCIA DAS PRAIAS E DOS BANHISTAS

- RESPEITE A VIDA, SEJA SOLIDÁRIO, PRESTE SOCORRO

- NÃO POLUA O MAR



Fonte: https://www.dpc.mar.mil.br/esp_recreio/mandamentos.htm


OBS: Imagem extraída do acervo da Wikipédia em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Jetboot_Jetski_DM_2007_Krautsand_2.jpg

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Anúncio de vitória após uma angustiosa caminhada de dois meses

"Entrega o teu caminho ao SENHOR; confia nele, e ele o fará." (Salmos 37:5)

Incrível, mas eu demorei mais de um mês e meio (uns cinquenta dias) para mudar-me de vez do bairro Grajaú, na cidade do Rio de Janeiro, para Muriqui, 4º distrito do município de Mangaratiba. Só que devemos compreender e aceitar que as coisas ocorrem no tempo de Deus.

Foi no final de junho, após ter sido encontrado pelos bombeiros nas matas do Parque Nacional da Tijuca (ver artigo de 28/06), que eu e Núbia concordamos em nos mudar. Eu já gostava mais daqui do que do Rio por causa da tranquilidade, do espaço amplo da residência, do fato da habitação ser uma casa e não um apertamento, haver um quintal nos fundos para plantar, ter um jardim na frente, a proximidade de três quarteirões com a praia, uma maravilhosa vista com montanhas e ilhas cheias de verde, ar puro, dentre outros benefícios. Então, naqueles dias em que andei perdido pela floresta, já contando com a possibilidade de morrer por lá, refleti sobre qual rumo daria na vida caso ganhasse de Deus uma nova chance. E, quando fui resgatado, decidi viver da melhor maneira possível valorizando as bênçãos recebidas do Pai Celestial na breve existência que o homem tem sobre a Terra.

Em 01º/07, viemos todos para cá carregando apenas umas poucas coisas e a gata Sofia na sua gaiola. Fiquei por uns dias na nova residência e retornei sozinho para o Rio na data da independência dos EUA (04/07) afim de começar a arrumar as coisas, pagar as contas do mês e colocar o imóvel do Grajaú para alugar. E, quando foi na manhã de 07/07, resolvi passar o meu descanso sabático ao lado da esposa ao invés de permanecer sozinho lá no fim de semana.

Infelizmente, quando cheguei aquele dia na nova casa, tive surpresas desagradáveis. Núbia não estava bem. Passei o fim de tarde com ela no posto de saúde de Muriqui e fomos orientados pela médica de plantão para buscarmos tratamento pela rede de seu plano. Dessa vez não tinha mais jeito. Com reincidentes problemas, foi preciso internar minha esposa numa clínica com especialidade no seu problema.

Tive de interromper os preparativos da mudança naquela segunda semana de julho. Minha atenção ficou voltada para conseguir vaga de internação pelo plano de Núbia – o Unimed Rio Personal, cuja abrangência é propositalmente menor do que a do Alfa de modo que nem todos os médicos e estabelecimentos aceitam. Fomos na própria segunda-feira (09/07) pegar o encaminhamento para hospitalização com a sua médica Dra. Amália, na Tijuca, e dali seguimos até o posto de atendimento da operadora na Rua do Ouvidor, no Centro da Cidade Maravilhosa. Só que, ao chegarmos lá, a funcionária da Unimed confirmou não haver vagas, informação esta que eu já havia também levantado junto à única clínica especializada da rede credenciada. Por isso, teríamos que aguardar indefinidamente e eu ainda ficar preso em casa o tempo todo cuidando da esposa numa situação bem crítica.

