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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Os espinheiros que nós elegemos

"Certo dia as árvores saíram para ungir um rei para si. Disseram à oliveira: 'Seja o nosso rei!' A oliveira, porém, respondeu: 'Deveria eu renunciar ao meu azeite, com o qual se presta honra aos deuses e aos homens, para dominar sobre as árvores?' Então as árvores disseram à figueira: 'Venha ser o nosso rei!' A figueira, porém, respondeu: 'Deveria eu renunciar ao meu fruto saboroso e doce, para dominar sobre as árvores?' Depois as árvores disseram à videira: 'Venha ser o nosso rei!' A videira, porém, respondeu: 'Deveria eu renunciar ao meu vinho, que alegra os deuses e os homens, para ter domínio sobre as árvores?' Finalmente todas as árvores disseram ao espinheiro: 'Venha ser o nosso rei!' O espinheiro disse às árvores: 'Se querem realmente ungir-me rei sobre vocês, venham abrigar-se à minha sombra; do contrário, sairá fogo do espinheiro e consumirá os cedros do Líbano!'" (Juízes 9.8-15; NVI)


Se você acha que vou escrever um novo texto religioso por ter causa da transcrição acima, está muito enganado. Vou falar de POLÍTICA!

Embora a passagem acima citada esteja incluída na Bíblia, ela tem tudo a ver com uma situação de luta pelo poder que aconteceu na história do povo israelita, quando aquela nação, passivamente, havia permitido que um homem perverso chamado de Abimeleque reinasse sobre o país.

Muitas vezes reclamamos dos políticos que nos governam e legislam em nome da população brasileira. Contudo, consentimos que eles sejam eleitos e ainda re-eleito, o que me acaba sendo muito pior. E assim como o espinheiro mentiu prometendo sombra, mesmo sendo uma árvore baixa, caímos nas lábias desses mentirosos oportunistas, os quais oferecem coisas que jamais poderão ser concretizadas.

O pior de tudo é que o povo brasileiro vota nessa corja mesmo sabendo da impossibilidade de suas promessas. Aliás foi o que assisti em nível local, aqui em Nova Friburgo, no ano de 2008. Foi quando o então o candidato a prefeito, Dr. Heródoto Bento de Mello, eleito por 47% dos votos, propôs os mais mirabolantes projetos em nada condizentes com a realidade de uma cidade relativamente pobre como a nossa. Um deles, por exemplo, tratou-se de um moderno trem suspenso de alta velocidade que trafegaria sobre o rio principal da cidade. Só que a maioria do eleitorado não foi capaz de questionar sobre a necessidade de recursos no mínimo cinco vezes mais elevados do que a arrecadação anual do município para a construção do então denominado "Trem do Futuro".

Suponho que coisas semelhanças aconteçam também em outras cidades do país, sejam elas pequenas, médias e grandes. Até os anos 80, isto ainda era muito comum mas não podemos esquecer que, de tempos em tempos, o Zé Promessa reaparece porque a memória do eleitor é curta.

Mas por que elegemos sempre o espinheiro ao invés da oliveira, da figueira ou da videira? Será que os homens de bem não querem nada com a política?

Neste ano de 2010, vi uma mulher que me pareceu ser pessoa de bem candidatando-se à Presidência da República pelo Partido Verde. De Norte a Sul, ela percorreu o país e expunha suas propostas num curtíssimo tempo de televisão. Porém, infelizmente, o eleitorado brasileiro nem ao menos lhe deu a chance de disputar o segundo turno e ainda houve evangélicos que a difamaram injustamente, caindo nas lábias de um certo pastor-espinheiro.

Não sou contra que os cristãos verdadeiros (aqueles que de fato seguem a Cristo) coloquem seus nomes à disposição para disputarem cargos eletivos. Penso que, se for da vontade de Deus, a eleição de uma pessoa íntegra pode até cumprir um propósito bem significativo, pelo menos durante um período na história (infelizmente até á volta de Jesus as coisas só tendem a piorar). Todavia, o que não podemos fazer é sermos omissos a ponto de, praticamente, concordarmos com ascensão do espinheiro ao poder. Ainda mais se vivemos dentro de um regime democrático em que temos direito de votar e dar nossas opiniões.

Desejo que a população brasileira fique mais atenta contra a demagogia daqui para frente e que sejamos capazes de expulsar de nossas cidades, bem como do nosso país, todo político espinheiro.

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