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quarta-feira, 21 de abril de 2010

Conflitos de família: afinal com quem está a razão?

Umas das questões mais dramáticas que mais afligem o cotidiano das pessoas são os conflitos de família. Muitos dos lares brasileiros são verdadeiros barris de pólvora, nos quais se encontram brigas entre irmãos, cônjuges, cunhados, pais e filhos, além dos genros e noras versus sogros. E, infelizmente, sabemos que muitos desfechos dessas contendas terminam muito mal, com inúmeras expressões de descontrole emocionais, pessoas deixando de se falar, filhos menores que têm suas mentes envenenadas contra um dos pais, bem como os intermináveis processos na Justiça.

Nos casamentos desfeitos, percebo que, mesmo após a separação, um não consegue esquecer definitivamente o outro, o que muitas vezes se explica pela avalanche de processos judiciais e que acaba afetando o bem estar dos filhos. Depois de se resolver juridicamente a dissolução da sociedade e do vínculo conjugal (se bem que o homem não pode separar o que Deus uniu), surgem novas demandas como um pedido de reajuste da pensão, a disputa pela guarda da criança, a revisão das cláusulas de visitação dos filhos e os infindáveis registros de reclamações na Delegacia de Polícia que, quase sempre, são encaminhados para o Juizado Especial. E, no caso de brigas entre irmãos, o inventário vem a ser o palco onde muitas relações cortadas são restabelecidas através da guerra e do sentimento pela morte do genitor em que o processo passa a ser o meio através do qual as emoções são inadequadamente despejadas.

Como advogado, tenho me recusado a alimentar picuinhas e brigas de família. Contudo, não poucas vezes, sou solicitado pelo pastor e por frequentadores de minha igreja para prestar orientações jurídicas envolvendo conflitos na família. Mas, como o Direito de Família não a minha praia, limito a prestação de meus serviços profissionais ao aconselhamento, abordando também o aspecto espiritual da demanda.

Por outro lado, não se pode esquecer que as maiores injustiças e danos à personalidade do indivíduo ocorrem no meio familiar, em que os conflitos tornam-se sem uma solução jurídica, demonstrando o fracasso das instituições estatais em pacificar conflitos dessa natureza. E há situações em que até mesmo a Igreja fracassa já que somos incapazes de mudar o outro, sendo que cada qual pode apenas mudar a si próprio.

O filme “Prova de Fogo” fala sobre a emocionante história de Caleb, um dedicado bombeiro que estava prestes a separar-se de sua esposa Catherine. Sem ter mais esperanças, Caleb aceita o desafio proposto por seu pai para tentar salvar o casamento, tendo que por em prática, durante 40 dias, determinados ensinamentos. E, no decorrer do desafio, Caleb vai mudando o seu caráter e a sua personalidade, conseguindo, finalmente, restabelecer o seu relacionamento com Catherine.

Posso dizer que umas das questões que mais me chamou a atenção neste filme foi o reconhecimento do personagem a respeito de si mesmo. Pois, para reconquistar Catherine, Caleb precisou aprender que não deveria ter como justificativa do fracasso as falhas da esposa, tendo como maior desafio ele mesmo.

Penso em quantos relacionamentos dentro dos lares poderiam ser recuperados apenas a partir do propósito de um dos entes da família em reavaliar o seu comportamento. Se muitos casais ao menos assistissem um filme como “Prova de Fogo” ou procurassem uma ajuda de grupo a exemplo do Ministério dos Casados Para Sempre, creio que muitas separações indesejáveis poderiam ser evitadas.

Mas por que é tão difícil oferecer a outra face? Qual a razão de preferimos ser governados pelo orgulho? Até quando nos custará deixar que o outro leve o vestido e ainda assim sermos capazes de entregar a capa?

Há um provérbio árabe de grande sabedoria, encontrado no verso 34 da Sura 41 do Alcorão, o qual ensina que: “A boa ação e a má ação não são iguais. Repele o mal da melhor maneira, e verás aquele que era teu inimigo agir como se fosse teu amigo leal”.

Ainda que seja admissível uma pessoa justa e íntegra sofrer perseguições gratuitas por parte de alguém, jamais podemos deixar de considerar a possibilidade de que é o nosso próprio comportamento que muitas das vezes está atraindo a adversidade. Então, por que não nos reavaliarmos?

2 comentários:

  1. boa noite,venho por meio do blog(antes exaltando a inteligência e naturalidade na qual os post´s vem sendo descrito)fazer-lhe uma pergunta ;meio que desabafo.tive um relacionamento com uma pessoa durante quase 10 anos,no entanto fomos progenitores de 2 filhos um com 7 anos hoje e outra de 4 anos,a mãe deixou o meu filho comigo a quase 3 anos,tenho uma outra familia e cuido com muito amor dando-lhe toda a educação moral,psicologica e financeira,a mãe agora quer entregar a guarda a da minha filha a avó materna ,alegando que ela quem cuidou durante toda a vida ,embora eu nunca tenha me destanciado da minha filha na qual passa os finais de semana comigo,quando disse que não aceitaria e que queria a guarda da minha filha,ela pra não me pagar pensão(coisa que nem quero),ela agora quer meu filho de volta.o que faço?obrigado
    email: jason_storck@hotmail.com

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  2. Olá, Jason. Tudo bem? Embora eu não seja atuante na área de Direito de Família, vou dar algumas opiniões que talvez lhe ajudem. Primeiro, a maioria das questões de Direito de Família não se resolvem pela aplicação objetiva de uma lei, pois sempre é visto caso a caso e focando no interesse da criança. Acho que os pais, antes de tomarem qualquer decisão, precisam sempre refletir sobre o que vai ser melhor para o seu filho, certo? Sendo assim, vamos pensar ans seguintes questões: 1) É bom para uma criança ficar mudando de guarda e de endereço? 2) É bom para uma criança ficar separada de seu irmão? 3) É bom para ela ser criada pela avó quando um dos pais tem condições de cuidar? 4) Claro que toda regra tem exceção, mas não é melhor pra criança ficar na companhia da mãe do que com o pai? Tudo isso são coisas para serem bem refletidas por todos os que querem o bem da criança, sendo que nunca podemos afirmar sem conhecer umc aso concreto que a solução vá ser desta ou daquela maneira. Se toda a família se reúne e procura a ajuda de um psicólogo infantil ou e qualquer profissional neutro que entenda de criança para pedir um aconselhamento, acredito que brigas judiciais poderiam ser evitadas. Entrar na Justiça acaba sendo um ônus, isto é, um segundo problema, o que só é aconselhável quando não há outro jeito. Enfim, procure conversar com a mãe da sua filha a respeito e, caso não consigam chegar a um entendimento, não se envergonhem de procurar a ajuda de um profissional que entenda de crianças e que poderá lhes ajudar a decidir. Um abraço.

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