Entretanto, não permaneci refém da situação. Abri logo uma reclamação junto ao SAC da Unimed em nome de Núbia, alegando ser uma obrigação da operadora, nestes casos, pagar até um outro hospital fora da sua rede de convênios afim de que o paciente não fique sem receber tratamento. Liguei quase que diariamente para a clínica e me dirigi junto com minha esposa à Defensoria Pública, no bairro vizinho de Vila Isabel, para processarmos o plano de saúde (mesmo eu sendo um advogado não me achava em condições de ir ao Fórum para distribuir uma ação e acompanhar o processo). Porém, a defensora não considerou suficientes os termos do encaminhamento assinado pela médica para que a Justiça concedesse a tutela antecipada visto que não estava explicitada a urgência de internação no documento. Aí tivemos que retornar ao consultório, pressionar a Dra. Amália e solicitar um novo papel, o que fizemos em 11/07.

Felizmente, não precisamos processar ninguém. A médica de Núbia já conhecia o dono da clínica especializada e ligou para ele falando em nossa frente pelo telefone. No dia seguinte (12/07), após eu ter entrado em contato mais uma vez com o hospital, retornaram-me ainda na manhã informando que já poderia trazer a minha mulher para lá. Foi um grande alívio sair daquela desagradável situação de incerteza.

Se por um lado tranquilizou-me o fato de Núbia ter obtido internação para tratamento, também entristeceu-me a ausência dela dormindo e acordando ao meu lado todos os dias. Passei a poder vê-la somente nas quatro oportunidades de visita por semana permitidas pela clínica e, ao mesmo tempo, fui preparando a nossa mudança para Mangaratiba. Todas as terças, quintas, sábados e domingos, eu fazia o cansativo percurso do Grajaú até Piedade, quase sempre dependendo dos precários serviços da viação Caprichosa nas linhas 638 e 639, cujos motoristas nem sempre gostam de parar para os passageiros nos pontos de ônibus ali na avenida Barão do Bom Retiro.

Uma das coisas que comecei a fazer naqueles dias foi restaurar a cozinha do apartamento no Rio cujo teto estava parcialmente preto por causa de uma panela de pressão que explodira quando minha avó paterna de 89 anos era viva e ainda morava ali no ano de 2011. A pintura foi feita no dia 19/07 estando eu com os pertences praticamente encaixotados para a mudança. E, em 20/07, vim junto com o caminhão fretado trazendo a bagulhada toda para a nova casa, tendo cometido a burrice de não levar o armário velho de dez portas naquela ocasião por querer economizar dinheiro. Quando os funcionários da transportadora terminaram de descarregar a mobília, retornei com eles para o Rio de Janeiro afim de continuar minhas tarefas trazendo comigo um colchonete para continuar dormindo no apartamento agora quase vazio.

Por indicação da síndica do prédio, procurei um advogado que já administrava duas unidades no condomínio e agendei uma visita dele. Ouvi atento as orientações do Dr. João sobre a importância de reformar todo o imóvel antes de alugar já que uma boa pintura com cores claras não só valorizaria a locação como também me pouparia problemas quando o inquilino viesse entregar as chaves no término do contrato. Liguei então rapidamente para o mesmo profissional que havia já emassado e pintado as paredes da cozinha e lhe pedi um orçamento.

Atualmente, os valores de mão-de-obra de um pedreiro ou pintor no Rio de Janeiro andam bem altos, algo em torno de uns R$ 180,00 ao dia. Seu Zezinho entregou-me o seu primeiro orçamento em mais de R$ 3.000,00. Chorei o preço e ele baixou para R$ 2.800,00 tudo (a mão-de-obra e o material) para por massa na área social do imóvel e pintar todos os cômodos. Precisei fazer um empréstimo consignado no ITAÚ de quase dois contos em nome de Núbia, aproveitando o fato de ela ser beneficiária do INSS por invalidez e conseguindo a compreensão da gerente de sua conta, a qual permitiu que eu levasse os papéis para ela assinar no hospital.

A obra iniciou-se no dia 01º/08 e terminou no dia 15 conforme previsto na contratação. Dormi todos aqueles dias no apartamento junto com a poeira e o cheiro de tinta. Também aproveitava as oportunidades de visita para não deixar de estar com a esposa. Pela manhã, eu tomava café com minha mãe em sua casa de vila no Grajaú (fica num quarteirão vizinho ao do apartamento) e quase sempre também almoçava lá. Vez ou outra, fazia refeições perto da clínica num restaurante simples bem ali perto onde o prato de comida custava-me R$ 7,99.

