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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Consolo divino


Nesta manhã de 09/12/2010, acordei triste. Havia sonhado com o meu falecido avô, como se ele ainda vivesse e estivéssemos indo viajar de trem.

Ao acordar, não permiti que aquela tristeza me dominasse. Ao invés de ficar deitado na cama recordando o sonho, decidi falar com Deus e fiz da minha rotineira oração matinal algo mais significativo do que das outras vezes.

Enquanto orava, fui confortado por uma profunda paz celestial que expulsou aquele sentimento de tristeza. Aí lembrei que tenho uma vida com propósito, pois Cristo me chamou para fazer a sua obra durante o tempo que o Eterno Criador me dá nesta terra.

Meu avô paterno foi uma pessoa de grande importância na minha existência. Durante o final da infância e parte da adolescência/juventude, fui criado por ele na cidade mineira de Juiz de Fora. Lá costumávamos sair juntos para passear algumas vezes no ano. Houve uma situação em que fizemos o breve trajeto de trem até a cidade vizinha de Matias Barbosa (logo que fui para Minas, nos meados da década de 80, ainda existia uma linha de transporte ferroviário de Juiz de Fora até Lima Duarte e, por volta das três da manhã, passava uma locomotiva vindo de Belo Horizonte em direção ao Rio de Janeiro levando passageiros).

Em 30/05/2010, Deus resolveu levar meu avô. Pouco antes de completar seus 88 anos, ele já se encontrava doente antes mesmo da virada do século e foi uma dolorosa e lenta despedida em que eu já não podia mais estabelecer uma conversa com ele como era antes. Nem sempre ele reconhecia as pessoas. Faltava-lhe a coerência de pensamento e a memória. No final, ele já se encontrava tão dependente que nem mais parecia aquele homem forte que conheci quando criança. Quando ia visitá-lo em Minas Gerais, ficava muito triste por não poder mais me comunicar e assim foram anos que de alguma maneira me ensinaram muito sobre a vida.

Acredito que, depois de uma semana de luto (existe tempo de choro), já não temos mais motivos para cultivar tristezas pelos que já foram. Pelo menos não para os que encontram em Jesus uma vida com propósito e uma esperança eterna.

Muitas vezes ignoramos qual o sentido da vida em Cristo. Aliás, acho até natural que, durante as horas do dia ou da noite, venhamos a nos esquecer do chamado feito por Jesus, pois, afinal, também somos feitos de carne e a nossa mente carnal é capaz de ser envolvida pelas mais diversas emoções a ponto destas chegarem a controlar o estado de humor, os sentimentos e até as escolhas.

Viver em Cristo neste mundo de aflições é um desafio e tanto. Contudo, em que pesem nossas falhas e imperfeições, não penso que se trate de uma caminhada impossível. Principalmente quando descansamos debaixo da graça de Deus, sabemos que somos aceitos pelo nosso Criador independentemente das coisas que pensamos ou conseguimos realizar. Aliás, todas as nossas obras diante Dele são nada.

Deus é puro amor! Ele não nos pede conta dos erros que cometemos quando resolvemos buscar refúgio debaixo da misericórdia do Onipotente e habitando no esconderijo do Altíssimo. Aos seus olhos, as culpas pelos fatos do passado são removidas e, uma vez abraçados pelo seu amor incondicional, somos inspirados pelo seu Espírito a amarmos também os nossos semelhantes, isto é, as pessoas que convivem conosco neste mundo.

O que podemos fazer pelos que já partiram? Nada! E, certamente, a situação de quem já foi nos braços de Jesus é bem melhor do que a nossa. Todavia, temos a cada novo dia uma nova oportunidade para fazer o bem pelos que ainda vivem aqui.

Se perdemos pais, mães ou avós, podemos amar pessoas que precisam de filhos. E, se um pai passa pela infelicidade de perder precocemente um descendente natural (meu falecido avô teve esta amarga experiência com a morte de papai em 1983), a cura para este grande sofrimento está na adoção espiritual de novos filhos e filhas. Aliás, quando Jesus estava na cruz, ele fez de seu discípulo amado um filho de sua mãe Maria:

“E junto à cruz estavam a mãe de Jesus, e a irmã dela, e Maria, mulher de Clopas, e Maria Madalena. Vendo Jesus sua mãe e junto a ela o discípulo amado, disse: Mulher, eis aí teu filho. Depois, disse ao discípulo: Eis ai tua mãe. Dessa hora em diante, o discípulo a tomou para casa.” (João 19.25-27; ARA)

Como é confortadora e ao mesmo tempo revolucionária essa passagem bíblica! Uma pena que o catolicismo tenha empobrecido o seu profundo significado ao utilizar esta citação para justificar a veneração que fazem à Maria.

É certo que todo crente em Jesus ganha novos ancestrais e passa a ser filho de Maria, bem como se torna filho de Sara, esposa de Abraão, e de tantas outras mulheres que foram valorosas personagens das narrativas bíblicas. Porém, o acontecimento relatado pelo Evangelho de João amplia de uma tal maneira as relações de parentesco que, em Cristo, passa a ser possível viver de um modo que encontramos no próximo um novo parente espiritual para amar, formando uma só família.

Meu prezado leitor, desejo que o conforto de Deus e o seu imenso amor possam fazer parte de sua vida. E que você tenha um final de semana abençoado!

5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Mano, valeu pela tua visita.
    Te respondo em breve
    Um abraço

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  3. Olá, Wagner!

    Seja bem vindo a este site! Participe sempre que desejar.

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  4. Olá querido RODRIGO,

    Retribuindo o carinho e a visita feita ao meu cantinho.

    Muito linda e profunda esta escrita.

    Ás vezes por um minuto, ou um momento, parece que as lembranças fazem questão de nos incomodar. E então nos lembramos de um fato triste, ou acabamos nos lembrando daquela pessoa que se foi e nunca mais voltará. E isto acaba por nos tirar a paz.

    Mas precisamos, através do exemplo de Cristo, re-editar nossos pensamentos e lembranças, já que não podemos deletá-los. E nesta re-edição, trabalhar o que nos incomoda, e entregar estas afições na mão do Senhor.

    Também, não podemos ficar remoendo por algo que se foi ou que aconteceu, pois isto são fatos pertencentes à vida (os acontecimentos)..mas precisamos, enfim, saber fazer de todos os acontecimentos um alicerce para nossos novos caminhos, e sejam eles ruins ou bons.

    Para tudo o que nos acontece, tem um propósito.

    O que nos importa, é que precisamos fazer do triste o alegre, da perda um ganho...e da vida, um sonho lindo de se viver.

    Beijos. E muita paz.

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  5. Olá, PAULA!

    Muito obrigado pela sua participação, a qual é muito enriquecedora.

    Fazem quase cinco anos e seis meses que vovô se foi. Mas sei que esta perda me trouxe ganhos.

    Meu velho não me deixou muitos bens materiais, mas foi alguém que muito contribuiu para a minha vida e hoje posso dizer que ele foi um grande homem.

    Já que realmente não podemos delettar as lembranças, como bem ensina o Augusto Cury, creio que Deus nos impôs mais este limite para o nosso bem e, certamente, há um propósito Dele para a humanidade, pois me parece que esta re-edição da memória é ingrediente necessário para o nosso crescimento, dando-nos sabedoria para lidar com o tempo na edificação do nosso futuro.

    Bendito seja o nosso Deus!

    Contribua sempre que desejar, minha irmã!

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