Os dias passaram, o apartamento ficou lindo e, após ter tratado novamente com o Dr. João, dei a ele uma procuração e assinei o contrato de administração do imóvel. Esvaziei as poucas coisas que ainda restavam no local (o tal armário eu acabei trazendo durante a obra na primeira quinzena do mês de agosto pagando salgados R$ 450,00 para transportá-lo e montar só a parte de baixo mais uns R$ 40,00 para outra pessoa colocar as cinco portas de cima). Precisei negociar uns pisos e azulejos numa loja de varejo a preço de banana afim de não ficar nada entulhando a área de serviço. Deixei umas roupas sujas e dois colchonetes em casa de minha mãe e vim para cá em 21/09. Cheguei em Muriqui de noite após ter visitado Núbia naquele mesmo dia na clínica.

Confesso que me sinto só muitas das vezes sem a companhia da esposa por aqui. Na manhã do dia 22/08, eu me encontrava um tanto deprimido enquanto caminhava pela praia. Mesmo olhando para as montanhas e as ilhas que compõem o cenário da bela baía de Sepetiba, quase não conseguia desfrutar com satisfação de todo aquele ambiente feito pelo Criador. E o sentimento triste ao menos serviu para inspirar-me na postagem anterior do blogue.

Graças a Deus, tenho conseguido reanimar-me. No último final de semana de agosto, trouxe Núbia de licença médica para estar com a família e retornei com ela para a clínica no domingo passando mal. Porém, tomei a decisão em procurar logo os meus irmãos em Cristo por aqui perto (tem uma igreja Batista bem em minha rua) e assim retomar o bom costume de congregar conforme orientam as Escrituras em Hebreus 10:25. Deixei de lado a vaidade de querer iniciar um ministério independente como se fosse dono da razão e sem ter antes a cobertura da Igreja, pelo que resolvi buscar a companhia de irmãos sem me prender a questões doutrinárias ou teológicas. Entendi ser mais valioso o acolhimento, o amor fraternal e a lição duramente ensinada com a experiência tida no Parque Nacional da Tijuca de que não devemos andar sozinhos pelas trilhas da vida.

Quando foi nesta última sexta do mês (31/08), Deus preparou-me uma ótima surpresa. Naquele dia, estando aflitamente preocupado com a minha vida financeira, cheguei a comentar com a sogra sobre a diferença que faria no orçamento doméstico se o apartamento do Rio fosse logo alugado. Pensei nos gastos do mês de setembro que viriam e senti-me angustiado com o fato de não ter dinheiro suficiente para pagar todas as contas a vencer. Tomei meu banho à tarde, agasalhei-me e, quando foi lá pelas 17 horas, resolvi sentar no sofá da sala e ler a Bíblia preparando o coração para a adoração no culto duas horas depois. Resolvi desligar-me dos problemas e me direcionar desde então para louvar o SENHOR. Aí, quando o relógio estava quase dando 18 horas, o telefone tocou. Era o Dr. João noticiando que tinha alugado o imóvel e que, a partir de outubro, o inquilino começaria a pagar o mês vencido.

Fiquei muito feliz com aquela ligação e, principalmente, por ter mais uma confirmação de que Deus nunca desampara os seus filhos deixando-os perecer sem nenhum propósito. Assim como fui milagrosamente ajudado em momentos passados, quando o dinheiro chegou no tempo certo em minhas mãos, eis que, desta vez, não foi diferente. O Eterno provou o seu amor, sua graça, provisão e fidelidade para comigo. E, por mais que eu ainda atravesse mares de luta, o Pai Celestial não me abandona, manifestando a sua bendita Presença nas coisas mais simples da vida. A Ele seja dada toda honra, glória, poder e louvor para sempre em nome de Jesus. Aleluia!


"Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé? Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? (Porque todas estas coisas os gentios procuram). De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal." (Mateus 6:25-34)